Falta de docentes é problema global. Por que é uma profissão indesejada?
Em alguns países, contratar pessoas com poucas qualificações tem sido uma solução para colmatar a falta de professores.
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Mundo Educação
A falta de professores, um dos problemas mais graves a preocupar a área da educação em Portugal, é um problema global, sentido de forma preocupante na Europa.
Segundo o El Confidencial, a UNESCO estima que faltam cerca de 44 milhões de docentes em todo o mundo, o que se reflete pelo facto de esta ser uma das profissões menos atrativas da atualidade. Na União Europeia, apenas Chipre e a Croácia não sofrem deste problema.
O que terá acontecido para que uma profissão, em tempos considerada das mais valiosas e importantes na sociedade, estar hoje sem interessados?
Esther Villardón é uma professora espanhola, que recentemente decidiu anunciar ao mundo que iria abandonar a profissão. O espanto de muitos fez-se acompanhar do apoio de vários colegas que ponderavam fazer o mesmo. Ao deparar-se com esta última realidade, a própria se questionou do porquê de esta ser uma carreira cada vez menos desejada.
Para o sociólogo, Xavier Bonal, da Universidade Autónoma de Barcelona, a situação na Educação , é "uma situação paradoxal". "Temos crianças, mas não temos professores; não se enriquece, mas a profissão já não tem a precariedade de outrora; e numa época de elevada sobrequalificação e fuga de cérebros, é surpreendente que a docência não seja vista como uma carreira desejável", defende.
Segundo o El Confidencial a grande explicação para esta situação está relacionada com "uma crescente dificuldade para exercer o seu trabalho e pela falta de reconhecimento social".
"Todos temos em mente o 'Clube dos poetas mortos' em que idealizas a profissão e acreditas que todos os alunos vão colaborar, ouvir, etc. Mas depois dás-te conta de que a educação básica já não existe", afirma a professora Raquel, que também desistiu de ser docente.
A mesma recorda que, “de um ponto de vista sociodemográfico, nas grandes cidades há cada vez mais diversidade, imigração ou trajetórias de vida marcadas pela pobreza, o que se traduz nos comportamentos” e critica todos aqueles que dizem que as crianças deviam ser "poupadas a aulas teóricas sobre assuntos que não interessam a ninguém, e que deviam aprender coisas práticas como finanças pessoais".
Segundo El Confidencial, países como Hungria, Eslováquia e Letónia são onde os professores ganham menos. A Suécia é um dos países da Europa com maior escassez de docentes. E a Grécia e Portugal são dos países onde os professores têm mais idade.
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