Paredes de Coura bufou as velas e cantou os parabéns aos 30 anos do seu festival de música moderna, com Lorde a regressar com estrondo a Portugal e a oferecer uma enorme prenda à enorme enchente e ao evento que marca a música e a cultura portuguesa há três décadas. Os lendários Wilco, os inovadores Explosions In The Sky e o charmoso Lee Fields foram outros destaques no adeus a Coura, naquele que foi certamente o melhor dia de concertos de toda a edição de 2023.

Lorde foi um tufão no anfiteatro, abrindo logo o concerto com os seus dois hits mais conhecidos, 'Royals' e 'Solar Power'. A neozelandesa parou pouco durante quase uma hora e meia, e a pintura de uma plateia cheia, jovem e pronta a dançar também ajudou.

A estrela da pop ficou visivelmente emocionada com a entrega do público de Coura, já habituado a nomes mais fora do rock alternativo que sempre primou no festival. Lorde saiu com uma enorme e longa ovação (algo manchada pela despedida final ao "Porto"), e ficou criado mais um momento icónico na história do festival de Paredes de Coura, que continuará a ser recordado, como tantos outros foram recordados ao longo de 30 anos de música.

Os veteranos Wilco, nome importante na história do rock norte-americano, tiveram à sua frente uma plateia já pronta para ouvir Lorde, mas a antecipação pela neozelandesa foi rapidamente abafada. Jeff Tweedy esteve em todo o lado, pedindo palmas e coros, e os Wilco ofereceram um concerto cativante e que pintou ainda melhor o fresco do último dia de festival.

De Explosions In The Sky veio, naturalmente, um concerto bombástico, daqueles em que ficou a sensação que o sistema de som não conseguiu conter a força da música. O grupo de post rock instrumental rebentou com as paredes do anfiteatro, com uma sonoridade única e uma música que agradou aos amantes do shoegaze, do olhar para o horizonte e acolher toda a emoção que o som carrega consigo.

O dia arrancou ainda com uma enorme homenagem a Lee Fields e os seus Expression, que fizeram cumprir a tradição de grandes concertos de soul e R&B ao final de tarde em Paredes de Coura (como Myles Sanko ou Charles Bradley). Fields é a alma do soul, que canta e berra como há 50 anos, e a enchente que se foi formando respeitou-o com muito amor e atenção, como só ele sabe descrever.

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Os Sleaford Mods regressaram às margens do Rio Coura sete anos depois da sua última presença, e a atuação foi uma espécie de segundo ato, mais limado, mais arranjado e mais intenso. Com um final de tarde bem mais agradável e menos cinzento, a energia de Jason Williamson e a sua prestação desconcertante e angustiada foram um bilhete de boas vindas para a grande noite de concertos que se avizinhava. 

No palco Yorn, os portugueses Indignu abriram o último dia do festival, mas as atenções foram todas para Les Savy Fav. Tim Harrington esteve ao leme do excêntrico e irreverente grupo norte-americano e, com uma reunião de Zoom sempre disponível para qualquer fã no concerto aderir no fundo do palco, entrou pelo público adentro e criou um dos melhores momentos do palco secundário, que continua a mostrar que nunca se deve ficar desatento ao que se passa por lá.

O Vodafone Paredes de Coura volta em 2024, com a edição deste ano a acolher cerca de 80 mil pessoas na Praia Fluvial do Taboão. O festival ficou marcado para os dias 14, 15, 16 e 17 de agosto, e a organização prometeu uma maior colaboração com outros festivais europeus para receber nomes ainda maiores no certame.

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