A ronda seis do GT World Challenge Europe é já este fim de semana, e é uma das provas mais míticas do automobilismo: as 24 horas de Spa-Francorchamps. 

Pela primeira vez, Henrique Chaves vai estar presente nesta prova, e o Desporto ao Minuto quis saber todas as sensações do jovem piloto português antes da sua primeira corrida de 24 horas.

Henrique Chaves terá a companhia de Miguel Ramos, Leo Matchisky e Sandy Mitchell, e o objetivo, como nos disse em exclusivo, é tentar vencer a corrida, sempre de ouvido atento ao que a sua equipa, a Barwell Motorsport, tem para lhe dizer.

As 24 horas de Spa serviram também para fazer um balanço da época de estreia de Henrique Chaves no GT World Challenge e das impressões que tem tido do carro novo que tem à disposição. Apesar de um começo "ok", como o próprio revelou, o piloto natural de Torres Vedras acredita no melhor resultado no final da temporada na classe Pro-Am, tanto na Sprint Cup, como na Endurance Cup.

Uma coisa é uma corrida de sprint, onde, se tivermos uma oportunidade, temos de a aproveitar e mandar o carro lá para dentro. Em Spa, não será assim porque não podemos arriscar um toque que danifique o carroPrimeiro que tudo, como foram as impressões de um campeonato em que tudo era praticamente novo para ti?

Se este campeonato de GT’s não for o mais competitivo, é um dos mais. Não foi uma surpresa para mim, que já sabia do nível do campeonato, mas de facto esperava adaptar-me ligeiramente mais depressa. Obviamente, num carro novo, numa equipa nova, se calhar estava a ser um bocado ambicioso, mas a verdade é que chego à quinta corrida que estou mais ambientado ao GT World Challenge Europe, à minha equipa e ao próprio carro. Esta é uma curva que estará sempre a subir.

O facto de já teres corrido com o Miguel Ramos no ano passado ajudou a que esta temporada a adaptação, enquanto equipa, a um carro novo fosse mais fácil?

Sem dúvida! O Miguel já anda nisto há tantos anos, tem muita experiência, conhece muitas pessoas e até foi ele que conseguiu levar-nos para esta equipa [Barwell Motorsport]. A experiência dele facilitou a que a minha adaptação fosse mais rápida, certamente.

E falando no Lamborghini Huracán GT3 Evo. Estás contente com a máquina que tens à disposição?

O Lamborghini é um carro complicado de conduzir e a janela de perfeição é muito pequena. Mantermo-nos lá é muito complicado durante um turno inteiro de condução. Claro que, quanto mais experiência tiver, mais quilómetros fizer, melhor me consigo manter nessa janela perfeita de condução. Ainda não tive oportunidade de fazer qualificação, mas apesar da dificuldade, gosto bastante de o conduzir. É um grande desafio.

O Lamborghini Huracán GT3 Evo conduzido pelo português no GT World Challenge© GT World Challenge Europe  

Já venceram, já foram a vários pódios, já tiveram também alguns percalços. Como classificas a temporada até aqui, antes de uma das mais míticas corridas do calendário?

Em termos de equipa, começámos muito bem. Sabíamos que não tínhamos ritmo na primeira corrida, eu não conhecia bem o carro, nunca tinha feito corridas de Resistência, portanto o terceiro lugar a abrir o campeonato foi fantástico, até pelas condições de corrida, com chuva. Mandaram-me para a pista com chuva e eu nem sabia o que esperar. Vi que o carro era muito bom em pista molhada e tinha o setup certo para aquelas condições. Foi um resultado muito bom e que me motivou imenso. As outras quatro corridas foram um pouco diferentes. As de sprint correram bem e mal ao mesmo tempo. Em Magny-Cours, não estávamos no ponto ideal e conseguimos ter uma estratégia que nos levou à vitória. Obtivemos ali um ‘boost’ de motivação bom. Em Paul Ricar,d podíamos ter tido um bom resultado, mas o nosso colega deu um toque e acabou com as nossas hipóteses de terminar a corrida. É mesmo assim, temos de aceitar. Em Zandvoort, a pole position foi fantástica. Já conhecíamos a pista e a equipa deu-nos um carro muito competitivo. Por fim, nesta última corrida, em Misano, conseguimos um duplo pódio, o primeiro da temporada. Nestas primeiras cinco corridas não dou um balanço positivo, mas dou um balanço ‘ok’, se assim se pode dizer.

