Macedo diz que condições de negócio futuras da CGD são "difíceis"
A CGD quer pagar ao Estado e aos investidores 2.000 milhões de euros nos próximos dois anos, disse hoje o presidente do banco, considerando que de futuro as condições de negócio do banco público são muito difíceis.
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Economia Caixa Geral de Depósitos
"As condições de exploração estão muito difíceis, a parte 'core' [principal] está muito complicada. Estamos satisfeitos com o resultado do banco mas estamos muito conscientes. Os custos com os impostos e com os fundos de resolução voltaram a aumentar", afirmou Paulo Macedo, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados da CGD até setembro (lucros de 429 milhões de euros).
O gestor considerou "curiosos" os custos com o Fundo de Resolução bancário, uma vez que "o destinatário [Fundo de Resolução] já tem mais lucros do que vários dos seus participantes [os bancos]".
"Há aqui várias idiossincrasias que tornam a conta de exploração do banco do futuro muito difícil, apesar de os resultados serem expressivos, positivos", acrescentou.
Macedo disse que a CGD tem custos significativos com juros nos depósitos e que espera mesmo "não atrair muito mais depósitos", já que este ano já pagou 40 milhões de euros pelo excesso de liquidez, a que soma custos com juros com dívida pública e com crédito à habitação.
Macedo referiu que quando apenas se fala dos lucros da CGD o que não se refere é que o banco público tem 9,4 mil milhões de euros de capitais para remunerar.
"Tem de se fazer as contas aos capitais que o Estado, os contribuintes, empataram na CGD", disse.
O presidente executivo da CGD afirmou que, nos próximos dois anos, o banco quer devolver 2.000 milhões de euros investidos no seu capital.
"Mantemos o nosso desiderato de, no primeiro semestre do ano que vem, amortizarmos 1.000 milhões de euros do que foi investido na CGD, 500 milhões nos investidores de [dívida] AT1 e 500 milhões de euros ao Estado e depois em 2023 amortizarmos mais 1.000 milhões de euros com amortização de [dívida] Tier2 e com o pagamento de dividendos ao Estado", disse.
"Temos um programa ambicioso de devolver 2.000 milhões de euros até daqui a dois anos e depois continuar o caminho da devolução, mas numas condições de exploração muito difíceis", vincou.
Macedo destacou ainda a melhoria do 'rating' da CGD, referindo que com isso o banco poupa "dezenas de milhões de euros" nas emissões de dívida.
A CGD divulgou hoje lucros de 429 milhões de euros até setembro, um aumento de 9,4% face aos primeiros nove meses de 2020.
No início da apresentação de resultados, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, disse ainda que foi aprovado um dividendo extraordinário de 300 milhões de euros, a pagar ao acionista único (o Estado), o qual deverá ser pago ainda este mês.
Este valor junta-se aos 83,6 milhões que já tinham sido pagos.
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