UGT considera inaceitável e recusa aumento de 2,5% proposto pela banca
Os sindicatos bancários afetos à UGT consideraram hoje inaceitável e recusaram a nova proposta da banca de aumentos de 2,5%, acima da anterior proposta de 2%.
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Economia Sindicatos
Em comunicado, Mais Sindicato, SBN e SBC disseram que esta nova proposta foi feita na reunião de negociação desta quinta-feira e que a recusaram pois os bancários "merecem e precisam de mais" e que se impõe "mais do que nunca a partilha dos lucros excecionais [dos bancos] com os trabalhadores, cujo profissionalismo diário permitiu tais resultados".
Os sindicatos, que reivindicam aumentos de 6%, explicaram que a reunião estava prevista para 08 de fevereiro, dia em que ocorreu a manifestação de bancários frente à Associação Portuguesa de Bancos, e que essa foi desmarcada pelo grupo negociador da banca para poder fazer cálculos e fazer nova proposta.
"Um mês após tão apurados cálculos, surge a inaceitável 'oferta' de 2,5% de aumento (...). Depois dos lucros astronómicos de 2023, as instituições de crédito desavergonhadamente alegaram não ter condições para ir mais além", disseram os sindicatos, acrescentando que "não precisaram de tempo nem de cálculos para responder 'não'" a uma proposta que consideram "inaceitável".
Os sindicatos afirmaram que, mesmo assim, prosseguirão negociações esperando que haja evolução na posição da banca.
Nas várias negociações de aumentos no setor bancários que estão a decorrer continuam muito afastadas as posições dos bancos e dos sindicatos representantes dos trabalhadores.
"Para banqueiros milhões, para bancários tostões" e "somos tratados como números" foram alguns dos cartazes empunhados pelos cerca de 200 bancários que protestaram em fevereiro em Lisboa por melhores salários acusando os bancos de proporem aumentos "vergonhosos" após lucros recorde.
Os sindicatos da UGT pedem aumento salarial de 6% nos bancos que subscrevem o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da banca (cerca de 20 bancos, caso de Santander, BPI e Novo Banco).
Já bancos como Caixa Geral de Depósitos (CGD, o banco público) e BCP têm negociação própria.
Na semana passada houve greve na CGD contra o aumento médio de 3,25% proposto pelo banco público e centenas de trabalhadores manifestaram-se frente à sede, em Lisboa.
Então, em declarações à Lusa, o secretário-geral da UGT, Mário Mourão, considerou uma "provocação" a proposta da CGD.
"Num momento em que se fala muito na valorização salarial, em que candidatos [na campanha eleitoral] dizem que é preciso associar a valorização salarial àquilo que é produtividade, o setor financeiro que tem o maior índice de produtividade da Europa e que se compara a dos seus congéneres europeus apresenta uma proposta de 3%. Então alguma coisa está mal aqui em Portugal", afirmou.
Para o dirigente da central sindical UGT, há em Portugal "um problema cultural dos gestores" que recusam aumentos dignos mesmo a empresas lucrativas e produtivas.
O BCP propôs 2,1%, o que deixou os sindicatos "estupefactos".
Os bancos têm apresentado lucros recorde referentes a 2023, beneficiando do aumento das taxas de juro. Os lucros agregados dos quatro maiores bancos privados somaram 3.153 milhões de euros em 2023, num aumento de 81,9% face a 2022, segundo contas da Lusa.
O Santander Totta teve lucros de 1.030 milhões de euros, o BCP lucros de 856 milhões de euros, o Novo Banco lucros de 743,1 milhões de euros e o BPI lucros de 524 milhões de euros.
A CGD ainda não apresentou as contas de 2023, mas deverá ser um ano histórico já que apenas até setembro teve lucros de 987 milhões de euros.
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