Imigrantes são mais rápidos a empregar-se. Aceitam empregos "piores"
Os imigrantes jovens desempregados inscritos no IEFP representavam, em 2023, 18,5% dos jovens desempregados inscritos: é um grupo maioritariamente constituído por jovens oriundos de países de língua oficial portuguesa (64,9%), maioritariamente brasileiros, e estão concentrados na região de Lisboa.
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Economia Desemprego
Os imigrantes jovens desempregados inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) representavam, em 2023, 18,5% dos jovens desempregados inscritos.
Segundo um estudo do IEFP/Iscte, é um grupo maioritariamente constituído por jovens oriundos de países de língua oficial portuguesa (64,9%), maioritariamente brasileiros, e estão concentrados na região de Lisboa. A maioria destes imigrantes concluiu o ensino secundário (63,5%) e apenas um quinto (21,7%) recebia o subsídio de desemprego.
“O peso dos imigrantes no mercado do trabalho em Portugal é cada vez maior e, como a população imigrante é predominantemente jovem, isso faz crescer o número de jovens imigrantes à procura de emprego”, afirma Paulo Marques, investigador e docente no Iscte e coordenador do Observatório do Emprego Jovem. “Estes jovens imigrantes têm, em média, uma boa formação escolar, acedem pouco ao subsídio de desemprego, são absorvidos mais rapidamente pelo mercado e aceitam empregos menos desejados”.
Paulo Marques refere que “os imigrantes estão dispostos a aceitar empregos que são piores do que as suas expectativas iniciais, ajudando isso a explicar porque é que se inserem mais rapidamente no mercado de trabalho do que a globalidade dos jovens em Portugal”. A duração média de inscrição dos imigrantes jovens no IEFP é de cinco meses, contra 11 meses dos jovens em geral.
Segundo o estudo, “é evidente que os imigrantes ocupam postos nos setores de atividade menos atrativos”. O setor das atividades administrativas e serviços de apoio – que inclui, por exemplo, atividades como limpezas e serviços de segurança – absorve 35,9% dos imigrantes colocados: como é pouco especializado e recorre fortemente aos contratos não permanentes, é pouco desejado pelos jovens – no entanto, como os imigrantes têm uma pressão acrescida para encontrar trabalho devido aos requisitos dos vistos de residência e dificuldades económicas, aceitam muitas vezes estes trabalhos.
“Daqui decorrem duas consequências: os imigrantes estão maioritariamente a suprir necessidades de mão de obra em setores não qualificados – e estes setores conseguem sustentar-se porque recorrem aos imigrantes”, afirma Paulo Marques. “São necessárias políticas públicas que favoreçam melhores condições de trabalho, ao mesmo tempo que o IEFP deverá preparar os seus serviços para melhorar as ofertas de emprego a jovens imigrantes, ajustando-as mais às suas qualificações e levando a que um número maior se possa inserir em setores com maior intensidade de conhecimento, tornando a economia portuguesa mais competitiva”.
Nas recomendações feitas no final do estudo, sugere-se que haja uma maior monitorização dos imigrantes inscritos no IEFP, preparando os seus serviços para atender melhor um grande número de jovens que não fala português. É recomendado também que o reconhecimento de qualificações seja agilizado, procurando aumentar a inserção dos imigrantes em setores económicos que contribuam para a modernização do tecido económico nacional.
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