Se na quarta-feira se assistiu a um desfile de todos os tipos de rock, o segundo dia do Vodafone Paredes de Coura foi bem mais diverso, com ambos os palcos a fazerem de montra para uma miríade de estilos, da música de intervenção ao eletropop experimental.

A noite foi encabeçada pela atuação que se esperava psicadélica de Fever Ray. Não é fácil descrever o espetáculo visual colorido, enigmático e até esotérico apresentado, sobrecarregado com as vozes elaboradas do projeto de Karin Dreijer. De trajes e maquilhagem a roçar o assustador, Dreijer ofereceu aquele que foi, até agora, o concerto mais complexo e denso do festival, para um público que se mostrou paciente e foi acolhendo a experiência única de Fever Ray ao vivo.

Fãs de festivais de verão têm-se habituado a ver cada vez mais hip-hop (e até o exigem), e Loyle Carner apresentou-se com uma banda exímia e abriu todo o livro da sua vida. As suas letras intensas e pessoais e a sua interpretação cheia de força amarraram a atenção de um anfiteatro que não se cansou de elogiar - e em troca, Paredes de Coura deu-lhe um concerto memorável, muitas ovações e daquelas imagens que só este recinto sabe criar.

Antes, os The Walkmen fizeram uma viagem pela sua carreira de 23 anos (com uma paragem de dez anos pelo meio, entre 2013 e 2023), enumerando os vários hits da banda de rock nova-iorquina. Ultimamente foi um concerto algo reciclado, sem o grupo liderado por Hamilton Leithauser conseguir engatar a terceira, mas a oferecer pelo menos uma noite bem passada.

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A tarde ficou, contudo, marcada pela doçura e ternura de Tim Bernardes, cuja voz criou um dos melhores concertos da edição. O palco enorme tornou-se aconchegante, com um mar de gente sentada a ouvir o músico brasileiro, e os momentos mais bonitos de cada canção foram intercalados com imagens de casais a abraçarem-se e beijarem-se, nos ecrãs gigantes, para derreter ainda mais quem se esforçou para chegar cedo ao recinto.

Nota ainda para os Brian Jonestown Massacre, que subiram ao Palco Vodafone quando ainda se viam alguns raios de luz. A banda norte-americana teve um concerto algo constrangedor, com constantes falhas de comunicação, um claro desconforto entre os membros do grupo e uma música que teimava em não colar, em não entusiasmar, nem quando o público lá tentava bater umas palmas para animar a coisa.

No palco secundário, A garota não trouxe a sua música de intervenção e abriu o dia com um excelente concerto para o final de tarde, e Sudan Archives e Desire aumentaram a temperatura no recinto mais fechado e apertado.

O Vodafone Paredes de Coura continua esta sexta-feira, com um dia encabeçado pela rapper Little Simz. O cartaz sofreu ainda uma alteração de última hora, após o cancelamento por doença da banda The Last Dinner Party, com os portugueses Máquina a serem anunciados como os substitutos.

Eis os horários para os próximos dias da edição deste ano do Vodafone Paredes de Coura:

Dia 18:

Palco Vodafone

18h40 - Kokoroko

20h25 - Domi & JD Beck

22h15 - Yung Lean

00h15 - Black Midi

01h45 - Little Simz

Palco Yorn

18h00 - Chinaskee

19h40 - Expresso Transtlântico

21h25 - Thus Love

23h15 - The Last Dinner Party

02h45 - MADMADMAD

04h00 - Kenny Beats

Dia 19:

Palco Vodafone

18h00 - Lee Fields

19h30 - Sleaford Mods

21h10 - Explosions in the Sky

23h00 - Wilco

01h00 - Lorde

Palco Yorn

17h30 - indignu

18h50 - Yin Yin

20h30 - Crack Cloud

22h10 - Les Savy Fav

02h20 - Ascendant Vierge

03h25 - Antal

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