"Não existe nada acima de representar Portugal, nem mesmo o dinheiro"
Aos 51 anos, João Aroso conta com um trajeto algo invejável, ainda que para alguns possa parecer um nome mais discreto. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o ex-adjunto de Paulo Bento na seleção nacional detalhou, não só as passagens por Sporting, Sporting de Braga e Vitória SC, como ainda abordou as duas aventuras que teve no estrangeiro.
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Desporto Exclusivo
Há meio ano sem qualquer desafio no mundo do futebol, João Aroso confessa não ter estabelecido sonhos para a sua carreira de treinador, contando já com um percurso invejável. Não foi jogador profissional, começou como técnico de formação, aventurou-se nas funções de preparador físico e, entretanto, já se dividiu entre cargos de adjunto e de treinador principal, tanto na seleção, como em clubes de renome.
Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o técnico de 51 anos não hesitou em recordar o início da sua caminhada na formação do Pedras Rubras e do Boavista, abordando igualmente o seu percurso de preparador físico no Sporting, antes das passagens lusas pela seleção nacional, pelo Sporting de Braga B e, mais recentemente, pelo Vitória SC.
Pelo meio, João Aroso passou pela Grécia e por Marrocos, primeiro ao integrar a equipa técnica de Fernando Santos no AEK e, mais tarde, ao assumir os sub-20 da seleção africana. Todos os desafios, inclusive aqueles que assumiu academicamente e ainda como comentador desportivo, têm contribuído para o seu crescimento como treinador, confessando estar "ainda mais competente" desde que deixou a mais recente aventura em Guimarães, em agosto de 2023.
O antigo adjunto de Paulo Bento na seleção nacional também enalteceu as sensações que viveu nos jogos relativos ao Euro'2012 e ao Mundial'2014, tendo, ainda, recordado exemplos como os de José Mourinho e Carlos Queiroz ao se destacarem como treinadores sem nunca terem atingido o topo nas respetivas carreiras de futebolistas
Nunca pensei muito na questão de me tornar treinador. Obviamente que não tendo jogado a nível profissional, as coisas ficam mais dificultadasNunca equacionou ser jogador de futebol?
Isso era o que eu adorava desde pequenino (risos). Não deu. Uma coisa é querer muito, sim, mas outra coisa é ter jeito para chegar a um patamar em que podemos viver disso. Joguei a um nível baixo, mas consegui desfrutar desse gosto. Para fazer disso profissão, a qualidade não chegava. Joguei na formação, só, num clube de pouca expressão.
Em que exemplos se inspirou para se tornar treinador de futebol sem nunca sequer ter jogado profissionalmente?
Nunca pensei muito na questão de me tornar treinador. Obviamente que, não tendo jogado a nível profissional, as coisas ficam mais dificultadas. Acho que quem joga futebol a nível profissional, pelo facto de ser mais conhecido e de adquirir mais vivência como jogador, acaba por ter outro caminho. A sensação que sempre tive é que, para quem não tinha a experiência e o privilégio de ser jogador profissional, a tendência passaria por ser mais um preparador físico. Depois começou a abrir-se um bocadinho a porta de treinador de formação. Nesse momento, Carlos Queiroz foi importante para mim. Recuo aos tempos em que estava a iniciar os estudos em Ciências do Desporto. Acabo por entrar no futebol pela via de treinador de formação e, mais tarde, no que toca ao futebol profissional, aconteceu inicialmente como preparador físico. Para ser muito sincero, eu nunca fui um preparador físico tradicional, logo desde o ínicio. A minha primeira experiência foi no Sporting, com Fernando Santos. No cenário em que fui colocado, as minhas funções não se resumiam só àquilo, tendo em conta o meu contributo dentro da equipa técnica. Há um momento em que há um impacto muito grande de alguém que foi e é treinador de topo, sem ter sido jogador de futebol profissional, que é o José Mourinho. Marcou uma mudança de paradigma. Houve um primeiro momento, com Carlos Queiroz, e depois um segundo momento, com José Mourinho. Com o sucesso que eles têm, acabam por abrir a porta para aqueles que não tinham percurso como jogador de futebol profissional.
