João Leão desconhecia fundos Airbus (e admite dificuldade em perceber)
O ex-ministro João Leão disse hoje não ter tido conhecimento da capitalização da TAP através dos fundos Airbus, admitiu dificuldade em perceber a operação e, a confirmar-se o desconto comercial, em enquadrá-la em termos legais.
© Lusa
Economia CPI
"Não tive nenhum conhecimento desse processo e enquanto fui ministro [das Finanças] nunca me foi comunicado que isso tivesse ocorrido", respondeu João Leão à deputada do PS Vera Brás, na comissão de inquérito à TAP, relativamente aos chamados fundos Airbus, que permitiram à Atlantic Gateway capitalizar a companhia aérea na privatização feita em 2015.
Em causa está o negócio do ex-acionista privado David Neeleman com a fabricante de aviões para capitalizar a companhia aérea no valor de 226,75 milhões de euros, que tem suscitado dúvidas quanto à legalidade e o conhecimento que os decisores políticos tinham dele.
"Tenho muita dificuldade em perceber essa operação, não conheço os detalhes, terá havido uma auditoria que identificou eventualmente irregularidades. [...] A ser verdade, não consigo enquadrar em termos legais e lesa os interesses da TAP", acrescentou o ex-ministro, que assumiu a pasta das Finanças em junho de 2020, após ter sido secretário de Estado do Orçamento entre novembro de 2015 e aquela data.
Em fevereiro, o jornal Eco avançou que a aquisição da TAP, em 2015, terá sido concretizada pelo ex-acionista David Neeleman com dinheiro da própria companhia aérea, através de um negócio com a fabricante de aeronaves Airbus.
Em audição no parlamento, o ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações Sérgio Monteiro, durante o governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, disse que tinha a "convicção técnica" de que o negócio com a Airbus "resultava de um 'rappel' comercial", ou seja, um desconto comercial.
O consórcio Atlantic Gateway -- composto pelos acionistas Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa -- venceu a privatização da TAP, levada a cabo pelo governo do PSD/CDS-PP, operação que foi reconfigurada pelo governo seguinte, do PS (com apoio no parlamento do BE, PCP e PEV), passando o Estado a deter a maioria do capital, mas mantendo a gestão privada.
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