'Desumanização' é um "romance de aprendizagem"
O escritor Valter Hugo Mãe considerou que o seu novo livro, “Desumanização”, é um “romance de aprendizagem, de crescimento”, uma história “pensada na Islândia e para a mundividência islandesa”.
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Cultura Valter Hugo Mãe
O romance é apresentado no domingo às 17:00 no Teatro Maria Matos, em Lisboa, durante uma conversa com o escritor em que participam Joana Vasconcelos, Catarina Homem Marques e Pedro Vieira, e que conta com a atuação do músico Rodrigo Leão.
Valter Hugo Mãe deslocou-se várias vezes à Islândia, território que sempre o impressionou “pela dimensão de uma certa fantasia tremenda, [onde] há um tremendismo ligado a uma ideia de pureza, ou de mundo que começa, porque é tão recôndito que tudo parece ainda antigo, antes do homem”.
“Eu sabia que havia de lá encontrar um livro”, declarou.
Referindo-se ao romance “Desumanização”, publicado pela Porto Editora, Hugo Mãe afirmou que decidiu “escrever um livro com uma trama islandesa, uma história pensada na Islândia e para a mundividência islandesa”.
“Este desafio passa muito por retirar-me as referências do costume, ou seja, colocar-me um pouco em perigo, ao propor-me pensar numa história sem utilizar os vícios de sempre, as muletas que são próprias da nossa cultura”, afirmou.
O autor argumentou que o livro pensado noutro lugar, “não teria a mesma plasticidade” e reconheceu que “há uma interferência da própria Islândia que é decisiva”.
Hugo Mãe recusou qualquer paralelismo com a situação sociopolítica que a Islândia vive, afirmando que se trata de “um livro sobre gente enclausurada nos fiordes e para quem a economia mundial pouco diz”, mas “há algo da personalidade islandesa que explica a coragem que tiveram e estão a ter”, e referiu a epígrafe que abre o romance, sintetizando-o.
“Trata-se de uma epígrafe de Halldor Laxness, que afirma mais ou menos isto, um homem não é independente a menos que tenha a coragem de estar sozinho”.
Para o escritor “não podemos falar de mais nada do que sobre a vida e morte”, e “este livro parte do tópico da morte, mas é mais do que refletir sobre a morte, ele reflete sobre a solidão”.
“Desumanização” é “um livro profundamente feminino”, em que a protagonista e narradora é uma menina entre os 11 e os 14 anos, chamada Halldora, a quem morre a irmã gémea.
“Podemos dizer que a Islândia funciona como símbolo da solidão e a morte da irmã gémea como símbolo da solidão extrema”, disse à Lusa o escritor.
"O percurso de Halldora é todo ele de dessensibilização, em que ela percebe que a sua subsistência implica a redução da sua própria humanidade, de algum modo precisa de se desumanizar, endurecendo-se”, contou.
Hugo Mãe afirmou que os seus leitores irão encontrar os seus “tiques” literários, mas para si o importante é que os livros o possam convencer que está a conhecer uma pessoa distinta de si.
“Desumanização” será também apresentado no dia 10 de outubro às 21:30 na sala principal da Casa da Música, no âmbito da iniciativa “Porto de Encontro”, com moderação de Sérgio Almeida, apresentação de Paula Moura Pinheiro, e participação musical de Ana Deus e Ricardo Serrano, e no dia seguinte, também às 21:30, no Teatro Municipal de Vila do Conde, com apresentação da cantora Ana Bacalhau.
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