Novo Banco: Deloitte nega qualquer conflito de interesses na auditoria
A Deloitte negou hoje qualquer conflito de interesses sobre a auditoria especial ao Novo Banco, referindo que um dos trabalhos anteriores realizados foi de assessoria da GNB Vida, mas pela empresa autónoma em Espanha.
© Lusa
Economia Deloitte
Na audição de hoje na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, o sócio da Deloitte João Gomes Ferreira foi questionado pelo deputado do PCP Duarte Alves sobre a auditoria especial feita ao Novo Banco, na qual referem que a consultora realizou "no passado projetos de consultoria de diferente natureza para o BES e para o NB, incluindo ativos abrangidos pelo âmbito do presente trabalho, nomeadamente a GNB Vida".
"Fizemos a assessoria da GNB Vida, uma firma da própria Deloitte em Espanha e depois efetuamos um conjunto de avaliações pontuais de ativos, três ou quatro, que estão incluídos no trabalho. A conclusão que tivemos relativamente a esses casos foi que eles não representavam um conflito de interesses que impedisse a realização deste trabalho", respondeu o sócio da Deloitte.
Sobre o papel da empresa na assessoria da venda da GNB Vida, João Gomes Ferreira explicou "o Novo Banco decidiu fazer a venda da GNB Vida através de um processo organizado" e contratou "uma firma membro da Deloitte em Espanha", sublinhando que as entidades "são independentes entre si e juridicamente autónomas entre si".
"Para este efeito, uma vez que se tratava de entidades que operavam em Portugal, a Deloitte Espanha solicitou a uma firma da Deloitte Portugal a participação de um conjunto de profissionais nossos que deram apoio a tarefas a nível local", explicou.
De acordo com o responsável da Deloitte, dos profissionais que trabalharam nessa assessoria houve apenas um que esteve envolvido também na auditoria ao Novo Banco, o sócio Joaquim Paulo.
"A auditoria especial envolveu mais de 70 pessoas. Envolveu oito sócios revisores oficiais de contas no processo. Esse sócio em concreto é a única pessoa da equipa, dos 70 e muitos, que teve participação nesse processo", detalhou.
No entanto, de acordo com João Gomes Ferreira, o trabalho da auditoria especial foi dividido em blocos.
"Esta operação estava no bloco 2 e, portanto, a pessoa em questão não participou no trabalho desse bloco 2", assegurou.
Em setembro do ano passado, o BE considerou que a auditoria ao Novo Banco estava "ferida de morte" e não garantia "seriedade, rigor e independência" devido ao "conflito de interesses" da Deloitte, apelando ao Presidente da República e ao Governo que a considerassem nula.
Em causa estava precisamente o facto de a auditoria especial feita pela Deloitte não referir que a Deloitte Espanha assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida, concluída em 2019 -- noticiado então pelo Jornal Económico - aquilo que a bloquista aponta como sendo um "conflito de interesses" da consultora.
No dia seguinte, a consultora Deloitte afirmou que cumpre a lei e que "as partes interessadas foram informadas sobre a existência de trabalhos desenvolvidos no passado para o BES e Novo Banco".
Leia Também: NB: Perdas do CCA não pagas pelo FdR podem ser acertadas pelos juros
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com