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Chuva inevitável de Coura marca despedida de Little Simz

Ao terceiro dia, a chuva chegou a Paredes de Coura e lavou os festivaleiros que aguentaram excelentes concertos de Black Midi e da rapper britânica, que terminou a sua tour europeia. O festival acaba este sábado com o concerto da neozelandesa Lorde.

Não há Paredes de Coura sem chuva, isso é quase certo. Quem está habituado a estas andanças, não pede um festival 'seco', pede apenas que o dia de chuva seja meigo. Tais preces não foram ouvidas e o final de sexta-feira foi bem molhado na Praia Fluvial do Taboão, com Little Simz e Black Midi a remarem contra uma maré alta cada vez mais forte.

A rapper britânica não para de lançar trabalhos aclamados, depois de 'Sometimes I Might Be Introvert', em 2021, a lançá-la para o estrelato, e com o mais recente 'No Thank You' a fazê-la uma cabeça de cartaz. Mas a energia e o hip-hop reivindicativo e pojante de Little Simz acabaram por ter de lutar contra um imponente adversário.

A chuva fez-se verdadeiramente sentir durante todo o concerto e, apesar de uma boa parte da multidão se manter de pé e apertado junto à frente do palco, uma boa parte do público fugiu para as árvores à volta ou de volta para as tendas. Little Simz acabou por se despedir da sua tour europeia com uma tempestade, mas levou para casa uma valente ovação dos resistentes de Coura.

Antes, já depois da meia-noite, foi a vez dos Black Midi deixarem uma daquelas marcas que custará a sair de Paredes de Coura. Com a chuva a começar a intensificar-se aos poucos, e com muitos já abrigados na restauração, a banda britânica de rock experimental tinha a tarefa difícil de 'dar um café' ao público antes da chegada de Little Simz. E a verdade é que, ao longo de uma hora, a esmagadora maioria ficou e fez um esforço para apreciar a bomba de rock abstrato e cru dos Black Midi, assistindo-se a um dos maiores 'moshes' deste ano.

Ao cair da noite, quando a chuva ainda era apenas uma ameaça, Domi e JD Beck sentaram-se no meio do palco Vodafone e mostraram porque é que são considerados uns prodígios do mundo do jazz. A mestria de ambos os jovens deixou boquiaberto todo o festivaleiro no recinto e ficou a sensação que se tinha visto algo especial, a ver JD Beck na bateria e Domi Louna nas teclas. O duo saltitou entre solos e ritmos que desafiam as noções da teoria musical, com influências bem claras de Thundercat no meio da música.

Os Kokoroko abriram a tampa do jazz ao início do dia, no primeiro concerto do palco principal, e o carisma, o 'swag' e o ritmo contagiante do grupo de fusão e afrobeat deixaram todos de pé, até mesmo os que costumam ficar bem lá no topo a ver o festival sentados.

O palco secundário acabou por ter poucos destaques no terceiro dia, tirando a atuação dos portugueses Expresso Transatlântico, que aproveitaram para mostrar ao muito público presente que uma guitarra portuguesa também tem lugar num festival de rock.

Houve ainda Yung Lean, que marcou presença como um dos nomes mais influentes do cloud rap, com um concerto intenso e que entusiasmou em particular os festivaleiros mais jovens (apesar dos esgares e arrepios de cada vez que o sueco agradecia ao "Porto").

O Vodafone Paredes de Coura termina este sábado a sua edição que comemora os 30 anos do certame. A neozelandesa Lorde é o grande nome de todo o evento, com Explosions in the Sky, Wilco, Sleaford Mods, Lee Fields e outros a comporem o 'lineup'.

Eis os horários para o último dia da edição deste ano do Vodafone Paredes de Coura:

Dia 19:

Palco Vodafone

18h00 - Lee Fields

19h30 - Sleaford Mods

21h10 - Explosions in the Sky

23h00 - Wilco

01h00 - Lorde

Palco Yorn

17h30 - indignu

18h50 - Yin Yin

20h30 - Crack Cloud

22h10 - Les Savy Fav

02h20 - Ascendant Vierge

03h25 - Antal

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