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Banco de Pagamentos Internacionais quer indicadores para avaliar recessão

O Banco de Pagamentos Internacionais (BPI) sugeriu hoje que se deve avaliar o risco de recessão, não apenas através da curva de rendimentos da dívida soberana dos Estados Unidos, mas através de outros indicadores "mais heterogéneos".

Banco de Pagamentos Internacionais quer indicadores para avaliar recessão
Notícias ao Minuto

19:08 - 22/09/19 por Lusa

Economia Recessão

No último relatório trimestral, hoje publicado, o BPI referiu que "o comércio internacional e a política monetária foram os fatores mais determinantes para a evolução dos mercados no trimestre passado".

Neste período, os preços dos ativos de risco caíram pressionados pelo agravar das tensões comerciais e recuperaram com as medidas de expansão monetária.

"As curvas de rendimentos inverteram-se, em agosto, nas principais economias, o que em alguns casos foi tido como sendo um indicador do aumento do risco de recessão", salientou o BPI.

As taxas de juro da dívida soberana a longo prazo abaixo do rendimento das de curto prazo, surgiu novamente em agosto como um indicador que sugere uma recessão futura.

Não obstante, o BPI entende que outros indicadores refletem "um panorama mais heterogéneo".

Com a queda das taxas de juro, o volume da dívida com rendimentos negativos atingiu novos máximos.

O chefe do Departamento Monetário e Económico do BPI, Claudio Borio, explicou que "cada vez são mais os investidores que estão a pagar pelo privilégio de desfazer-se do seu dinheiro".

"Isto tinha sido impossível no momento da última grande crise financeira. Mas que o impensável se torne habitual é um tanto inquietante", comentou o responsável.

O volume de obrigações soberanas e inclusivamente empresariais, com taxas de juro negativas atingiu um novo máximo histórico de mais de 17 biliões de dólares (cerca de 15,2 biliões de euros segundo algumas estimativas, o que equivale a aproximadamente 20% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, segundo dados avançados por Claudio Borio.

Em meados de setembro, 50% das obrigações com rendimentos negativos estavam denominadas em euros, 40% em ienes e uma fração pouco significativa em dólares, assinalou o BPI.

Pelo contrário, mais de 40% das obrigações com rentabilidades positivas estavam denominadas em dólares.

A rentabilidade das obrigações do Tesouro norte-americanas, a 10 anos, caiu 80 pontos base e o diferencial em relação aos Bilhetes do Tesouro a três meses caiu para terreno negativo em maio e de novo em agosto, quando aumentaram as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.

Os rendimentos das obrigações japonesas, no prazo de 10 anos, caíram 10 pontos base e em algumas economias avançadas as rentabilidades recuaram entre 50 e 100 pontos base, com a maioria das curvas do rendimento das obrigações das economias avançadas a estarem invertidas.

As obrigações soberanas nos Estados Unidos e no Reino Unido, contudo, oferecem rendimentos positivos, enquanto as da zona euro apresentam-se negativas.

Na Suíça, os rendimentos estão abaixo de zero para o vencimento de obrigações até 30 anos, enquanto na Alemanha e na Holanda é para prazos até 25 anos.

O mercado entende que uma curva de rendimentos invertida é um sinal de "fraqueza eminente".

Nos Estados Unidos a curva invertida do rendimento das obrigações do Tesouro antecedeu todas as recessões desse 1973, pois os investidores prognosticavam que a economia estava a enfraquecer-se e antecipavam mais estímulos monetários e taxas de juro de curto prazo mais baixas no futuro.

"Há que ser prudente na hora de interpretar os sinais da curva de rendimentos, porque a Reserva Federal tem baixado os juros e não endureceu a sua política monetária. E há outros indicadores que apontam para um panorama menos pessimista", salientou Borio.

No passado, quando a curva de rendimentos das obrigações do Tesouro norte-americano se inverteram, a política monetária era restritiva, disse aquele responsável.

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