Na estreia do MEO Kalorama, eis os cinco nomes em destaque
A primeira edição do festival contará com gigantes do rock internacional, mas também com alguns nomes menos conhecidos que podem roubar a atenção dos holofotes.
© David Wolff - Patrick/Redferns
Cultura Festivais de verão
Depois de um verão marcado pelos regressos dos grandes festivais aos palcos portugueses, que acolheram enchentes ansiosas por voltar a ouvir e ver música ao vivo, o MEO Kalorama é o festival que assinala o fim da temporada.
Na sua primeira edição, o Kalorama surpreendeu muitos, surgindo de repente com grandes nomes do rock internacional, como Arctic Monkeys e os Chemical Brothers, reservando o lugar no Parque da Bela Vista - recinto até agora conhecido por acolher o Rock in Rio Lisboa.
Os concertos arrancam esta quinta-feira, às 16h, e só terminam para lá da 1h de domingo. Ao todo, são praticamente quatro concertos por palco, por cada um dos três dias.
A algumas horas de se abrirem as portas pela primeira vez, veja quais os principais nomes a que deve estar atento, se for um dos primeiros festivaleiros deste novo certame (e evitamos nomes como Ornatos Violeta e Arctic Monkeys, já que estes dois não são propriamente uma surpresa para o público de Lisboa).
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Nick Cave & The Bad Seeds
A primeira entrada é suspeita: o autor deste texto não esconde o interesse em Nick Cave, mas a verdade é que este será, possivelmente, o concerto mais previsível. Em junho, o músico australiano passou pelo Porto e, durante duas horas e meia, alternou entre os grandes êxitos e os sons mais recentes da sua carreira que já dura desde 1973.
A presença de Nick Cave no palco é indescritível. Aos 64 anos, Cave não para, correndo de um lado para o outro enquanto canta e recita as suas preces e a sua música tenebrosa, profética e arrepiante.
As suas letras são de uma constante interrogação da sua própria fé, questionando Deus sobre o mal que se abate sobre si e sobre a sua vida. Depois da morte dos dois filhos, especialmente do mais novo, em 2015, a sua música assumiu um tom mais pesado, mas é um luto que Nick Cave carrega com enorme pujança em todos os seus espetáculos.
Marina Sena
A expressão inglesa 'if you blink, you'll miss it' é difícil de traduzir, mas descreve um pouco a ascensão de Marina Sena aos grandes palcos. Em 2021, a brasileira lançou o álbum 'De Primeira' e, um ano depois, graças à gigantesca popularidade do single 'Por Supuesto' no TikTok, estava a pisar os maiores palcos do Brasil e da Europa.
Sena passou recentemente por Portugal: depois de uma passagem em abril, veio a Sines no final de julho e, apesar de não ter trazido consigo uma enchente, a brasileira trouxe pelo menos uma maré de sensualidade. O seu concerto, marcado para as 1h, vai obrigar a muita energia para acompanhar a dança no palco.
É impossível ainda falar da nova sensação brasileira sem falar do seu grande impacto político, mesmo em palco. À semelhança da compatriota Anitta, Sena tem sido muito ativa na política brasileira, chegando a dizer durante a passagem pelo festival Músicas do Mundo, em Sines, que "já nasci 'petista'" (apoiante do Partidos dos Trabalhadores, de Lula da Silva). É um concerto muito focado em criar um ambiente confortável e positivo, com a artista a salientar o foco na música feita por mulheres.
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Alice Phoebe Lou
O pôr do sol em Lisboa está marcado para pouco depois das 20h, e o Parque da Bela Vista é um dos locais privilegiados para assistir a um bom final de tarde. É também por essa hora que sobe ao palco Alice Phoebe Lou, no segundo dia de festival.
É quase obrigatório para os festivais de verão terem um nome 'indie' ao final da tarde, para que o público se possa sentar e apreciar um bom rock, bem calmo, à medida que o dia esmorece. Alice Phoebe Lou encaixa perfeitamente nessa categoria, a par de nomes como Kevin Morby, Lucy Dacus, Helado Negro, entre muitos outros.
Com apenas dois álbuns, publicados ambos em 2021, espera-se que a voz apaziguante da sul-africana seja perfeita para relaxar - as músicas do álbum 'Glow' têm potencial para criar um dos melhores concertos calmos do festival -, com um concerto bem posicionado antes da loucura dos Arctic Monkeys, nessa mesma noite.
Moderat
Perto do final de 2021, os Moderat anunciaram o regresso aos palcos e aos álbuns, depois de quatro anos de sabática. O icónico grupo de eletrónica alemão entretanto já lançou um novo álbum, 'MORE D4TA'.
Muitas conceituadas revistas de música internacionais continuam a considerar os Moderat como um dos melhores espetáculos ao vivo. O seu uso inovador de sintetizadores, com 'beats' que rebentaram com a eletrónica no início da última década, influenciaram muita da música de dança feita em Berlim - e ser relevante na cena eletrónica de Berlim é ser relevante em todo o mundo.
Marcado para a mesma hora de Marina Sena, será preciso escolher entre a novidade brasileira e o conjunto alemão. Suspeitando que Sena deverá voltar a Portugal, valerá certamente a pena uma visita ao palco principal para ver Sascha Ring (ou 'Apparat'), Gernot Bronsert e Sebastian Szary.
Róisín Murphy
Ficamos na eletrónica para o último nome da lista. No segundo dia, a irlandesa Róisín Murphy, que marca a música de dança desde os anos 90, trará músicas do seu álbum mais recente, 'Crooked Machine', o contraponto ao álbum de 2020, 'Róisín Machine'.
Para a conceituada Pitchfork, a ícone irlandesa "já fez clássicos suficientes para encher uma lista de 'Top40' das músicas mais fabulosas do mundo". Ao vivo, Murphy é espalhafatosa, irreverente e cheia de cores vibrantes e 'looks' estranhos, proclamando-se como uma 'diva' da eletro.
Com visuais mais virados para o psicadélico, o concerto deverá ser uma explosão de luz e a dança será impossível de ser evitada. Até para aquelas que só batem com o pé no chão, será difícil resistir ao otimismo de 'Murphy's Law'.
O MEO Kalorama arranca esta quinta-feira. Poderá acompanhar mais tarde a cobertura do Notícias ao Minuto sobre a primeira edição do novo festival de música em Lisboa.
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