Economia portuguesa? "Mesmos níveis de 2019, mas diferente", diz Centeno
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, afirmou, esta sexta-feira, em Lisboa, que a economia funciona como um todo e que está em níveis de 2019, embora diferente da que existia antes da pandemia de covid-19.
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Economia Mário Centeno
"A lição que temos que tirar destes acontecimentos, é que a economia funciona como um todo e está aos mesmos níveis de 2019, mas diferente", afirmou Mário Centeno, que falava no final de um almoço organizado pelo International Club of Portugal.
Num discurso dedicado à inflação, Centeno notou que a economia tem hoje menos serviços e a indústria tem um maior peso agregado.
O governador referiu que é necessário garantir "condições de financiamento para todos os setores", vincando ainda que, na área do euro, existem "preocupações de fragmentação financeira a tomar em conta".
O antigo ministro das Finanças apontou que o consumo privado está abaixo dos níveis pré-pandemia, ao contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos.
No que se refere aos salários, "apesar das indicações da crescente escassez de mão-de-obra na área do euro", mantém-se uma tendência de crescimento.
Para Mário Centeno, é ainda importante "ir acompanhando a evolução das expectativas de inflação e a ancoragem dos indicadores salariais".
Por outro lado, sublinhou que "uma eventual desancoragem das expectativas da inflação" preocupa "fortemente" os bancos centrais, que trabalham a médio prazo.
"As medidas que [os bancos centrais] têm para combater a inflação têm um efeito que é muito significativo, mas a desancoragem das expectativas de inflação está, muitas vezes, traduzida no risco de falta de credibilidade e, portanto, é uma enorme preocupação", acrescentou.
A invasão da Rússia pela Ucrânia veio criar um quadro económico, social e geopolítico de "elevada imprevisibilidade", enfrentando a União Europeia (UE) um conjunto de choques sobrepostos "de grande dimensão".
"Tudo isto condiciona perspetivas de crescimento económico e introduzem pressões inflacionistas", destacou, lembrando que a inflação na área euro regista uma "subida significativa" desde 2021.
Conforme precisou, cerca de metade do aumento da inflação na área do euro está associado à subida dos preços dos bens energéticos, em linha com os preços das matérias-primas energéticas.
Apesar da atenuação desta subida por via fiscal, verificou-se uma transmissão aos preços para o consumidor.
Este aumento começou com a reabertura das economias, após a crise pandémica, e foi reforçado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, o que provocou uma "subida abrupta" dos preços em alguns bens.
O governador do BdP disse também que sempre defendeu que as tendências inflacionistas eram temporárias, tendo em conta os "muitos efeitos base" de 2020.
"Em 2020, no mercado energético, o petróleo chegou a ser transacionado com valores negativos", recordou, notando que apareceram outros choques, como as restrições na oferta.
No que se refere à recuperação pandémica, Centeno disse que foi rápida, embora tenha sido "muito mais fácil desligar as nossas economias" do que voltar a conectá-las.
"Ficámos cientes de que os milhões, muitos milhões, de interligações por detrás da globalização, levaram muitas décadas a construir, a montar e otimizar", concluiu.
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[Notícia atualizada às 17h34]
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