A Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor (DECO) tem recebido muitos pedidos de ajuda por parte de famílias que estão em dificuldades económicas e há já quem corte nas faturas do supermercado e da farmácia para conseguir pagar a renda. Isto, numa altura em que está previsto que as rendas disparem quase 7% no próximo ano, se o Governo nada fizer.
"Estas famílias contactam-nos (...) mas muitas vezes dão-nos a conhecer os cortes que já estão a fazer e os cortes que fazem para conseguirem já hoje, em 2023, manter o pagamento da renda é cortarem na alimentação e cortarem na fatura, por exemplo, da farmácia", disse Natália Nunes, do Gabinete de Proteção Financeira da DECO, em declarações à SIC Notícias.
Natália Nunes explicou ainda que há muitos idosos que precisam da ajuda dos filhos para "conseguirem pagar a renda".
"Este é o cenário que já temos hoje", sublinha Natália Nunes, numa altura em que está previsto um novo aumento das rendas em 2024, que pode ascender a perto de 7% se o Governo nada fizer.
Se nada for feito, o que significa, na prática, um aumento de 6,94%? Numa renda de 300 euros, por exemplo, trata-se de um acréscimo superior a 20 euros, mas se falarmos de uma renda de 1.000 euros a subida já é superior a 69 euros e numa renda de 1.500 euros o aumento já ultrapassa os 100 euros.
Beatriz Vasconcelos | 10:44 - 13/09/2023
De acordo com os dados do INE, nos últimos 12 meses até agosto a variação média do índice de preços, excluindo a habitação, foi de 6,94%, valor que serve de base ao coeficiente utilizado para a atualização anual das rendas para o próximo ano, ao abrigo do Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU).
Contudo, no início deste ano, o elevado contexto de inflação levou o Governo criar uma lei para limitar em 2% o aumento das rendas em 2023, suspendendo o mecanismo que permite que a atualização seja feita tendo em conta a inflação média sem habitação conhecida em agosto.
O Notícias ao Minuto já questionou o Ministério da Habitação sobre se o Governo pondera voltar a aplicar um travão aos aumentos no próximo ano, mas até ao momento não foi possível obter uma resposta.
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