TAP: Sindicatos avisam que vão vigiar ação do Governo na empresa
Os três sindicatos da TAP que se opuseram à privatização da empresa afirmam que vão vigiar a ação do Governo na empresa, salientando que a detenção pelo Estado de 50% do capital da transportadora não os tranquiliza completamente.
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Economia Privatização
"Aquilo que nos foi garantido foi que todas as decisões estratégicas que digam respeito ao país, aos portugueses e à empresa como empresa de bandeira serão devidamente a acauteladas pelo Estado. Vamos estar vigilantes para ver como é que isso será acautelado", disse Luciana Passo, representante da estrutura sindical da TAP.
A também presidente do SNPVAC (sindicato do pessoal de voo da TAP) falava aos jornalistas no final de uma reunião com o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d'Oliveira Martins, que juntou também o SITAVA (sindicato dos trabalhadores da aviação e aeroportos) e o SINTAC (trabalhadores da aviação civil).
Questionada sobre se os três sindicatos estão mais tranquilos com a detenção de 50% do capital da transportadora pelo Estado, Luciana Passo disse que "de certa maneira sim, mas não completamente", adiantando que fica por saber "qual será a estratégia e a defesa dos interesses estratégicos dos portugueses" por parte do Governo.
"A certeza que nos foi dada é de que o Estado vai manter sempre a sua posição como maior acionista", disse.
Entre as dúvidas da estrutura sindical estão a situação da Portugália, a base do Porto, qual será a operação da Azul (a companhia aérea brasileira detida por David Neeleman) na TAP, com a representante da estrutura sindical a afirmar que "o Estado vai ter de acautelar tudo isso".
"Pediram-nos que esperássemos porque ainda decorrem negociações e falta acautelar e estabelecer critérios e de quem será a responsabilidade, mas não [vamos esperar] demasiado tempo", disse.
Considerando que a reunião "correu bem", Luciana Passo disse que o secretário de Estado solicitou que a estrutura sindical enviasse "todas as suas e tudo o que sabe da empresa".
Além disso, segundo a dirigente do SNPVAC, o Governo adiantou que os moldes para a aquisição de 5% do capital da empresa pelos "serão divulgados brevemente", o que a estrutura sindical espera que aconteça com "a máxima celeridade, porque não há necessidade de protelar este processo".
Questionada sobre a entrada de capital chinês na empresa, Luciana Passo disse que "a TAP precisa de entrada de capital".
"Não podemos é permitir, e por isso pugnámos sempre, que a maioria do capital saísse das mãos do Estado e que a TAP deixasse de servir o interesse público e o interesse nacional. Aí terão sempre dificuldades em lidar connosco", afirmou a sindicalista.
"Pode ser chinês, suíço americano... tanto faz. É capital e a TAP precisa dele. A TAP precisa de crescer", disse.
O acordo alcançado entre o Governo e a Gateway prevê que o Estado pague 1,9 milhões de euros para ficar com 50% da empresa (em vez de 34%), enquanto o consórcio privado passe de 61% do capital da companhia para 45%, podendo chegar aos 50%, com a aquisição do capital à disposição dos trabalhadores.
O Estado passa ainda a nomear o presidente do conselho de administração da companhia aérea, composto por 12 elementos - seis escolhidos pelo Estado e seis pelo consórcio privado.
Já a comissão executiva, liderada por Fernando Pinto, terá três membros, nomeados pelos acionistas privados.
O semanário Expresso noticiou na sua edição de sábado que o "Governo deixa entrar chineses no capital da TAP", sublinhando que o executivo de António Costa "assinou cláusula" para a HNA ter 10% da empresa.
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