O que fazia antes de se tornar treinador ,em 1995, com 23 anos, quando assumiu os iniciados do Pedras Rubras (até 1998)?
Eu tinha feito um curso antes, quando andava na área da economia, mas não era o que eu gostava. Não queria seguir essa vertente profissionalmente. Decidi começar a estudar na área de educação física e desporto. Quando fui para o segundo ano do curso [de Ciências do Desporto], tive um convite para colaborar com os iniciados do Pedras Rubras. Um ano depois [em 1995], fui convidado para treinar a equipa.
Primeira aventura no estrangeiro? Tive o convite para regressar ao Sporting, já com Paulo Bento. Digo sempre que foi a decisão mais difícil da minha vidaEntre 1998 e 2003, treinou vários escalões de formação do Boavista até chegar ao Sporting. Esse período foi preponderante para chegar a um dos três 'grandes' do futebol português?
Não houve uma relação muito direta. Em termos de contexto foi uma diferença enorme. Passei de treinador de formação no Boavista para adjunto e preparador físico no Sporting, isto em 2003. Todas as experiências anteriores que tive ajudaram-me a estar um bocadinho mais preparado, apesar da diferença muito significativa nos contextos. Paralelamente a ser treinador de vários escalões de formação no Boavista, eu era também professor de futebol no Instituto Superior da Maia (ISM) e fui fazer um mestrado na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Foi aí que me colocaram em contacto com o Dr. Gomes Pereira, que era, na altura, o médico do Sporting e viria a ser arguente da minha tese de mestrado. Às vezes, precisamos de estar no sítio certo à hora certa. Para a época 2003/04, incumbiram o Dr. Gomes Pereira de escolher um preparador físico para treinar na equipa técnica que viria a ser liderada por Fernando Santos. O mister entrevistou-me e deu o aval. Foi assim que tudo começou para mim no futebol profissional.
Entre as funções de preparador físico, no Sporting, onde esteve seis anos (entre 2003 e 2009), ainda se aventurou no AEK, em 2005. Como é que isso aconteceu?
Trabalhei um ano com Fernando Santos e, depois, um ano com José Peseiro. Mais tarde, surge o convite do Fernando Santos para trabalhar com ele no AEK, na época a seguir [2005/06]. Por razões, sobretudo, pessoais, acabei por sair pouco depois. Tive o convite para regressar à equipa do Sporting, já com Paulo Bento. Digo sempre que foi a decisão mais difícil da minha vida. Sentia-me bem no AEK, com boa relação com Fernando Santos e o clube, mas a minha filha era bebé e estava com a minha mulher em Alcochete. Essa foi a razão determinante para que eu pedisse ao Fernando Santos e ao clube que me libertassem. Foi assim que regressei ao Sporting.
Ainda antes da chegada à seleção nacional, o nome de João Aroso começou a dar que falar enquanto preparador físico do Sporting© Álvaro Isidoro / Global Imagens
Durante essa passagem pelo Sporting, sentia que o facto de não ser treinador e ocupar um papel mais secundário numa equipa técnica, embora num 'grande' de Portugal, era um passo necessário para evoluir mais tarde como técnico?
O facto de eu ter desempenhado outras funções levaram a que eu tentasse sempre ser o mais competente possível a dar resposta aos temas relacionados com a preparação física e a metodologia do treino. Mesmo não sendo o responsável por essa área há vários anos, esse conhecimento ajudou-me a ser mais competente, até porque fiquei com um olhar mais abrangente para aquilo que é o processo de treino.
Esteve também às ordens de Fernando Santos, José Peseiro e Paulo Bento. Com quem mais gostou de trabalhar ou mais se identificou?
É difícil responder a isso, por várias razões. Uma delas é que trabalhei com Paulo Bento durante muitos anos. Foram quatro no Sporting e outros quatro na seleção nacional. O conhecimento e o envolvimento foi obviamente mais consistente do que tive com Fernando Santos e José Peseiro. O que posso dizer é que todas essas experiências contribuíram muito para o meu crescimento como treinador.
Que conquistas aponta como cruciais em Alvalade durante a sua passagem?
