Eficiência dos edifícios na utilização da água pode valer poupança de 20%
Além da eficiência energética nos edifícios é, igualmente, importante ter uma noção dos consumos de água. De acordo com a ADENE, os edifícios mais eficientes no uso deste bem essencial podem significar menos 20% na fatura energética.
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De acordo com dados da ADENE, perto de 60% dos empreendimentos em Lisboa apresenta um baixo desempenho, segundo as atuais classes energéticas, sendo que a classe D é a mais utilizada (34,2%). Mas de que forma poderão os edifícios ser reabilitados e tornados mais eficientes?
"Reduzindo as necessidades de energias e otimizando o investimento", refere Nuno Batista, coordenador de Certificação Energética dos Edifícios ADENE, enquanto falava durante o webinar: O Valor da Sustentabilidade na Habitação.
Para o coordenador, no caso de se conseguir reduzir as necessidades de energia, adotando respostas mais sustentáveis, como adquirir equipamentos de climatização ou sistemas térmicos em casa, poderá ser possível conseguir atingir o elevado desempenho em 50% dos edifícios.
Note que o certificado energético é visto como o primeiro passo para obter conforto e benefícios económicos na habitação, segundo a ADENE. Nesse sentido, surge um novo instrumento para a promoção da eficiência hídrica nos edifícios, "uma outra iniciativa da ADENE", o AQUA +. Em causa, estão os consumos de água como parte importante no que toca à eficiência energética nos edifícios.
O AQUA+ é um sistema de avaliação e classificação dos edifícios, tal como os certificados energéticos, com base nas infraestruturas, dispositivos e equipamentos de uso de água. A classificação AQUA+ determina e comunica, numa escala de F (menos eficiente) a A+ (mais eficiente), o desempenho hídrico de imóveis. Ainda assim, não está prevista a sua obrigatoriedade.
"Está apenas como um sistema voluntário, para conhecer outra variável das características dos edifícios", sustenta o coordenador de Certificação Energética dos Edifícios ADENE. "Nos tempos mais próximos não se prevê (a sua obrigatoriedade), mas ao nível das redes prediais, será natural uma certa exigência", sustenta. Ainda assim, por enquanto, "não se prevê em termos da classificação."
Este sistema permite ainda valorizar as soluções mais eficientes e identificar oportunidades de melhoria, orientando e promovendo as melhores práticas, ainda que esteja apenas a atuar no setor doméstico. "De momento estamos apenas a utilizar este sistema nas habitações, em modo piloto, mas em breve passará para hotéis, comércio e serviços", afirma Nuno Batista.
Se o certificado AQUA+ será válido para reservatórios dos imoveis dentro de uma propriedade horizontal, Nuno Batista responde que "considerando que é um sistema de avaliação casa a casa, acaso existam utilização comum (reservatório comum), fará parte da sua avaliação." Admite mesmo que, nesse caso, "será avaliado, na certificação do AQUA+."
Recorde-se que a entrada em vigor das novas regras da certificação energética está prevista para julho. Quando questionado se implicarão alterações ao setor imobiliário, Nuno Batista refere que "não há uma mudança radical." Mas, caso exista alguma "não será sentida, face ao que temos", sustenta.
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