Exposição reúne livros de autores proibidos pela ditadura e pelo nazismo
Títulos de escritores portugueses e alemães, censuradas pela ditadura do Estado Novo e apreendidos pelo nazismo, fazem parte da exposição na Bebelplatz, em Berlim, onde, a 10 de maio de 1933, forças de Hitler queimaram mais de 20 mil livros.
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Cultura Berlim
Da instalação, que surge no contexto da programação cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia na Alemanha, fazem parte livros de autores proibidos e perseguidos como Anna Seghers, Alfred Döblin, Bertolt Brecht, Heinrich Heine, Herberto Helder, José Cardoso Pires, Judith Teixeira, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, Natália Correia, Rosa Luxemburgo e Vergílio Ferreira, entre outros, uns proibidos e perseguidos pela censura da ditadura portuguesa, outros, pelo regime nazi.
Num comunicado, enviado à agência Lusa pelo Camões Berlim, pode ler-se que, através deste projeto, se convocam "dois momentos do século XX, da história da Alemanha e da história de Portugal: em 1933, na Alemanha, a queima dos livros e, em Portugal, a instauração da censura prévia".
A iniciativa, integrada na programação proposta pela comissária do projeto "Portugal País Convidado da feira do Livro de Leipzig", Patrícia Severino, propõe "um diálogo entre o memorial do artista israelita Micha Ulman -- a biblioteca vazia subterrânea -- e a cabine cheia de livros censurados durante a ditadura portuguesa, e queimados pelo regime nazi na Alemanha", destaca o documento.
No chão da Bebelplatz, chamada anteriormente Opernplatz, pode ver-se a biblioteca vazia subterrânea, exposta através de um vidro, com várias estantes brancas e vazias, onde caberiam 20 mil livros. Duas placas de ferro recordam o que aconteceu em 1933, já com Adolf Hitler no poder.
Está também uma citação de Heinrich Heine, retirada da tragédia "Almansor", escrita em 1820, onde se pode ler: "Isto foi apenas um prelúdio -- onde se queimam livros, acabarão por se queimar também pessoas".
Em 2022, Portugal irá apresentar-se como País Convidado da Feira do Livro de Leipzig, sob o mote "O Encontro Inesperado do Diverso".
Recorda o comunicado que a escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol estabeleceu uma ponte entre Lisboa e Leipzig, no seu livro "Lisboaleipzig", convocando um encontro entre Fernando Pessoa e Johann Sebastian Bach.
"Um encontro inesperado de duas figuras da cultura portuguesa e alemã -- da cultura europeia", adianta o comunicado, que "também aqui se encontram, num ato de celebração da literatura e da liberdade de expressão e pensamento".
Depois de passar pela Bebelplatz, a instalação, promovida pela Embaixada de Portugal na Alemanha e pelo Camões Berlim, ficará em exposição no pátio exterior da Biblioteca da capital alemã, na Avenida Unter den Linden, até ao dia 30 de junho.
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