Destaco a primeira Taça de Portugal [em 2006/07], por ter sido o primeiro troféu. Recordo-me que foi contra o Belenenses [1-0], de Jorge Jesus. Nesse período, com Paulo Bento, o Sporting atravessava uma fase difícil do ponto de vista do investimento e isso obrigou a uma aposta grande na formação. Felizmente, tinham muita qualidade na formação. Foi uma fase em que, com pouco, fizemos bastante. Lembro-me de quatro qualificações para a Liga dos Campeões, também. Acho sempre que é possível fazer melhor, mas tendo em conta as circunstâncias foi um trajeto positivo
Para mim, trabalhar em representação do meu país, é o topo. Lembro-me da primeira vez que ouvi o hino nacional como elemento integrante da seleçãoAcabou por rumar à seleção nacional, onde treinou outros craques, entre 2010 e 2014, como adjunto de Paulo Bento. Quais as memórias que guarda, sobretudo do Euro'2012 e do Mundial'2014?
Tinha um sentimento de orgulho por estar a representar o meu país. Costumo dizer que não existe mais nada acima de representar a nossa seleção, nem mesmo questões financeiras. Para mim, trabalhar em representação do meu país, é o topo. Lembro-me bem da primeira vez que ouvi o hino nacional como elemento integrante da seleção, embora fosse sempre especial [já antes]. A estreia aconteceu no Estádio do Dragão, contra a Dinamarca, no apuramento para o Euro'2012. Ambos os apuramentos, tanto para esse Europeu, no playoff com a Bósnia, como no do Mundial de 2014, diante da Suécia, foram momentos muito especiais. Lembro-me também da nossa chegada a Portugal depois do Euro'2012. É certo que não conquistámos o título e parece que nem tem a mesma expressão dizer isto depois da conquista do Euro'2016. A verdade é que, na altura, foi uma campanha muito boa, com a chegada às 'meias', onde fomos eliminados nos penáltis diante de Espanha, que tinha uma das melhores equipas de sempre. Tínhamos a sensação de que, se tivéssemos vencido esse jogo, teríamos sido campeões da Europa. A chegada a Lisboa, com o tributo de milhares e milhares de portugueses, foi um momento absolutamente emocionante. Recordo-o com muita emoção.
Sai em 2014 após o Mundial com sabor amargo?
Sem dúvida. Eu sentia que, se nos projetássemos naquele contexto, numa altura em que o futebol português não era muito respeitado no Brasil e se resumia a Cristiano Ronaldo, teria sido tudo diferente. Era uma oportunidade de mostrarmos a um país fantástico como o Brasil que tínhamos muita qualidade, apesar de sermos de um país pequeno.
João Aroso teve a oportunidade de estar junto de grandes craques portugueses enquanto esteve na seleção nacional, já depois de ter orientado algumas referências lusas em Alvalade © Henriques da Cunha / Global Imagens
Qual foi a sensação de estar perto dos melhores dos melhores ao exercer o papel de treinador adjunto na seleção nacional?
A sensação era muito boa. Aquela seria, provavelmente, a melhor equipa de sempre que alguma vez treinaria. Tive também um impacto grande quando cheguei ao Sporting, ao trabalhar com jogadores que via a partir da televisão. Na seleção, até já tinha trabalhado com vários daqueles jogadores e até defrontado. O mais especial era mesmo estar a representar o meu país, do ponto de vista emocional.
Como surgiu o convite para treinar os iniciados de Portugal, em 2015?
Foi um convite que me honrou. Depois da saída da seleção, eu tinha tomado a decisão de não continuar a trabalhar na equipa técnica de Paulo Bento. Conversei com ele sobre isso. Uns meses depois, surgiu esse convite por parte da Federação [Portuguesa de Futebol] que me sensibilizou. É bom quando nos convidam para voltarmos a um sítio onde já estivemos. É bom sinal. Ficou o apreço do ponto de vista pessoal e profissional. Fui para um contexto muito diferente, até porque foi a minha primeira experiência como treinador principal, com um núcleo de jogadores completamente distinto. Deu-me um gosto muto grande e recordo essa experiência com muito carinho. Sensações do Euro'2016? O que eu costuma fazer passava por dar-lhes exemplos positivos de jogadores que eles conheciam e idolatravam.
