Portugal deve apostar na construção de veículos elétricos, apela Zero
O presidente da agência ambiental aponta que os investimentos públicos devem ser usados para “moldar a futura indústria automóvel na Europa e construir um sistema de transporte com zero emissões”.
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Auto Ambiente
Os carros elétricos estão a tornar-se cada vez mais apetecíveis para os consumidores. Prova disso é o facto de, no primeiro trimestre de 2020, terem sido vendidos um total de 4,777 carros elétricos, dos quais 2,676 são 100% elétricos. O volume diz respeito a um aumento de 57% face ao mesmo período de 2019, parte de uma tendência positiva que pode ter sido impactada pela pandemia do Covid-19.
Os números são de um estudo levado a cabo pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente e partilhados com o Notícias ao Minuto pelo presidente da ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável, Francisco Ferreira.
No estudo são delineados os investimentos feitos pelas fabricantes de automóveis na sua ‘eletrificação’ que, de forma a cumprirem com as metas europeias de emissões de dióxido de carbono, ascenderam a 60 mil milhões de euros em 2019. Trata-se de um valor 3,5 vezes superior ao investido pela China no mesmo período, o qual se justifica com a necessidade de atingir as metas europeias para as emissões de dióxido de carbono.
Apesar de uma queda de 25,6% na venda de automóveis no primeiro trimestre de 2020 em toda a Europa, o sector dos carros elétricos parece estar de boa saúde e verificaram-se vendas recorde. É um sinal animador mas que, no caso português, ficará por isso mesmo caso não sejam tomadas medidas adicionais.
“A produção de veículos elétricos provavelmente sofrerá menos do que os veículos convencionais, já que a maioria dos construtores planeou um aumento na produção de veículos elétricos para a segunda metade de 2020, com muitos novos modelos de veículos elétricos a entrar em produção somente após julho”, aponta Francisco Ferreira.
Em Portugal, a maioria dos carros elétricos são vendidos pelo canal empresarial e esta promete continuar a ser a forma predominante de aquisição de um veículo desta categoria. No que diz respeito à economia, a associação ambiental indica que o governo deve “considerar como indispensável que o emprego no nosso país neste setor esteja associado a um forte compromisso em termos de sustentabilidade”.
Entre as medidas sugeridas, a ZERO considera que o governo deve “apoiar o abate de veículos em fim-de-vida com mais de 15 anos no caso de serem adquiridos automóveis 100% elétricos”, prestar “suporte a indivíduos e empresas para instalarem a infraestrutura de carregamento”, não limitar os incentivos à compra de veículos ligeiros, colocar de parte qualquer revisão às metas de emissões de dióxido de carbono para 2020/2021 e apelar junto da Comissão Europeia para que se revejam as “normas de CO2 previstas para os automóveis para 2030”.
“Não desperdicemos a oportunidade de usar investimentos públicos para avançar e moldar a futura indústria automóvel na Europa e construir um sistema de transporte com zero emissões, em vez de apoiar o cenário comercial anterior que é um modelo obsoleto e que aposta em ativos que em breve serão considerados perdidos”, apela Francisco Ferreira.
[Notícia atualizada]
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