A próxima prova é em Spa-Francorchamps e serão 24 horas. Quais as tuas expectativas e da equipa para esta mítica corrida?

A nossa equipa já ganhou a corrida várias vezes, e esta será a minha estreia numa corrida de 24 horas. Vai ser um grande evento e temos tudo para fazer um bom resultado. O Leo Machitski vai juntar-se a nós, tal como o Sandy Mitchell, o piloto da Lamborghini. Temos uma boa formação, equilibrada e rápida, mas acho que, numa corrida de 24 horas, conta mais a inteligência e a cabeça. Quero ganhar, mas, se tiver de arriscar, só o farei nas últimas horas.

Se me perguntassem se queria ganhar as 24 horas de Spa ou o campeonato, honestamente nem tinha uma resposta para dar

Enquanto piloto vais ter de encarar uma prova de forma diferente pela primeira vez…

Uma coisa é uma corrida de sprint, onde, se tivermos uma oportunidade, temos de a aproveitar e mandar o carro lá para dentro. Em Spa, não será assim porque não podemos arriscar um toque que danifique o carro. Às cinco horas de corrida, temos de nos lembrar que ainda faltam 19. No entanto, também não podemos ser ‘anjinhos’ e desaproveitar oportunidades. Vai haver trânsito nesta corrida e temos de o utilizar. É preciso ser inteligente e estar em constante comunicação com a equipa durante a corrida. Depois temos de contar com a chuva, porque em Spa e em 24 horas, a probabilidade de chuva é quase de 100%. Tenho de confiar na equipa, que tem muita experiência.

Estamos a meio do campeonato e vocês estão bem classificados na Sprint Cup. Já pensam neste título?

Quero ganhar a Sprint Cup e estou confiante de que o podemos fazer. Temos tido alguns azares e, agora, vêm mais duas corridas pela frente, uma delas em Brands-Hatch, onde nunca corri. Contudo, a equipa vai ajudar-me a adaptar-me o mais rapidamente àquele circuito. Estamos a três pontos dos líderes, mas acho que temos tudo para ganhar. Em relação à Endurance Cup, é uma tarefa mais complicada, mas as 24 horas de Spa podem mudar tudo na classificação. Estão 50 pontos em disputa e nós nem estamos a 50 pontos da liderança. Podemos sair de Spa em primeiro… Terminar a corrida é importantíssimo.

Por fim, olhando para o que resta do calendário. Faltam corridas em Spa, Brands Hatch, Nurburgring, Valência e Barcelona. São circuitos que te deixam confiante para a 2.ª metade da época?

O único circuito que não conheço mesmo é Brands-Hatch. Apenas corri lá em simulador. Em Valência, não corri, mas já testei, e depois, em Nurburgring e em Barcelona, são circuitos que conheço bem e não me preocupam nada. Mas, para já, na minha cabeça só estão mesmo as 24 horas de Spa. Penso muito corrida a corrida, mas claro que estou um pouco ansioso para saber se serei competitivo em Brands-Hatch, até porque esta campeonato não nos dá muito tempo de treino. Estou focado na próxima prova. Tenho 24 anos, tenho muito pela frente, mas, se me perguntassem se queria ganhar as 24 horas de Spa ou o campeonato, honestamente, nem tinha uma resposta para dar. Vencer as 24 horas seria espetacular, mas ser campeão também.

Na dúvida, o melhor é conseguir as duas coisas…

Isso então era ouro sobre azul (risos).

© GT World Challenge Europe  

Horários 24 horas de Spa-Francorchamps

Quinta-feira

09h50 - Treinos-Livres 1 
14h45 -Pré-Qualificação  
19h50 - Qualificação
21h30 - Treinos-Livres 2

Sexta-feira

18h10 - Warm-Up
18h50 - Super-Pole

Sábado

15h30 - Corrida

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