Numa fase vital para a indústria automóvel da Europa, a União Europeia anunciou na semana passada um plano de ação para salvar o setor. O diretor-executivo da Valeo, Christophe Perillat, acredita que são necessárias medidas urgentes, em particular ao nível dos componentes.
Aquele é um dos maiores fornecedores de componentes para automóveis e, citado no Inside EVs, lançou um alerta para o futuro: "Quando uma indústria acabou, acabou, não regressa".
No LinkedIn, o dirigente sublinhou que há "três principais desafios" nesta "encruzilhada" em que a indústria automóvel europeia se encontra - a transformação tecnológica, os menores volumes de produção na Europa e a concorrência chinesa.
Conteúdo europeu mínimo
O francês observou que há uma perda de competitividade de 25 por cento face à China, que produz 33 por cento dos carros de todo o mundo. E sublinhou que defende "fortemente a introdução de um conteúdo europeu mínimo para carros vendidos na UE para proteger a concorrência justa".
Este é, de facto, um dos pontos do recentemente apresentado Plano de Ação da União Europeia para a indústria automóvel, prevendo requisitos mínimos de conteúdo local.
Para Christophe Perillat, não podem existir recuos para descarbonizar a mobilidade, mas sugeriu uma abordagem em linha com a da China "onde o cliente final escolhe a forma de eletrificação que melhor se adequa às necessidades". Assim, apoia a continuação dos híbridos plug-in e de mecanismos de extensão de autonomia para além de 2035 - ano para o qual é apontado o fim dos novos veículos a combustão.
Por outro lado, recordou que nem todos os clientes querem automóveis totalmente elétricos, quando se regista uma quebra acentuada das vendas de automóveis na Europa desde 2019: "Este declínio não é inevitável, desde que a nossa indústria reage. Que ofereçamos as tecnologias certas que correspondem às necessidades dos utilizadores", vincou.
Sinais de otimismo
No meio dos desafios, Christophe Perilatt mostrou-se confiante na indústria automóvel europeia, que considera ser "forte", e acredita "que a Europa irá manter-se na linha da frente da tecnologia dos veículos do futuro".
Já depois da reunião da semana passada entre o setor automóvel e a Comissão Europeia - onde esteve a presidente Ursula von der Leyen - o líder da Valeo falou do "consenso crescente" entre todas as partes envolvidas sobre o "conteúdo europeu mínimo".
Também saiu do encontro com a confiança nas capacidades das autoridades europeias "para tomarem as decisões necessárias de modo a garantir a competitividade a longo termo da indústria automóvel europeia".
E insistiu nos requisitos de conteúdo europeu mínimo: "Este mecanismo ajudaria a proteger a concorrência justa na Europa e a reforçar a soberania europeia, algo que defendemos há vários meses, e que está a ganhar cada vez mais consenso entre os protagonistas europeus".
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