Projeto europeu cria modelos para tornar edifícios mais eficientes
Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto, desenvolveram, no âmbito de um projeto europeu, novos modelos de negócio e contratação para tornar os edifícios mais eficientes em termos energéticos.
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De acordo com o instituto do Porto, o projeto, intitulado AmBIENCe, visa tornar os edifícios mais eficientes energeticamente, introduzindo flexibilidade, reduzindo as emissões de dióxido de carbono (CO2) e envolvendo proprietários e fornecedores de energia através de um modelo de contratação de desempenho energético focado em edifícios inteligentes.
Em declarações à Lusa, o investigador Tiago André Soares, do INESC TEC, esclareceu que apesar de Portugal "não ter um mercado evoluído" relativamente aos modelos de contratação de desempenho energético [contratos de energia personalizados tendo em conta a avaliação da performance de cada edifício], outros países europeus têm.
"Estes contratos são muito pontuais em Portugal porque as companhias de energia, ao vender este produto, têm de vender individualmente estas análises. Em Portugal não temos muito esta dinâmica, o que mais se pode assimilar a estes contratos são as instalações dos painéis fotovoltaicos, nas quais são feitos estudos e estimativas de poupanças dos clientes. Os países nórdicos têm este mercado muito mais evoluído", observou.
Ao longo do projeto, financiado pelo programa Horizonte 2020, os investigadores desenvolveram novos modelos de negócio e contratação de desempenho energético com o intuito de "dar resposta à demanda" e apoiar a captação de energia de fontes renováveis, garantindo uma "maior eficiência" e "redução das emissões", sendo este o principal objetivo da investigação.
Tiago André Soares esclareceu que os contratos pressupõem não só a instalação de equipamentos, mas também a monitorização e verificação contínua do sistema.
"Os edifícios atuais já têm equipamentos onde é permitido fazer o deslocamento de carga [não consumir em determinadas horas para o fazer posteriormente] ou mesmo reduzir o consumo de energia de determinada carga consoante as necessidades do edifício. A nossa proposta é incluir este tipo de medidas para aumentar o benefício económico, reduzir os custos de energia, bem como tornar o edifício mais eficiente e inteligente", disse o investigador.
As medidas podem ser as "tradicionais" de eficiência energética, como o isolamento ou mudança de janelas, mas também podem passar pela introdução de energias renováveis, como painéis solares, e o "controlo das cargas", isto é, apropriar os consumos de energia à demanda.
O conceito de Contratação Ativa de Desempenho Energético em Edifícios (AEPC) desenvolvido no projeto aplica-se a diferente edifícios, tais como residenciais, instituições de ensino, escritórios e empresas, podendo ainda servir de base para as comunidades energéticas locais.
Tanto o conceito como os modelos de negócio foram testados e aplicados num edifício de escritórios em Portugal e num edifício residencial na Bélgica.
Para facilitar a decisão da contratação, os investigadores desenvolveram ainda uma plataforma de simulação que calcula os custos de energia tendo por base cenários reais e apresentando a "melhor opção" para proprietários, empresas de energia e investidores.
À Lusa, Tiago André Soares destacou que a ferramenta desenvolvida é "mais direcionada para as companhias de energia", até porque é "preciso conhecimento técnico" para poder aplicar os modelos de negócio e de contratação.
Liderado pela VITO/EnergyVille, o projeto AmBIENCe contou com oito parceiros: BPIE e Energinvest (Bélgica), ENEA (Itália), IK4 (Espanha), INESC TEC e EDP CNET (Portugal).
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