Portugal com segunda maior queda na evolução da eficiência energética
Portugal registou a segunda maior descida na evolução das políticas de eficiência energética, na União Europeia, desde 2012, resultado das limitações da austeridade, revela um relatório europeu baseado em opiniões de especialistas de cada país.
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Na comparação da situação de 2012 com 2015, Portugal desceu do 6.º para o 21.º lugar do 'ranking' com os 28 Estados membros, ou seja, caiu 15 lugares, só ultrapassado por Malta, com uma queda de 22 posições.
O relatório 'Energy Efficiency Watch Survey', agora publicado, envolveu um inquérito online e entrevistas a mais de 1.100 especialistas europeus na área da eficiência energética, incluindo técnicos da associação ambientalista Zero.
O objetivo do inquérito era ter a opinião dos especialistas sobre o progresso das políticas públicas de eficiência energética, nos diferentes setores e nos respetivos países.
"O retrato de Portugal não é animador", salienta a Zero, pois, de acordo com os especialistas portugueses que participaram, "o país está dentro do grupo que progrediu muito pouco desde 2012, aquando do primeiro relatório de progresso".
As opiniões dos especialistas consultados em Portugal dividem-se na avaliação geral das políticas nacionais de eficiência energética, mas 60% considera que são pouco ambiciosas ou identificam ambição somente em alguns setores.
Quanto ao progresso daquelas políticas, nos últimos três anos, 70% defende que não houve avanços ou foram muito poucos e as políticas adicionais foram muito reduzidas.
A falta de avanço nas políticas de eficiência energética em Portugal deveu-se, segundo os especialistas nacionais, à crise económica e ao resultado das políticas de austeridade, que "foram as grandes barreiras para o progresso" nesta área, incluindo a redução do financiamento bancário.
"O setor público foi particularmente afetado pela crise financeira e a avaliação do progresso sobre o exemplo que os edifícios públicos devem dar em termos de reabilitação com medidas de eficiência energética ficou também entre os mais baixos ao nível europeu", resume a Zero.
Na habitação e nos serviços, o principal problema apontado foi a falta de incentivos financeiros para a melhoria da eficiência energética, nomeadamente na reabilitação dos edifícios.
O decréscimo dos incentivos aos veículos elétricos foi o principal problema referido no setor dos transportes no que se relaciona com os objetivos de conseguir utilização eficiente de energia.
O documento refere ainda que um terço dos inquiridos defende que as metas de poupança de energia fixadas para os consumidores finais podem ser atingidas enquanto 20% pensa que não será possível.
O primeiro lugar da lista dos países eficientes nos gastos energéticos é agora ocupado pela Dinamarca e o segundo pelo Finlândia, que trocaram de posições entre 2012 e 2015, e a maior subida foi apresentada pelo Chipre, que passou de 22.º para 5.º lugar.