A Volvo entrou numa nova era com o lançamento do EX90, o SUV que classificou como o carro "mais seguro de sempre" feito pela marca. Este é o início do caminho até à eletrificação total, que se espera cumprir até 2030.

Um objetivo ambicioso reforçado por Domingos Silva, diretor comercial da Volvo Portugal, que em entrevista ao Auto ao Minuto revelou que será lançado um novo 100% elétrico a cada ano até a gama da marca sueca estar totalmente eletrificada.

Além disto, o responsável da Volvo revelou-nos ainda que a fabricante tem como objetivo tornar as suas fábricas totalmente neutras em carbono dentro de... três anos. Domingos Silva falou-nos ainda sobre o mais recente elétrico lançado pela Volvo, o EX90, tendo destacado alguns dos seus pontos fortes.

Hoje em dia, talvez a maior preocupação do sector esteja relacionada com os prazos de entrega elevados

Revelado o Volvo EX90, o início de uma nova era, como o próprio CEO referiu, começou. O que traz, em pontos sucintos, este SUV como grande novidade aos clientes?

Este é, sem dúvida, um modelo fundamental para a Volvo Cars que define um rumo decisivo para um futuro totalmente elétrico, o nosso já a partir de 2030.  O novo Volvo EX90 é um elegante SUV familiar (7 lugares) capaz de percorrer 600kms em autonomia elétrica - a maior autonomia de sempre na Volvo e uma das maiores do mercado. Irá estrear tecnologias de segurança inovadoras e apresenta as taxas mais elevadas de sempre para a marca na utilização de materiais reciclados. Acreditamos estar, com este automóvel, no caminho certo. Tudo para que os nossos clientes se sintam confortáveis, em segurança e de consciência tranquila.

Os carros utilizam cada vez mais tecnologia. Sendo que a aposta da Volvo na segurança já vem desde há anos, esta evolução tecnológica pode ser uma ferramenta útil para a marca se destacar ainda mais?

Todos sabem que a Volvo é desde sempre uma referência no capítulo da segurança automóvel. O novo Volvo EX90 será o nosso modelo mais seguro de sempre, um modelo que nos irá permitir apurar não só tecnologia já existente como estrear algumas importantes inovações, destaco três:

1. O Radar Lidar, em estreia absoluta num Volvo - um método de deteção remoto com alta precisão e fiabilidade capaz de detetar objetos até 250 metros de distância independentemente da luminosidade. Pode reduzir os acidentes graves até 20%, e proporcionar uma prevenção global até 9%; 

2. DUS - Driver Understanding System - Estreia de um sistema composto por uma série de câmaras e sensores que será capaz de avaliar o estado do condutor e intervir sempre que este necessitar de ajuda; 

3. O Sistema interior para identificar vida a bordo - capaz de identificar e alertar em caso de existência de vida a bordo (bebés, crianças ou animais de estimação) que ajudará a evitar danos ou mesmo perda de vida por hipotermia ou golpe de calor em dentro do automóvel estacionado.

 
Os preços do mercado automóvel, atualmente, são um dos temas fraturantes do setor. Cada vez mais caros, as famílias vêm-se com dificuldades em adquirir automóveis novos. A eletrificação veio aumentar os custos de produção, o que não ajuda neste sentido. Esta é uma preocupação que vos assiste?

Creio que, hoje em dia, talvez a maior preocupação do sector esteja relacionada com os prazos de entrega elevados. É uma questão transversal que atinge a generalidade das marcas e que nós, na Volvo, temos vindo a tentar reduzir. O aumento da inflação é algo que está a atingir todos os setores económicos e que também afeta o nosso. No entanto, a procura pelos nossos automóveis mantém-se, felizmente, bastante elevada.

Embora o EX90 ainda não tenha chegado às mãos dos clientes, a Volvo terá já certamente novos produtos em desenvolvimento. O que podemos esperar num futuro a curto-médio prazo?

Fomos a primeira marca automóvel tradicional a assumir um compromisso total com a eletrificação tendo colocado 2030, como o ano a partir do qual só iremos comercializar modelos 100% elétricos. Iremos apresentar um novo 100% elétrico por ano até termos a nossa gama completamente eletrificada.

Ao nível das atividades produtivas pretendemos que elas sejam ambientalmente neutras já em 2025

Com SUV, carrinhas e sedans atualmente na gama, podemos esperar algum veículo no segmento B (utilitários) da Volvo?

A gama atual da Volvo é muito completa e fomos pioneiros em muitos dos segmentos que referiu. Estamos atentos às preferências dos clientes e iremos apresentar muitas e interessantes novidades a breve trecho. 

A Volvo quer vender apenas 100% elétricos a partir de 2030. Isto indica que a partir desta data só existirão modelos Volvo com zero emissões, mas o mesmo acontecerá com a produção dos vários veículos? Será também livre de emissões a produção em 2030?

A eletrificação total da gama é um dos pontos chave do nosso plano ambiental, um dos mais ambiciosos da indústria automóvel. Pretendemos comercializar apenas modelos 100% elétricos e, em 2040, ser uma empresa com impacto climático neutro. Ao nível das atividades produtivas somos ainda mais ambiciosos pois pretendemos que elas sejam ambientalmente neutras já em 2025. Temos atualmente já algumas fábricas a cumprir esse objetivo. 

Portugal tem um parque automóvel que em média é composto por carros entre os 13 e os 14 anos. Acredita que a transição para os veículos totalmente elétricos será mais lenta do que no resto da Europa?

Pelo contrário. É verdade que, em termos médios, temos um parque envelhecido mas por outro lado o nosso cliente tem apetência para a mudança para a eletrificação que no caso português até é suportada por uma infraestrutura de carregamento superior à media europeia (Portugal é o 4.º país da Europa com mais carregadores por cada 100 quilómetros). A mudança para a eletrificação já é uma realidade. No caso da Volvo, as nossas vendas nacionais já têm uma taxa de penetração de automóveis eletrificados na ordem dos 80%, uma das melhores taxas da marca na região EMEA. No entanto, esta transição está ainda bastante dependente da fiscalidade do nosso país e da sua evolução nos próximos anos. Acreditamos que será necessário manter e sobretudo aumentar, os incentivos ligados à aquisição de unidades pelos particulares e/ou pelas empresas e investir ainda mais em infraestruturas de carregamento.

Domingos Silva, diretor comercial da Volvo Portugal © Volvo