Que bela maneira de homenagear Diogo Jota! A caminhada de Portugal até ao Campeonato do Mundo de 2026 arrancou, este sábado, com direito a uma goleada frente à Arménia (0-5), em Erevan, onde o antigo internacional português, vítima mortal de um acidente de viação há dois meses, acabou por ser repetidamente recordado - sobretudo com mais um minuto de silêncio (igualmente dirigido a André Silva e Jorge Costa).
No primeiro jogo oficial desde a trágica morte do ex-Liverpool, a seleção orientada por Roberto Martínez entrou com tudo e não tardou em colocar-se a vencer, por intermédio de João Félix (10'), ele que estava de regresso ao onze inicial.
Já depois de ter dado que falar durante o hino português, Cristiano Ronaldo tornou-se protagonista de um momento que mais parecia estar destinado, ao dilatar a vantagem precisamente ao minuto 21, o número que era utilizado por Diogo Jota na seleção das quinas. Como disse o selecionador nacional, foi um "sinal" dado pelo ex-avançado a 'empurrar' Portugal para a glória.
Ainda antes do intervalo, João Cancelo, outro dos regressados à equipa titular montada por Roberto Martínez, apontou o terceiro golo português (32'). O defesa do Al Hilal mal sabia que se estava a 'intrometer' entre o 'show' dos rivais do Al Nassr, numa partida em que os cinco golos tiveram selo do campeonato da Arábia Saudita.
Cristiano Ronaldo chegou ao bis com um golaço a abrir o segundo tempo (46') e, já sem o craque madeirense em campo, João Félix tratou de imitar o seu companheiro de clube e de seleção, com o 0-5 final a ser apontado aos 61 minutos. No meio de tudo isto, Diogo Costa mais pareceu um mero espectador na baliza lusa.
Desta forma, Portugal assume a liderança do grupo F, com os primeiros três pontos, à frente da República da Irlanda e da Hungria, cujo empate entre ambas determinou um ponto para cada. O próximo desafio é precisamente diante dos húngaros, esta terça-feira, em Budapeste, a partir das 19h45 (horário de Portugal Continental).
Vamos então às notas da partida:
Figura
Cristiano Ronaldo é uma máquina de fazer golos, custe a quem custar. Já vai em 942 em toda a carreira, em termos oficiais. CR7 chegou ao seu quarto jogo seguido a marcar pela seleção nacional - algo que já não acontecia desde 2019 - e logo com direito a um bis. O madeirense abriu o 'show' com um golo em honra de Diogo Jota, seguindo-se outro 'Siiii' no arranque do segundo tempo, sem ter errado um único passe. O 'prémio' podia ir para João Félix ou João Cancelo, mas a carga emocional do minuto 21 assume outro impacto.
Surpresa
Também aqui Félix e Cancelo ficam 'taco a taco', mas a maior surpresa terá sido mesmo João Félix, pela forma assertiva como respondeu à confiança dada por Roberto Martínez, no momento de lhe devolver a titularidade. Novamente ao lado de Cristiano Ronaldo, o ex-Benfica replicou a 'receita' de Jorge Jesus no Al Nassr e 'dividiu' o brilhantismo com CR7, ambos com um bis, com a particularidade de ter aberto e fechado a goleada. O avançado de 25 anos já mostrou que também tem lugar no onze inicial.
Desilusão
Erik Piloyan acabou por ser um dos destaques mais negativos do setor defensivo da Arménia. Condicionado desde o minuto 26, altura em que viu o único cartão amarelo mostrado em todo o encontro, o defesa-central vacilou em vários duelos e acumulou algumas perdas de bola, não tendo estofo para a 'avalanche' ofensiva de Portugal, desde Cristiano Ronaldo a João Félix, Pedro Neto e outros tantos. Manteve-se em campo até ao fim, mas os arménios só não sofreram mais porque os portugueses tiraram o 'pé do acelerador'.
Treinadores
Eghishe Melikyan operou várias mexidas face ao último onze inicial da Arménia, porém, não teve sorte nenhuma no adversário que 'apadrinhou' a sua estreia na seleção do seu país. Sem grande espaço para criar oportunidades de golo junto da baliza de Diogo Costa, a sua equipa limitou-se, na medida do possível, a tentar travar o poderio de Portugal. Não foi fácil e isso fica 'espelhado' no resultado de um jogo em que as mexidas só aconteceram a partir da hora de jogo, com as primeiras substituições a antecederem... o 0-5 de João Félix.
Roberto Martínez não 'inventou' desta vez e, após ter 'devolvido' João Neves ao meio-campo (com João Cancelo na lateral-direita), apenas terá surpreendido ao apostar na titularidade de João Félix, cuja explicação foi prontamente dada. Com as peças no devido sítio, Portugal deu uma boa versão de si, mesmo sem fazer uma exibição 'alucinante', com elevados níveis de eficácia a conduzirem a construção de uma goleada tranquila. Aliás, as substituições permitiram isso mesmo no segundo tempo.
Árbitro
Anthony Taylor não era um árbitro de propriamente boa memória para Portugal, mas a verdade é que o histórico ficou lá atrás e, no que toca a este jogo no Vazgen Sargsyan Republican Stadium, tudo correu dentro da normalidade. Seguro no momento de apitar as faltas e coerente na hora de puxar dos cartões do bolos (tendo-o feito por uma só ocasião), o juiz inglês não precisou de recorrer ao sistema de videoarbitragem para corrigir qualquer decisão e protagonizou uma boa exibição.
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