Saída do Sporting de Braga? Podia estar aqui a dizer muita coisa que não correu bem, de ordem desportiva e não desportiva (...) Foi uma decisão exclusiva do presidente [António Salvador]Rumou, depois, ao Sporting de Braga B, face à subida de Abel Ferreira à equipa principal, na reta final da época 2016/17, ficando depois para a temporada seguinte. A oscilação de resultados conduziu à sua saída?
Acabou por ser por decisão do presidente [António Salvador]. Se olharmos para as equipas bês que estão na II Liga [atualmente apenas Benfica B e FC Porto B], percebe-se as dificuldades que sentem em manterem-se nesse campeonato. A sensação que ficava era a de que jogávamos muito bem, mas, depois, existia a experiência e a 'matreirice' de jogadores adversários mais velhos que acabavam por ser decisivas. Isso acabou por ser crucial, na decisão do presidente do Sporting de Braga.
Faltou-lhe tempo para desenvolver mais a sua ideia de jogo?
Foi o que foi. Podia estar aqui a dizer muita coisa que não correu bem, de ordem desportiva e não desportiva. Estar agora a dizer que se eu ficasse mais tempo teria corrido melhor... Não faz muito sentido ir por aí. Foi uma experiência boa, que me permitiu também aprender com coisas que fiz menos bem. Fiquei mais experiente e preparado, num contexto em que gostei de trabalhar, muitíssimo difícil. Recordo-me que também o Abel Ferreira teve muitas dificuldades em épocas anteriores. A equipa B do Sporting de Braga chegou a descer de divisão e não foi nessa época. Isto espelha as dificuldades associadas a uma equipa B. Não posso dizer muito mais.
Saiu com sabor agridoce ou com má relação com António Salvador?
Saí de Braga com uma relação muito boa com muita gente. Quando vou a Braga sou bem recebido. Foi uma decisão exclusiva do presidente.
Treinador de 51 anos teve uma passagem curta pelo Sporting de Braga, antes de entrar numa pausa a nível de projetos em clubes© Getty Images
O seu regresso ao estrangeiro, pelas portas dos sub-20 de Marrocos, aconteceu em 2020. O que fez durante aqueles 2/3 anos de ausência de projetos?
Tenho estado quase sempre ocupado com futebol. Agora, não é o caso, mas, nos momentos anteriores em que não estive a trabalhar, fui tendo convites, como por exemplo trabalhar na Faculdade, como professor de futebol, ou até mesmo colaborar com orgãos de comunicação social, como comentador. Isso permitiu-me continuar a evoluir. Como comentador, tinha a necessidade de analisar equipas e isso permitiu-me melhorar a capacidade de análise e comunicação. Foi bom para a minha condição de treinador. Nunca estive parado.
Como correu a experiência nos sub-20 de Marrocos?
Gostei imenso. Fui para lá porque me candidatei a concursos de cargos de selecionador para vários escalões de Marrocos. Fui entrevistado, fiz uma sessão prática no campo e fui convidado para ser selecionador dos sub-20. A experiência foi fantástica. As condições de treino eram do melhor que conheci até hoje, com jogadores de enorme qualidade. Já não é surpresa fruto do sucesso que a seleção principal de Marrocos teve no último Mundial [no Qatar, onde eliminou Portugal]. Podia fazer quatro onzes de sub-20 de enorme qualidade, desde jogadores em clubes marroquinos a outros a atuar na Europa. Até era difícil fazer convocatórias. Estive lá nove meses, na altura da pandemia [da Covid-19]. Acabei por regressar a Portugal por solicitação da minha parte. Um dos jogadores que agora está em destaque na seleção principal é o Abde Ezzalzouli, que foi contratado pelo Barcelona.
Abordagens desde a experiência no Vitória SC? Tive contactos, desde países árabes a Brasil e PortugalComo surgiu o convite para se juntar a Moreno Teixeira, no Vitória SC, já no decorrer da época 2022/23?
Eu não conhecia pessoalmente o Moreno. Ele teve boas informações minhas através de pessoas em quem confiava bastante. Isso levou a uma insistência muito grande em convencer-me a aceitar. Não foi uma decisão fácil, sobretudo pelo contexto burocrático, mas ainda bem que fui. Foi um gosto enorme trabalhar no Vitória SC.
