Grevistas da CGD-França em oitava manifestação em Paris
Cerca de 80 trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em França voltaram a manifestar-se hoje em Paris, contra uma eventual privatização da sucursal francesa, pela oitava vez desde o início da greve há quase dois meses.
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O protesto aconteceu junto ao Consulado-Geral de Portugal em Paris, entre bandeiras portuguesas e cartazes a indicar 'Em greve' e 'A Caixa unida jamais será vendida'.
"A manifestação de hoje é para continuar a fazer pressão sobre o Governo contra a alienação da Caixa Geral de Depósitos, é evidente. E penso que mesmo depois de a greve acabar, se a greve acabar, vamos continuar a manifestar-nos e vamos continuar a exercer toda a pressão que está ao nosso alcance para impedir a alienação", disse Lurdes Monteiro, delegada sindical da Force Ouvrière, um dos sindicatos que apoia a greve, à Lusa.
Questionada sobre até quando vai durar a paralisação, iniciada em 17 de abril, Lurdes Monteiro disse que "será consoante as negociações, mas em princípio a greve mantém-se enquanto houver negociações".
Esta terça-feira, o Tribunal de Grande Instância de Paris pronunciou-se pela nomeação de um mediador para as negociações, que foi requerido pela CGD devido ao desacordo entre direção e sindicatos grevistas sobre quem pode assinar um protocolo de fim de greve, já que a paralisação foi apoiada pela intersindical francesa FO-CFTC, mas não foi seguida pelos sindicatos CGT e CFDT.
"Vamos, com certeza, tolerá-los em reunião, é evidente, e aceitar que eles venham às reuniões, mas reconheço que é ilegítimo um sindicato que não chama à greve, que desmobiliza e que quer fazer parte da negociação da assinatura do protocolo do fim de greve", afirmou Lurdes Monteiro, que também é membro da comissão de negociação eleita pelos trabalhadores em greve.
O Tribunal de Grande Instância de Paris vai, ainda, pronunciar-se, em 26 de junho, sobre o pedido da intersindical FO-CFTC para ter acesso ao plano de reestruturação acordado entre o Governo português e Bruxelas e que é a principal reivindicação dos grevistas.
"Queremos uma cópia do plano de reestruturação integral no que diz respeito à sucursal de França. Mesmo que haja partes confidenciais, como eles dizem, nós não queremos saber a parte que diz respeito a Portugal ou a outras sucursais, o que queremos é saber o que diz respeito a França. Se não obtivermos a cópia do plano, queremos garantias para as pessoas, quais as condições em que as pessoas vão ser despedidas ou vendidas, como e quando", continuou Lurdes Monteiro.
Para esta sexta-feira está convocada nova manifestação junto à Embaixada de Portugal em França, mas a delegada sindical disse que os trabalhadores vão votar, ainda hoje, se se mantém o protesto já que esta tarde o Tribunal de Grande Instância de Paris vai oficializar a intervenção do mediador nas negociações.
"Os trabalhadores estão decididos e sabem que só podemos continuar a lutar, não podemos baixar os braços. As manifestações vão depender do ritmo das reuniões de negociação. Se as reuniões avançarem continuamente, temos de estar na sede para as reuniões e penso que os colegas também gostarão de estar lá no pátio à espera de saber novidades", concluiu Lurdes Monteiro.
Esta semana houve também uma manifestação junto à Autoridade de Controlo e de Resolução, o organismo francês de supervisão dos bancos e, nas últimas duas semanas, houve três protestos junto à Embaixada, dois perto do Consulado - incluindo um em que participou o deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira - e um na Federação Bancária Francesa.
A sucursal em França da CGD tem 48 agências e mais de 500 trabalhadores.
No dia 21 de junho, "uma pequena delegação" de trabalhadores grevistas vai ser recebida em Belém pelos assessores para os assuntos do Trabalho e para a Economia, depois de um "pedido de audiência urgente ao Presidente da República", enviado em 29 de maio.
A redução da operação da Caixa Geral de Depósitos fora de Portugal (nomeadamente Espanha, França, África do Sul e Brasil) foi acordada em 2017 com a Comissão Europeia como contrapartida da recapitalização do banco público.
Em 24 de maio, o Governo aprovou em Conselho de Ministros os cadernos de encargos com as condições para a venda dos bancos da CGD na África do Sul e em Espanha.
Em 10 de maio, Paulo Macedo afirmou querer manter a operação da CGD em França e adiantou que está a negociar isso com as autoridades, apesar de ter sido também acordada a sua venda, mas acrescentou que isso só acontecerá se a "operação for sustentável, rentável e solidária" com os esforços feitos pelo banco.
A redução da operação da CGD acordada com a Comissão Europeia passa também pelo fecho de 180 balcões em Portugal até 2020, cerca de 70 agências encerram este ano, entre as quais a maioria já este mês, de acordo com comunicado desta segunda-feira do banco público.
Em 2017, fecharam 67 balcões, pelo que, com o encerramento destas 70 agências, a CGD terá ainda de fechar mais 43 balcões nos próximos dois anos.
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