Sérgio Azevedo estreia ópera 'O Rouxinol' para público dos "7 aos 77"
A ópera 'O Rouxinol', de Sérgio Azevedo, com encenação de Mário João Alves e direção musical do maestro João Paulo Santos, estreia-se no próximo dia 29, no Teatro Nacional de S. Carlos, em Lisboa.
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Baseada no conto 'O Rouxinol e o Imperador', de Hans Christian Andersen, tem o público infantil por alvo, mas também o público mais velho, no espírito da banda desenhada de Tintin, "dos 7 aos 77", como o compositor disse à Lusa.
'O Rouxinol' conta no elenco com a soprano Ana Sofia Ventura e os barítonos Christian Luján e Diogo Oliveira. Inclui ainda dois figurantes e "um pequeno coro", acompanhados de uma orquestra sinfónica clássica.
Em declarações à agência Lusa, o compositor Sérgio Azevedo disse que propôs "fazer este texto, ao S. Carlos, que já tinha ensaiado antes", tendo aproveitado trabalho anterior, embora "basicamente mais de 80% do material da ópera" seja novo.
"A história fui eu que propus, pois já tinha escrito antes uma 'ópera de bolso' de 15 minutos e um conto musical [sobre a história], mas não estavam desenvolvidos como eu queria, eram realmente para crianças muito pequenas, e eu queria fazer uma ópera a sério".
À ópera é uma encomenda do teatro a partir de uma proposta que o compositor apresentou à diretora artística do TNSC, a soprano Elisabete Matos. "Ela tem dado grande abertura à produção portuguesa", afirmou.
Sérgio Azevedo disse à Lusa que a ópera "é mais ou menos para crianças": "É e não é, pode ser ouvida por crianças, de cinco, seis anos, mas também um adulto pode - espero eu - ter prazer com ela, porque não quis fazer uma ópera especificamente para crianças, uma espécie daquelas peças didáticas que são dirigidas para escolas. Eu vejo esta peça e, sem fazer comparações de qualidade, como com 'L'enfant et les sortilèges', de [Maurice] Ravel, [penso] que pode ser vista por toda a gente, como diria o Tintin, 'dos 7 aos 77'".
"É uma ópera muito sofisticada. Claro, tem uma linguagem simples, tem melodias, tem árias, não é experimental, desse ponto de vista é uma ópera como outra qualquer, mais curta, tem cerca de 50 minutos, não tem grande complexidade na história e na adaptação, está mais adequada a um público infantojuvenil. Mas não exclusivamente, é um ópera para o grande público em geral".
Da obra, Sérgio Azevedo salientou uma ária do rouxinol mecânico, interpretada por Ana Sofia Ventura. É uma ária "de coloratura, de grande brilhantismo vocal, como fogo de artifício vocal", que apontou como "um dos pontos altos" da ópera. "Nem me importa se as pessoas aplaudirem a meio", disse.
O compositor referiu que este tipo de ópera pode levar à criação de futuros públicos para este espetáculo.
"Desejo que as pessoas que forem à ópera saiam de lá divertidas e sem a ideia de que a ópera é chata".
"Eu chamo-lhe ópera mas é mais perto de um musical, até certo ponto, tem elementos do musical e da opereta, tem momentos claramente ligeiros, em termos musicais, tem várias árias separadas, é uma ópera quase por números, aqui e ali, é um misto entre ópera, opereta, 'singspiel', um misto entre o sério e o mais ligeiro, para que as pessoas percebam o que é uma ópera, mas tenham também esse lado mais lúdico, e saírem de lá divertidas".
Sérgio Azevedo referiu-se a 'O Rouxinol' como "uma ópera razoável para se levar a outros teatros", sem grandes custos ou complicações cénicas".
Assim, perante o encerramento do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, para realização de obras, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência para a Cultura - um encerramento anunciado há pouco mais de um ano, que deve verificar-se de janeiro de 2024 a setembro de 2025 -, o compositor admite que a ópera 'O Rouxinol' poderá vir a ser apresentada noutros palcos do país.
Com música e libreto de Sérgio Azevedo, "O Rouxinol" terá novas récitas nos dias 30 e 31, com duas sessões em cada dia, para escolas, às 11h00 e às 15h00.
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