O Vietname foi o grande vencedor do concurso internacional de música Intervisão, uma alternativa russa ao Festival Eurovisão da Canção. O evento, que decorreu na noite de sábado em Moscovo, ficou marcado por uma controvérsia a envolver a representante dos Estados Unidos.
O regresso da Intervisão foi anunciado em fevereiro pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, e contou com a participação de 23 países, sendo transmitido em várias partes do mundo, incluindo em países da Ásia, África, América do Sul e Europa.
O vietnamita Duc Phuc subiu ao palco com a música 'Phù Đổng Thiên Vương', inspirada num conto popular sobre um rei famoso por repelir um exército inimigo, e alcançou a primeira posição com um total de 422 pontos.
Duc Phuc, além de um troféu, foi recompensado com um prémio de 30 milhões de rublos (o equivalente a cerca de 305 mil euros).
Seguiu-se, por ordem, o Quirguistão (373 pontos), o Qatar (369), a Colômbia (347), o Tajiquistão (344), a Bielorrússia (341), o Cazaquistão (339), Madagáscar (338), a China (328) e o Uzbequistão (296).
A Rússia - país anfitrião - fez-se representar pelo cantor Shaman, que ganhou popularidade em 2022 após interpretar músicas patrióticas em apoio à invasão russa da Ucrânia. No entanto, não obteve classificação a pedido do próprio.
"Represento a Rússia e a Rússia já venceu. Venceu porque vocês estão aqui todos connosco hoje", declarou, citado pela agência de notícias russa RIA Novosti.
Num discurso, transmitido por vídeo antes do evento, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, manifestou-se "confiante de que a competição tornar-se-á uma das mais reconhecidas e amadas do mundo".
"Através do diálogo, do respeito mútuo e do fortalecimento da confiança entre culturas, tornamo-nos espiritualmente mais ricos", destacou.
Putin discursou através de um vídeo na Intervisão© OLESYA KURPYAYEVA/AFP via Getty Images
Controvérsia marcou participação dos Estados Unidos: "Pressões políticas"
Os Estados Unidos eram um dos 23 países a concurso, mas a sua participação foi cancelada à última hora. Vassy, uma cantora australiana com passaporte norte-americano, terá desistido devido a "pressões políticas sem precedentes".
"Por motivos alheios à vontade dos organizadores e da delegação norte-americana, causados por pressões políticas sem precedentes do governo australiano, a cantora VASSY (cidadã dos Estados Unidos e da Austrália) não poderá atuar no concerto final da Intervisão", revelou um comunicado, citado pela imprensa russa.
Num vídeo partilhado no Instagram, a cantora prometeu pronunciar-se sobre o assunto "nos próximos dias".
Vassy já era substituta do cantor de R&B norte-americano Brandon Howard, que desistiu dias antes alegando motivos familiares.
Intervisão regressou três anos após expulsão da Rússia da Eurovisão
Sublinhe-se que a Intervisão já tinha sido organizada nas décadas de 1960 e 1970, principalmente com os países do Bloco de Leste, incluindo a Polónia e a Checoslováquia. Mas outros países também participaram.
Desde a queda da URSS, a televisão russa tem transmitido vários programas com o mesmo nome, em menor escala. Em 2014, a Rússia anunciou a sua intenção de relançar o concurso, mas sem sucesso até este ano.
A Rússia participou na Eurovisão de 1994 a 2021 e chegou a vencer o concurso europeu em 2008, com Dima Bilan e 'Believe'. No ano seguinte, o evento realizou-se em Moscovo.
Além da vitória, o país conseguiu outros bons resultados na Eurovisão. Em 2010, 2006, 2012 e 2015 conseguiu o segundo lugar. Já em 2023, 2007, 2016 e 2019 ficou em terceiro lugar.
A 25 de fevereiro, um dia após o início da invasão russa da Ucrânia, a União Europeia de Radiodifusão (UER), que organiza a Eurovisão, anunciou que "nenhum artista russo" iria participar no concurso.
"Esta decisão reflete a preocupação de que, perante a crise sem precedentes na Ucrânia, a inclusão da Rússia no concurso deste ano traria descrédito à competição", disse, na altura, a UER.
Pode ver, na galeria acima, as imagens do concurso, incluindo das atuações de alguns concorrentes.
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