Viagem a 1993 com Smashing Pumpkins e culto a Arcade Fire no NOS Alive
Entre juras de amor e renovação de votos, o arranque da 16.ª edição do NOS Alive viu caras conhecidas, mas ninguém se queixou.
© DANIELA FILIPE/NOTÍCIAS AO MINUTO
Cultura NOS Alive
Eis que o dia chegou. A 16.ª edição do NOS Alive regressou esta quinta-feira ao Passeio Marítimo de Algés, tendo brindado os festivaleiros com uma viagem ao passado (e, atrevemo-nos a dizer, aos êxitos do futuro). Se The Smashing Pumpkins levaram a multidão a 1993, Parcels comprovaram serem merecedores de um lugar 'na mesa dos crescidos', ou não estivesse a tenda que abrigava o palco secundário a rebentar pelas costuras.
Mas comecemos pelo fim (perdoem-nos o oxímoro). A noite já era longa quando os aguardados Arcade Fire pisaram o palco principal do NOS Alive, depois de, em setembro passado, terem 'dado missa' ao Parque da Bela Vista, no MEO Kalorama. A história repetiu-se no Passeio Marítimo de Algés, mas ninguém se queixou. É que, quando o controverso Win Butler grita 'Wake Up', a multidão responde a rigor.
Referimo-nos, caso esteja esquecido, às acusações de assédio sexual que mancharam a imaculada carreira de Win Butler e, inevitavelmente, da banda que encabeça. Em 2022, cinco mulheres denunciaram o artista por comportamentos abusivos e "tóxicos". Na altura, o vocalista confessou ter mantido relações extraconjugais, embora tenha negado que alguma vez tenha tocado numa mulher "contra a sua vontade".
Apesar da polémica, os canadianos renovaram o matrimónio com o povo português entre flores brancas e confetes, não fosse Lisboa a sua "segunda casa". Neste regresso a uma espécie de origens, não faltou o trio de 'Neighborhood', tampouco 'The Suburbs', e nem mesmo 'Age of Anxiety II (Rabbit Hole)'. O culto, afinal, parece estar vivo.
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Antes, foi a vez de os veteranos The Smashing Pumpkins tomarem o palco principal. Como se fossem preciso introduções, Billy Corgan atirou, num português quase perfeito, um sonoro "boa noite, Lisboa", antes de ordenar os festivaleiros a carregarem no "rock" (não que, modéstia à parte, fosse necessário incentivar ainda mais o mar agitado de gente).
"Perguntam-me sempre qual é o meu local preferido para tocar e digo sempre que é aqui mesmo", disse, e atrevemo-nos a acreditar.
A máquina do tempo dos norte-americanos transportou os festivaleiros até 1993 com 'Disarm' e o clássico 'Today', num espetáculo que, entre coros a alto e bom som, culminou, como não poderia deixar de ser, com 'Cherub Rock' e 'Zero', logo após a autêntica 'pilha duracel' que é 'Gossamer'.
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Miúdos e graúdos juntaram-se, ao início da tarde, para o 'abrir da cortina' do palco principal com Nothing but Thieves, os britânicos que se confessaram incrédulos por não estarem a atuar para meia dúzia de gatos pingados. É que, como lembrou Conor Mason, a banda só pisou terras lusas numa outra ocasião, desta feita no Festival Authentica de 2022, em Braga.
Várias foram as ocasiões em que a plateia simpática se fez ouvir, tendo, até, ficado encarregue do primeiro refrão de 'Sorry', que nem uma máquina bem oleada. A multidão 'acordou', também, para a cover da "canção preferida" do conjunto, a 'Where Is My Mind?' dos Pixies, além de 'Tomorrow Is Closed' e a mais antiga 'Trip Switch'.
"Obrigado por serem tão fantásticos. Estou apaixonado", assegurou Conor Mason (e, chamem-nos ingénuos, mas estamos tentados a acreditar, mais uma vez).
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Finalmente, não poderíamos deixar de fora a boa onda (e o déjà vu) dos australianos Parcels, que deixaram a tenda do palco secundário a transbordar. Ainda assim, a modéstia também os tocou, ao admitirem que não esperavam que os festivaleiros pudessem superar o fervor de 2022. Atrevemo-nos a dizer que mereciam, até, um lugar 'na mesa dos crescidos', mas terá de ficar para uma próxima.
O coro de 'Somethinggreater' foi um mero prefácio do que estava para vir com os êxitos 'TiedUpRightNow' e 'Overnight', desinibindo (ainda mais) a multidão que não se calou um segundo.
O NOS Alive continua amanhã, dia 12 de julho, com o fenómeno da pop Dua Lipa a encerrar as festividades no palco principal.
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