Banco de Portugal "está ativo naquilo que lhe é possível fazer"
O vice-governador do Banco de Portugal (BdP) Luís Máximo dos Santos disse hoje no parlamento que a instituição está ativa "naquilo que lhe é possível fazer" nas várias dimensões de atividade, incluindo nas taxas de juro negativas.
© D.R.
Economia Vice-governador
"Muito francamente, o Banco [de Portugal] está ativo naquilo que lhe é possível fazer. Costumo às vezes dizer: 'peça-se tudo ao Banco de Portugal, que ele pode fazer, não se peça à supervisão aquilo que a regulação não consente'", respondeu Luís Máximo dos Santos ao deputado único da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, numa audição da Comissão de Orçamento e Finanças, no parlamento.
O deputado tinha questionado o vice-governador sobre os mecanismos que o Banco de Portugal tem ao seu dispor em termos de supervisão, ao que Luís Máximo dos Santos referiu também que não podem depender do banco central "aspetos que decorrem, em última análise, de uma economia profundamente integrada na economia mundial e das políticas nacionais que são da responsabilidade, obviamente, dos órgãos de soberania".
Anteriormente, o vice-governador já tinha salientado, referindo-se à supervisão, que "quem gere os bancos são os gestores".
"O que nos cabe é identificar, através da massa crítica de informação que temos, e dos dados completos que nós possuímos, alertar e dizer 'bom, há este problema, há aquele outro problema'", disse Máximo dos Santos, acrescentando que "no diálogo através das diferentes supervisões, tanto no plano prudencial como no comportamental, e macroprudencial", se deve "debater as questões a fundo".
Já relativamente às taxas de juro negativas, o vice-governador do BdP disse que "não há bela sem senão", sustentando que Portugal beneficiou dessa medida de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), mas que agora esse ambiente se poderá arrastar no tempo, uma "inversão de paradigma".
"O que muitos autores estão a sublinhar é que este ambiente de taxas negativas está-se a perpetuar, a ir mais longe do que inicialmente se pensou, e também gera danos colaterais", afirmou, referindo-se à possibilidade de haver procura de investimentos mais arriscados ou concentração no imobiliário já mencionada em documentos do Banco de Portugal.
Luís Máximo dos Santos disse que parte da missão do supervisor é "alertar, avisar, pôr em evidência e, quando for o caso, agir" de forma a "mitigar os efeitos desses riscos".
No âmbito da digitalização financeira, o vice-governador do Banco de Portugal disse que "é bom" que os clientes "utilizem mais serviços financeiros do que utilizavam", mas que as empresas que atuam no setor "têm de ser respeitadoras do quadro legal que as rege".
"Nós não podemos fazer a regulação do digital como a fazíamos antes", advertiu Luís Máximo dos Santos, acrescentando que é necessário "pôr as próprias tecnologias novas ao serviço da realização da supervisão".
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