Cooperativa Coopérnico quer ajudar famílias a sair da pobreza energética
A Coopérnico, cooperativa portuguesa de energias renováveis, quer aplicar fundos comunitários na formação de "mentores de energia" que ajudem as pessoas e comunidades a sair de uma situação de pobreza energética e criar gabinetes permanentes para o efeito.
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O programa europeu PowerPoor pretende tirar da pobreza energética mais de 22 mil famílias europeias até 2023 e em Portugal, onde esta situação atinge quase 20% da população portuguesa (ou cerca de dois milhões de pessoas), o acesso deficitário a um serviço energético atinge 27% dos agregados familiares, aos quais a Coopérnico pretende chegar.
"Estamos à procura de parceiros e entidades que queiram fazer parte de uma rede que tem por objetivo identificar famílias que estejam em pobreza energética ou vulnerabilidade energética", disse à Lusa Rita Antunes, da cooperativa portuguesa de energias renováveis, adiantando que existem já contactos com juntas de freguesia, autarquias e instituições particulares de solidariedade social (IPSS).
Para aplicar estes fundos comunitários, que globalmente são de dois milhões de euros a distribuir por 14 entidades, entre as quais a cooperativa portuguesa, a ideia da Coopérnico passa por formar pessoas, chamadas de mentores de energia, que "vão ajudar as famílias a identificar quais são as suas carências" e sugerir como podem procurar apoio para melhorar as condições da sua casa, reduzindo o consumo de energia e/ou aumentando o conforto térmico.
"Queremos deixar uma semente e a ideia era conseguir formar e construir gabinetes locais de pobreza energética, onde as famílias se possam dirigir e serem aconselhadas da forma como podem melhorar as condições de conforto térmico dentro de sua casa", disse Rita Antunes.
Os grandes objetivos passam por capacitar os cidadãos para a importância da climatização das habitações e desenvolver programas de combate à pobreza energética, o que na prática se traduz por ajudar a ler faturas de eletricidade para tomar melhores decisões, apoiar decisões de melhorias energéticas nas habitações, orientando, por exemplo, as famílias na procura de apoios e financiamentos disponíveis para substituir ou melhorar telhados, isolamentos ou janelas.
As mudanças podem também ter uma dimensão comunitária, apoiando "grupos de cidadãos que queiram criar a sua comunidade de energia renovável e diminuir a sua fatura de energia ao final do mês".
"Pode ser um condomínio ou um bairro, que se junta para produzir toda a sua energia ou parte dela", disse Rita Antunes, frisando que se pretende também dar a conhecer formas inovadoras de combate à pobreza energética.
A Coopérnico pretende começar a formar os primeiros mentores de energia já no próximo mês.