Europa: Setor residencial volta a estar na 'mira' dos investidores
Depois de durante décadas, as oportunidades de investimento terem estado limitadas, em alguns países, o mercado de imóveis destinados à habitação tem ganho força, dada à alta procura por parte de investidores, segundo dados da JLL.
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Ao longo da pandemia, o investimento no setor imobiliário residencial permaneceu robusto, sendo que em alguns casos aumentou mesmo. De acordo com dados da agência imobiliária JLL, o montante de capital subiu cerca de 10% para 83,4 biliões de euros, somente na Europa, no ano passado.
Assim, o mercado multifamiliar tem ganho força, dada à alta procura por parte de investidores. Depois de durante décadas, as oportunidades de investimento terem estado limitadas em alguns países.
Esta competição faz agora com que os investidores procurem imóveis destinados à habitação, além dos mercados mais estabelecidos de built to rent, isto é, construir para arrendar, salienta a JLL.
Exemplo disso é o gestor de investimentos alemão DWS que está a investir cerca de 42,4 milhões euros num novo empreendimento em Madrid. Esta é a primeira aquisição residencial do grupo alemão residencial na Espanha.
Já na França, o cenário repete-se. Tanto a M&G Real Estate quanto a PGIM Real Estate fecharam negócios este ano, investindo à volta dos 85,3 milhões de euros e 84 milhões, respetivamente, na região de Paris e arredores. A Polónia e a Itália também estão a assistir a um aumento na atividade.
Também na Austrália, a gigante residencial norte-americana Greystar levantou cerca de 1,3 bilião de dólares americanos para o Greystar Australia Multifamily Venture Fund 1. O seu objetivo é atingir 5 biliões de dólares em projetos residenciais, em todo o país.
“Nos últimos anos, houve uma mudança mais ampla nas alocações para fundos multifamiliares, à medida que o mercado tem-se tornado mais institucionalizado”, afirma Gemma Kendall, chefe de investimento multifamiliar da EMEA Capital Markets da JLL, na página oficial da agência imobiliária internacional.
“Isto só serviu para aumentar a concorrência entre os investidores recentemente em mercados estabelecidos e mais congestionados, e colocou em foco locais menos explorados”, sustenta.
Spreads de capital
Os EUA são o maior e mais estabelecido mercado multifamiliar, com investidores a possuir dezenas de milhares de apartamentos. Segundo os dados da JLL, na Europa, os mercados mais maduros incluem Holanda, Dinamarca e Alemanha, enquanto o Reino Unido também tem vindo a subir no ranking.
Mas, faz notar a imobiliária internacional, quase dois terços dos inquiridos no último European Living Investor Survey da JLL estão à procura de se expandir para pelo menos um mercado adicional conforme o apetite institucional por mercados menos estabelecidos cresce.
Cerca de 11 países europeus receberam mais de 2 biliões de euros em investimentos nos últimos 24 meses, de acordo com dados da JLL.
"Novos mercados estão a oferecer a oportunidade de construir novos stocks a partir do zero, dados os esforços crescentes para fornecer habitações modernas, de alta qualidade e sustentáveis que atendam aos compromissos ESG”, afirma Kendall.
No Japão, empresas como Osaka e Nagoya cresceram entre os investidores domésticos e internacionais para entrar no mercado de built to rent (construção para arrendar) mais maduro e expansivo da região da Ásia-Pacífico. No ano passado, mais da metade de todo o investimento imobiliário no Japão foi no setor multifamiliar.
Já na Europa, a Polónia emergiu como um novo destino para o capital internacional, referiu Maximilian Mendel, diretor de investimentos vivos da JLL na Polónia. Sendo que Heimstaden Bostad, da Suécia, acaba de concluir o seu terceiro negócio, investindo cerca de 310 milhões de euros num portfólio de 2.500 apartamentos em desenvolvimento.
“Os investidores estão cada vez mais reconhecendo a oportunidade de criar escala e aproveitar a forte procura fundamental da Polônia por moradias para arrendar em várias cidades”, sustenta Mendel.
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