Que convites surgiram entretanto desde que saiu do Vitória SC?
Cheguei a ter abordagens ainda durante o percurso no Vitória. Tive outras ainda mais concretas já depois de ter saído. Até ao momento, não houve nenhuma que me estimulasse o suficiente para eu voltar a treinar.
Em que países?
Não vou concretizar muito, por respeito aos contextos. Tive contactos, desde países árabes a Brasil e Portugal.
O que ambiciona para o futuro?
Não consigo dizer que há um determinado contexto que eu pretenda. Acima de tudo, sou treinador de futebol. Já trabalhei em contextos muito distintos. Há várias situações que me podem estimular. Seja no papel de treinador principal ou de adjunto, consoante a dimensão e com quem trabalharia, tem de ser algo que me estimule em termos de carreira.
João Aroso encontra-se sem clube desde agosto de 2023, altura em que deixou o Vitória SC de forma algo dramática© Getty Images
Tem algum sonho?
Não tenho propriamente um sonho. Sinto-me feliz quando estou a trabalhar no futebol num contexto que me seduza. Isso é que me faz sentir realizado. Se eu não tivesse trabalhado já na seleção nacional, se calhar, teria esse sonho de um dia representar o meu país. Já aconteceu. Quero algo que me faça sentir apaixonado pelo trabalho e que seja um passo positivo na minha carreira.
Inspira-se em que treinadores?
Em vários. Nesta fase em que estou parado, optei por não colaborar como comentador, nem voltar à Faculdade [como professor]. O meu foco é analisar equipas que eu gosto. Escrever e preparar-me ainda mais e melhor para quando o próximo contexto surgir. É difícil elencar treinadores, mesmo em Portugal. Prefiro nem referir, porque, dentro da nossa cultura desportiva, as coisas geram um impacto que não é muito agradável, mas claro que há equipas na nossa Liga que eu gosto de ver jogar, com treinadores com que me identifico. Lá fora, também. Posso dizer que, em Espanha, gosto de ver jogar a Real Sociedad e o Girona. O Bayer Leverkusen na Alemanha. Já na Premier League, há várias, mas destacaria, neste momento, o Liverpool.
Sinto que, neste momento, estou mais preparado e tenho mais conhecimento do que quando saí do Vitória SCTendo em conta esse ADN de jogo, imaginava-se a trabalhar com essas equipas técnicas?
Não queria ir por aí (risos). Pode até parecer presunção. Procuro extrair conceitos dessas equipas que sejam diferentes. Quando estou a treinar, não tenho tanto tempo para ver [outros jogos], para além do contexto em que trabalho. Estando no Vitória, o foco era a I Liga. Não conseguia ver jogos na Premier League, por exemplo. Agora, posso dedicar-me a isso, de forma a ver ideias que gosto. Felizmente, há treinadores que continuam a criar muito, a inovar e tem sido um gosto identificar e refletir sobre essas ideias, de forma a que eu próprio consiga evoluir. Sinto que, neste momento, estou mais preparado e tenho mais conhecimento do que quando saí do Vitória.
Tem estado dedicado apenas a essas análises desde que saiu do Vitória SC?
A aprendizagem é permanente, seja no treino ou no jogo. Passo muitas horas do dia dedicado a isto. Vejo jogos, penso em situações de treino e tomo notas sobre dinâmicas. Pontualmente, tenho uma ou outra palestra, uma ou outra ação de formação. Gosto de fazê-lo, mas não sistematicamente. O meu tempo, ultimamente, tem sido ocupado predominantemente nisto. A ver um jogo, posso demorar três horas. Paro, volto atrás, extraio clips e faço printscreens e grafismos. No fundo, isto dá-me um prazer muito grande que só é superado quando estou no campo. Esse é o prazer maior.
João Aroso acabou por colocar a passagem pela seleção nacional como o auge da sua carreira até ao momento, não hesitando em destacar que todas as restantes experiências têm contribuído de forma direta e crucial para o treinador que é atualmente© António M. Simões / Global Imagens
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