Crédito Agrícola admite crédito à habitação com 'spread' zero
O presidente executivo do grupo Crédito Agrícola, Licínio Pina, admitiu hoje que perante a queda da Euribor para valores negativos, existe a possibilidade dos seus clientes de crédito à habitação poderem vir a pagar zero de 'spread'.
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Casa Euribor
Licínio Pina, que apresentava aos jornalistas as contas anuais do grupo Crédito Agrícola de 2014, afirmou que "se a margem [de lucro] do banco é sempre o 'spread', e se no caso da Euribor consumir o 'spread', acho que o taxa [do crédito à habitação] deve zerar".
O responsável máximo da instituição financeira reforçou, contudo, que taxas de juro abaixo de zero "é que não pode ser", até porque "os contratos são onerosos para os bancos", adiantando que, por essa lógica, "poderíamos cair na questão de os clientes virem a pagar para ter depósitos nos bancos".
Para Licínio Pina, a situação de taxa Euribor negativa é um "ambiente que nunca se pensaria", mas que o Crédito Agrícola "vai cumprir os contratos que estão vigentes com os clientes".
O grupo Crédito Agrícola obteve um lucro de 26,9 milhões de euros em 2014, o que compara com os 1,5 milhões de euros em 2013, anunciou hoje a instituição bancária.
"Num contexto macroeconómico nacional em que ainda se verificaram restrições financeiras significativas, retração da procura de crédito em geral, um elevado nível de endividamento na economia, e em que parte significativa do setor financeiro voltou a apresentar resultados negativos significativos em 2014, o grupo Crédito Agrícola apresentou um resultado líquido consolidado de 26,9 milhões de euros no exercício de 2014, para qual o negócio bancário contribuiu com 24,5 milhões de euros", refere a instituição em comunicado.
Rellativamente ao negócio bancário (SICAM), o Crédito Agrícola alcançou um resultado líquido de 24,5 milhões de euros, quando no ano anterior registou os 1,5 milhões de euros.
Já em relação à margem financeira, houve um decréscimo de 1%, alcançando os 248 milhões de euros. Licínio Pina referiu que os lucros foram alcançados principalmente através de operações financeiras, até porque "a margem financeira diminuiu devido à queda da procura de crédito e baixas taxas de juro", sendo que a transacção de dívida pública "contribuiu bastante para estes resultados, não só de Portugal como de outros países".
Em termos consolidados, o grupo apresentou "um confortável nível de solvabilidade", atingindo um rácio 'common equity tier 1' de 13%, acima dos 8% recomendados.
A carteira de crédito a clientes ascendeu a 8,15 mil milhões de euros, uma redução de 0,6% face a 2013.
O banco agrícola registou também imparidades de 206 milhões de euros para o qual constituiu uma provisão. O presidente executivo frisou que a instituição continua com uma "gestão sã e prudente".
As imparidades acumuladas em 2014 cobriam 126% do crédito vencido, "valor significativamente superior à média de mercado", adiantou.