Centeno atribui resultados do BdP às "decisões de política monetária"
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, apontou hoje que os resultados do banco central têm sido, nos últimos anos, "moldados pelas decisões de política monetária", tendo refletido, em 2023, uma redução do balanço.
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Economia Mário Centeno
"Os resultados do último ano (...) têm subjacente uma redução do balanço. O balanço reduz 13 mil milhões de euros, explicado, essencialmente, pelo financiamento às instituições de crédito e pela redução dos títulos de política monetária", apontou Mário Centeno na apresentação do relatório do Conselho de Administração do banco central.
Na apresentação, que decorreu no Museu do Dinheiro, em Lisboa, o governador do BdP registou que o custo do passivo, que está "muito associado às taxas diretoras da política monetária", esteve baixo durante muito tempo, mas que aumentou significativamente desde parte de 2022.
De igual forma, os resultados do BdP também têm sido impactados pela remuneração do ativo, que, apesar de uma subida, não acompanharam o custo do passivo.
Em 2023, o BdP apresentou um prejuízo operacional de 1.054 milhões de euros, que o governador da instituição apelidou de "historicamente elevado".
Ainda assim, este valor foi nulo em termos líquidos, tendo o banco central recorrido a uma movimentação de provisões.
"As provisões que o banco tem são uma almofada muito significativa, criada ao longo do tempo, para fazer face, precisamente, a este momento, em que hoje nos encontramos", explicou Mário Centeno.
Com a movimentação de 1.054 milhões de euros, a Provisão para Riscos Gerais desceu, no final de 2023, para 2.858 milhões de euros, onde não estão incluídas "outras reservas e capital que o banco tem, um valor próximo de 2.000 milhões de euros".
Assim, Mário Centeno defendeu que as provisões constituídas são suficientes para responder às projeções que podem ser feitas à luz da evolução das taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu (BCE).
"Nós esperamos que as provisões sejam suficientes para fazer face a este ciclo de política monetária", registou.
Um dos pontos destacados por Mário Centeno foram os gastos com os edifícios do Banco de Portugal, que exigem custos acrescidos, incluindo com segurança. Nesse sentido, apontou que o banco central está "a trabalhar numa lógica de redução dos custos" e de centralização das suas instalações, que estão dispersas pela cidade de Lisboa. Ainda assim, remeteu mais detalhes para 2025.
De acordo com o relatório do Conselho de Administração de 2023, a quantidade de ouro detida pelo banco manteve-se em 382,6 toneladas, mas valorizou-se em 9,3%, para 19.940 milhões de euros.
Presente na apresentação, o administrador Hélder Rosalino, apontou que o ouro, considerado um ativo de reserva, funciona como um 'buffer' e que no final de abril "ainda se valorizou mais".
"O valor atual é de 26 mil milhões de euros. Portanto, temos neste momento uma valorização potencial do ouro, significa que há uma reserva de reavaliação, mas, naturalmente, o banco não tem qualquer intenção de fazer alienações de ouro", explicou.
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