Grevistas da CGD-França manifestam-se pela nona vez contra alienação
Pela nona vez desde o início da greve que dura há dois meses, um grupo de trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em França manifestou-se hoje, em Paris, contra uma eventual privatização da sucursal e prometem mais protestos.
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Economia Privatização
A Embaixada de Portugal em França foi, pela quarta vez, o local escolhido para o protesto, na semana em que o Consulado-Geral de Portugal e a Autoridade de Controlo e de Resolução, o organismo francês de supervisão dos bancos, foram os outros locais das manifestações em Paris.
"Continuamos a reivindicar a mesma coisa. A primeira palavra de ordem é não, não, não à alienação. Não reivindicamos apenas garantias, salários, condições de trabalho dignas e um serviço de qualidade para a clientela. Nós reivindicamos que a Caixa deve continuar pública. A venda da sucursal de França configura a privatização de uma parte da empresa pública e nós lutamos contra isso", disse à Lusa Cristina Semblano, porta-voz da intersindical francesa FO-CFTC.
A também membro da comissão de negociação eleita pelos trabalhadores em greve precisou que vai haver novas manifestações, em Paris, na próxima terça-feira junto ao Consulado-Geral de Portugal e na próxima sexta-feira junto à Embaixada de Portugal em França.
Cristina Semblano disse, também, que os grevistas se vão repartir entre os protestos, as negociações com o mediador recém-nomeado pelo Tribunal de Grande Instância de Paris e a recolha de assinaturas para uma petição a entregar na Assembleia da República "contra a privatização da sucursal em França da CGD".
Ao fim de quase dois meses de greve, a intervenção de um mediador nas negociações entre sindicatos e direção, oficializado pelo Tribunal de Grande Instância de Paris, na sequência de uma ação judicial da CGD, traz algumas esperanças para o fim de um conflito que "está a custar muito caro aos trabalhadores que estão em greve, à sucursal e ao país já que é uma empresa pública".
"Eu espero veementemente que seja o mais rápido possível. Se me disser que a greve acaba no sábado, eu ficaria muito satisfeita, mas, pelo agendamento de reuniões, penso que será necessário mais tempo e espero firmemente que no final da próxima semana haja um protocolo assinado para pôr termo a este conflito", afirmou Cristina Semblano, sublinhando que "durante o período de negociações, os trabalhadores querem continuar a greve".
O Tribunal de Grande Instância de Paris vai pronunciar-se, em 26 de junho, sobre o pedido da intersindical FO-CFTC para ter acesso ao plano de reestruturação acordado entre o Governo português e Bruxelas.
A sucursal em França da CGD tem 48 agências e mais de 500 trabalhadores.
No dia 21 de junho, uma delegação de trabalhadores grevistas vai ser recebida em Belém pelos assessores para os assuntos do Trabalho e para a Economia e "também se vai tentar reunir com representantes dos grupos parlamentares".
A redução da operação da Caixa Geral de Depósitos fora de Portugal (nomeadamente Espanha, França, África do Sul e Brasil) foi acordada em 2017 com a Comissão Europeia como contrapartida da recapitalização do banco público.
Em 10 de maio, Paulo Macedo afirmou querer manter a operação da CGD em França e adiantou que está a negociar isso com as autoridades, apesar de ter sido também acordada a sua venda, mas acrescentou que isso só acontecerá se a "operação for sustentável, rentável e solidária" com os esforços feitos pelo banco.
A redução da operação da CGD acordada com a Comissão Europeia passa também pelo fecho de 180 balcões em Portugal até 2020, cerca de 70 agências encerram ainda este ano, entre as quais a maioria já este mês, de acordo com comunicado do banco público.
Em 2017, fecharam 67 balcões, pelo que, com o encerramento destas 70 agências, a CGD terá ainda de fechar mais 43 balcões nos próximos dois anos.
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