Sindicato quer travar "despedimento coletivo" na Segurança Social
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), José Abraão, apelou hoje ao Governo para que trave imediatamente o que considerou ser o "despedimento coletivo encapotado" de cerca de 700 trabalhadores da Segurança Social.
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"O apelo que fazemos ao senhor ministro Mota Soares e ao Governo é que este processo seja travado, toda esta situação seja analisada, para que se evite a injustiça e a miséria que irá provocar - se este processo avançar - a trabalhadores que vão passar a receber apenas 40% do salário, na expectativa de uma colocação que dificilmente virá", disse.
"O Governo diz que é requalificação, mas nós consideramos que é um despedimento coletivo, na justa medida em que os trabalhadores admitidos depois de 2009 e que eram nomeados, esse irão para a requalificação e, ao fim do ano, terão apenas 40 por cento do salário se não forem, entretanto, colocados. [Para] aqueles que tiverem contrato individual de trabalho ou que foram admitidos depois de 2009, ao fim de um ano, se não forem colocados, pode haver lugar à cessação [do contrato]", acrescentou.
José Abraão falava aos jornalistas durante uma concentração de trabalhadores do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal (CDSSS) na sequência da informação transmitida na quinta-feira a cerca de uma centena de trabalhadores do CDSSS - educadores de infância e assistentes operacionais - de que iriam para a requalificação profissional.
Cláudia Rei, assistente operacional, foi uma das trabalhadoras notificadas na quinta-feira pela diretora do CDSSS de que iria passar à requalificação profissional, apesar de trabalhar para a Segurança Social desde 2002.
Com a voz embargada, Cláudia Rei reconheceu que esta mudança inesperada vai ter consequências graves na sua vida pessoal.
"Tendo em conta que damos tudo a esta casa e, de um momento para o outro, nos tiram o tapete debaixo dos pés, tem todas as consequências. Eles só estão a ver números, não estão a ver caras", disse.
"A eles [ao Governo] interessa-lhes é cortar rendimentos", acrescentou Cláudia Rei, convicta de que muitos dos trabalhadores que vão para a requalificação serão rapidamente substituídos por elementos provenientes do Centro do Emprego, "para baixar a taxa de desemprego".
A manifestação dos trabalhadores da Segurança Social de Setúbal contou com a presença da deputada do Bloco de Esquerda Mariana Aiveca, que também é funcionária do CDSSS, e que se solidarizou com o protesto do que também considerou ser um "despedimento coletivo".
A Federação Distrital de Setúbal do PS, que, em comunicado, já tinha contestado a decisão do Governo, anunciou hoje que vai chamar ao Parlamento o ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, para prestar esclarecimentos sobre a situação da Segurança Social.
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