Salvador Sobral, que venceu o Festival Eurovisão da Canção em 2017 com 'Amar Pelos Dois', considerou que Israel não deve participar no concurso de música e defendeu que "está na hora de Portugal acordar" e "tirar a participação de Portugal" se o país do Médio Oriente participar.
"Expulsar Israel da Eurovisão é algo simbólico, reconhecer o Estado da Palestina também é simbólico, mas com muita força, com uma flotilha que vai até Gaza. São coisas simbólicas, obviamente com dimensões diferentes", afirmou o cantor em declarações à TSF.
Salvador Sobral sublinhou que "está na hora de Portugal acordar, tanto no Governo como no canal público, que deve tirar a participação se Israel participar". "Não tenho dúvidas nenhumas", reiterou.
O músico, o único a trazer o troféu da Eurovisão para Portugal, lembrou, ainda, que "quando começou a invasão da Ucrânia, todos os países na Europa começaram logo com sanções à Rússia e com Israel é o contrário".
"Não se percebe porquê, há uma impunidade. E a Eurovisão segue a mesma linha dos governos, que é uma linha de total negação daquilo que está a acontecer e então decidem deixar que Israel participe na Eurovisão. Para mim, era mais do que óbvio, assim como a Rússia foi logo expulsa da Eurovisão, Israel tem de ser expulso logo desde que começou agora esta leva de ataques mais intensa. Desde que o genocídio é declarado, é óbvio que Israel não pode estar na Eurovisão a cantar canções de circo, não faz nenhum sentido", atirou.
Esta não é a primeira vez que Salvador Sobral se manifesta contra Israel na Eurovisão
Em maio, semanas antes da realização da 69.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, em Basileia, na Suíça, o português Salvador Sobral foi um dos mais de 70 ex-participantes assinaram uma carta aberta a apelar à União Europeia de Radiodifusão (UER) para excluir a participação da emissora israelita KAN.
Os subscritores, entre os quais também se encontram os portugueses António Calvário, Fernando Tordo, Lena D'Água e Rita Reis, da antiga banda Nonstop, justificam o seu apelo à UER por considerarem a KAN "cúmplice do genocídio contra os palestinianos em Gaza".
O que diz a RTP sobre a participação de Israel?
Até ao momento, a emissora pública portuguesa RTP ainda não fez qualquer declaração sobre a sua posição em relação à participação de Israel. No entanto, correm rumores na comunidade eurofã que Portugal será dos próximos países a juntar-se à lista de apelos pela expulsão do país do Médio Oriente e que o anúncio poderá estar para breve.
Sabe-se, para já, que a RTP anunciou a realização do Festival da Canção 2026, sem fazer qualquer referência à próxima edição da Eurovisão, ao contrário do que tem feito nos últimos anos.
Já no regulamento do Festival da Canção, divulgado na terça-feira, lê-se que a "a canção vencedora fica habilitada a representar a RTP no Eurovision Song Contest 2026".
Segundo a TSF, a RTP vai discutir a participação de Portugal na Eurovisão com a UER, na próxima semana, a 25 de setembro.
O Notícias ao Minuto já questionou a RTP sobre a sua posição em relação à participação de Israel na Eurovisão, mas não obteve resposta.
Vários países ameaçam sair da Eurovisão se Israel participar
Ao longo das últimas semanas, a Irlanda, os Países Baixos e Espanha juntaram-se à Eslovénia, Islândia nos apelos à União Europeia de Radiodifusão (UER) para a expulsão do país do Médio Oriente devido à ofensiva na Faixa de Gaza.
A emissora estatal dos Países Baixos, a AVOTROS, afirmou que "não pode justificar mais a participação de Israel na situação atual, dado o severo e contínuo sofrimento humano em Gaza".
A emissora pública da Irlanda, a RTÉ, afirmou também que o país "não participará no Festival Eurovisão da Canção 2026 se a participação de Israel for concretizada".
A posição mais recente foi a de Espanha, com o Conselho de Administração da RTVE a anunciar, na terça-feira, que iria boicotar o Festival Eurovisão da Canção em 2026 se Israel participar.
"Espanha retirar-se-á da Eurovisão se Israel continuar no certame", escreveu José Pablo López, presidente da RTVE, na rede social X.
España se retirará de Eurovisión si Israel continúa en el certamen
— José Pablo López (@Josepablo_ls) September 16, 2025
La medida se ha tomado a propuesta del presidente de RTVE, por mayoría absoluta del órgano de administración de la Corporación, con 10 votos a favor, 4 en contra y una abstenciónhttps://t.co/z1EHLNAOfP a… pic.twitter.com/ayR8JsaLgT
A posição de Espanha ganha maior relevo por se tratar do primeiro país dos 'Big 5' a anunciar o boicote. Entre os 'Big 5', além de Espanha, está o Reino Unido, França, Alemanha e Itália, que têm as televisões públicas que contribuem com mais verbas para a União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) e, assim, para a organização do Festival Eurovisão da Canção.
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