Nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala vai liderar a OMC
A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala foi hoje nomeada para chefiar a Organização Mundial do Comércio, tornando-se a primeira mulher e a primeira a africana a liderar a OMC.
© Lusa
Economia OMC
"Os membros da OMC acabam de aceitar nomear Ngozi Okonjo-Iweala como próxima diretora-geral da OMC. A decisão foi tomada por consenso durante uma reunião especial do Conselho Geral realizada hoje", indicou a organização poucos minutos após o início do encontro.
"A Dra. Okonjo-Iweala vai tornar-se a primeira mulher e a primeira africana na liderança da OMC. Vai assumir funções no dia 01 de março e o seu mandato, que pode ser renovado, expira em 31 de agosto de 2025", refere a mensagem da organização de supervisão do comércio mundial.
Após a nomeação, Okonjo-Iweala, de 66 anos, dirigiu-se, por videoconferência, aos representantes dos países que participavam na reunião e mais tarde divulgou um comunicado a defender um relançamento da OMC para a tornar uma instituição "forte" e apoiar a recuperação da economia mundial após a pandemia de covid-19.
"Uma OMC forte é essencial se quisermos recuperar completa e rapidamente dos estragos causados pela pandemia de covid-19. (...) A nossa organização enfrenta muitos desafios, mas se trabalharmos em conjunto, podemos tornar a OMC mais forte, mais ágil e mais adaptada às realidades atuais", declarou Okonjo-Iweala no comunicado.
A escolha da nigeriana para liderar a OMC - uma instituição que tem estado quase paralisada - já era esperada após a retirada, no passado dia 05, da candidatura da ministra do Comércio sul-coreana, Yoo Myung-hee, a única que ainda disputava o cargo com Okonjo-Iweala.
Yoo Myung-hee desistiu depois de consultar os Estados Unidos, que eram o seu principal apoio durante a presidência de Donald Trump.
Após vários meses de impasse, a nova administração norte-americana liderada por Joe Biden preferiu levantar os obstáculos à nomeação de Ngozi Okonjo-Iweala, dando o seu apoio à candidatura da africana.
O processo de escolha do sucessor do brasileiro Roberto Azevedo, que deixou o cargo um ano antes do fim do mandato, estava num impasse desde o outono passado.
Ngozi Okonjo-Iweala foi por duas vezes ministra das Finanças da Nigéria e chefiou a diplomacia do país durante dois meses. Começou a sua carreira em 1982 no Banco Mundial, onde trabalhou durante 25 anos. Em 2012, não conseguiu tornar-se presidente da instituição financeira, que escolheu para o cargo o norte-americano de origem sul-coreana Jim Yong Kim.
A nova líder da OMC nasceu em 1954 na Nigéria, mas passou grande parte da sua vida nos Estados Unidos, onde estudou em duas prestigiadas universidades, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e Harvard.
Os estatutos da OMC não têm previsto qualquer rotação geográfica para o diretor-geral, mas várias vozes defenderam que era a vez de um africano ou uma africana ocupar o cargo. Desde a sua criação em 1995, a OMC foi liderada por seis homens: três europeus, um neozelandês, um tailandês e um brasileiro.
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