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"Fechar o Teatro Nacional S. Carlos é perigosíssimo"

O maestro João Paulo Santos advertiu hoje que a possibilidade de “fechar o Teatro Nacional S. Carlos (TNSC) é perigosíssima” e qualificou de “snob” a atitude dos que defendem esta hipótese.

"Fechar o Teatro Nacional S. Carlos é perigosíssimo"
Notícias ao Minuto

21:51 - 21/06/13 por Lusa

Cultura Maestro

O maestro, de 54 anos, que trabalha no teatro de forma continuada há 29, falava hoje aos jornalistas na apresentação do 'Festival Ao Largo' e da temporada outono-inverno do TNSC.

João Paulo Santos afirmou que “não há dinheiro” e o teatro vive “uma altura difícil”, mas defendeu que “a solução não é fazer menos e fechar é perigosíssimo”, correndo-se o risco de o único teatro português de ópera não voltar a abrir portas.

“O discurso de quem defende o encerramento do S. Carlos é populista e snob, pois quem o faz tem a possibilidade de ir ao estrangeiro assistir a óperas. Esta é uma atitude elitista”, afirmou o maestro, cuja primeira colaboração com o TNSC data de 1976.

O maestro disse que “algo está a mudar no sistema de produção” de espetáculos e afirmou que não se irá voltar "aos níveis de financiamento" da produção sinfónica e operática do início do século.

A temporada lírica do TNSC é constituída por duas óperas, “O Chapeú de palha de Itália”, de Nino Rota, e “A filha do regimento”, de Gaetano Donizetti.

A Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP), além de acompanhar as óperas apresentará a oratória “Les Béautitudes”, de César Franck, um concerto de homenagem a José Saramago integralmente constituído por peças de Azzio Corghi, e ainda a estreia de quatro peças de compositores portugueses, numa homenagem a Richard Wagner e Giuseppe Verdi, por ocasião do duplo centenário dos seus nascimentos.

Na apresentação informal, hoje, aos jornalistas, João Paulo Santos disse que o TNSC irá editar obras sobre a sua história ou relacionadas com o teatro e também partituras, no âmbito de uma parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Neste sentido serão editadas partituras de compositores portugueses para Canto e Piano, a transcrição moderna de “A Paz da Europa”, de Domingos Bomtempo, e a ópera “Serrana”, de Alfredo Keil, mas “com a prosódia original”.

Outra área de edição será a de ensaios, que coordenará Paulo Ferreira de Castro, do Departamento de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa.

Uma terceira área de publicação do TNSC é coordenada pelo maestro e tenor Jorge Vaz de Carvalho e trata-se de resgatar dos arquivos da RDP e da RTP documentos sobre o teatro.

Segundo João Villa-Lobos, do conselho de administração do Organismo de Produção Artística (OPART), que tutela o TNSC, nos próximos seis anos deverão ser editados “dez a doze livros e também dez a doze suportes digitais, áudio e vídeo”, dos arquivos da RTP e da RDP, além das diferentes partituras.

A carreira de João Paulo Santos atravessa os últimos 36 anos da biografia do TNSC onde principiou como correpetidor, em 1976. Foi maestro titular do Coro, de 1990 a 2004, e foi diretor de Estudos Musicais e diretor Musical de Cena. Hoje aos jornalistas apresentou-se como “conselheiro de repertório” e afirmou-se “empenhado” em que não se feche o teatro e “mostrar o seu valor e qualidade”.

João paulo Santos estreou-se na direção musical em 1990 com "The Bear", de Walton. Dirigiu várias outras operas e concertos, e em 2000 recebeu o Prémio ACARTE 2000 pela direção da ópera “The English Cat”, de Hans Werner Henze.

O maestro tem-se destacado na investigação, edição e interpretação de obras dos séculos XIX e XX, designadamente das óperas “Serrana”, “Dona Branca”, “Lauriane” e “O Espadachim do Outeiro”, já apresentadas no TNSC e no Centro Cultural Olga Cadaval.

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