Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Filipe Albuquerque analisou a sua participação nas 24 Horas de Daytona, no final do mês de janeiro, e fez a antevisão do próximo Campeonato do Mundo de Resistência (WEC) e da edição de 2016 das 24 Horas de Le Mans, depois de ter sido anunciado como piloto da RGR Sport by Morand.

Como correram as 24 Horas de Daytona?

Bom, não correu como eu queria, nem como eu desejava. Éramos favoritos à vitória. Estava tudo a correr bem, estivemos sempre na volta do líder e estivemos sempre nos três primeiros. Liderámos grande parte da corrida. Infelizmente, a três horas do fim, tivemos um problema no semi-eixo traseiro onde perdemos cinco voltas e acabámos em quarto. Foi, se calhar, uma peça defeituosa, porque também o carro nosso colega de equipa teve o mesmo problema. Bastante estranho, até porque a Action Express, esta equipa, é conhecida por, ou melhor, a estatística dela, é que fez todas as voltas nos últimos dois anos em todas as corridas. É impressionante.

Se não fosse esse problema, era possível ter vencido a prova?

Se não tivessemos tido este problema, não vou dizer que ganhávamos, porque isso é muito forte para se dizer e nunca se pode afirmar tal coisa, mas posso garantir que estaríamos na luta pela vitória. Agora, acabar em primeiro ou em segundo ou em terceiro acho que era onde podíamos ficar, porque os três primeiros estavam muito próximos.

Este ano, o Filipe vai participar na American Le Mans Series e no WEC. A dificuldade é maior por participar em dois campeonatos importantes em simultâneo?

Apenas requer mais coordenação, mais organização da minha parte para gerir os dois projetos em que vou estar envolvido. Mas não. Já estive envolvido em dois projetos, até em três projetos, no passado, e não foi isso que me fez ser mais lento ou mais rápido, portanto já tenho experiência em lidar com mais do que um programa num ano.

Para o WEC, qual é o objetivo da equipa?

Para o WEC é lutar, claramente, pelas vitórias, lutar pelo título e lutar em cada corrida pelos lugares da frente. Agora, sabemos que o WEC, o Campeonato do Mundo, é sempre muito disputado e, ainda para mais, este ano, vão estar mais carros e boas equipas. Ainda não testei o carro mas acredito que será competitivo. Ganhou o ano passado o campeonato do mundo. As perspetivas são sempre as melhores, mas faltam ainda as primeiras corridas para nos confirmarmos como favoritos, digamos assim, ou que cada piloto, ou que cada equipa, se considere favorita na classe.

Este ano o Filipe volta às 24 Horas de Le Mans. A vitória é o objetivo principal da equipa?

Sim. O objetivo é fazermos sempre o melhor em cada corrida e acho que com o equipamento que temos nesta equipa, carro, pilotos, podemos ser ambiciosos ao ponto de dizermos que vamos lutar pela vitória em cada corrida. É esse o novo objetivo. As 24 Horas de Le Mans são uma corrida mais difícil para toda a gente, é uma prova mítica, mas o objetivo é ganhar e isso é fantástico.

No ano passado, o Filipe Albuquerque chegou a liderar e teve a volta mais rápida da prova. Enquanto liderava, e sabendo que faltavam muitas horas para o fim, sentia que era possível vencer a prova?

Não, nunca senti isso. Apenas senti que estávamos a fazer um bom trabalho e queria continuar. Mesmo quando estava a fazer aquelas voltas boas, quando estava a liderar, nunca fui de euforias, de descolar os pés da terra, porque sei perfeitamente que a qualquer minuto alguma coisa pode acontecer e deitar tudo a perder. Fui sempre muito calmo, estava a fazer umas boas voltas e estava muito sereno, apesar de as coisas estarem a correr bem.

Na prova deste ano, a RGR Sport by Morand compete nas 24 Horas de Le Mans em LMP2. O Filipe sonha em vencer a prova em LMP1?

Claro, mas gosto de me concentrar no que tenho em mãos neste momento. Vou ter o campeonato do mundo e vou correr de LMP2, portanto vou concentrar-me em ganhar as 24 Horas de Le Mans na classe em que vou competir, em LMP2. É claro que é um sonho para mim ganhar em LMP1, principalmente depois de no último ano provar que sou tão rápido quanto os outros e de ter a segunda volta mais rápida de sempre de Le Mans, na corrida. Dá-me bastante conforto saber que tenho capacidades para estar a bom nível.

Fala-se sempre muito nas grandes corridas em Portugal. É possível o país, Estoril ou Algarve, receber uma prova do WEC?

Acho que é possível, temos condições para isso. Agora, depende muito do calendário, de quais são os interesses do campeonato. Parte, também, do interesse das pistas terem o campeonato ou não. É difícil de prever, mas temos condições.