Legislativas de sábado na Geórgia escolhem futuro entre UE ou Rússia
Os eleitores georgianos vão às urnas no sábado para escolher o próximo parlamento, mas sobretudo para definir se o futuro passa por uma adesão à União Europeia ou o regresso ao passado de influência russa.
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Mundo Geórgia
O partido no poder, o "Sonho Georgiano", está no Governo desde 2012 e pretende conquistar outro mandato de quatro anos, vendo as eleições como uma escolha entre a paz ou a guerra e as suas mensagens de campanha foram dominadas pelo argumento de que se a oposição chegar ao poder arrastará a Geórgia para uma guerra contra a Rússia.
Para a oposição, o voto representa uma escolha entre o Ocidente ou a Rússia e entre a democracia e o autoritarismo, narrativa que também tem sido usada pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).
As eleições "serão o momento da verdade e o povo georgiano terá de decidir que caminho quer seguir: rumo à Europa ou de costas voltadas para a Europa", descreveu o líder da política externa da UE, Josep Borrell.
A votação terá lugar após um período invulgarmente tumultuoso, mesmo para os padrões políticos georgianos.
O "Sonho Georgiano" tem adotado uma retórica cada vez mais antiocidental e aprovou leis controversas e de cariz tipicamente russo, entre as quais se inclui a proibição de "propaganda LGBT" e a obrigação de organizações não-governamentais e meios de comunicação social que obtêm financiamento externo se registarem como "agentes estrangeiros".
O mais forte adversário do "Sonho Georgiano" é o "Unidade - Para Salvar a Geórgia", uma coligação liderada pelo antigo partido no poder, o Movimento Nacional Unido, do ex-Presidente entretanto detido Mikheil Saakashvili, seguido da "Coligação pela Mudança", composto em grande parte por antigas figuras do ENM, e também do "Geórgia Forte", uma coligação que tentou posicionar-se como estando longe do ENM e do "Sonho Georgiano".
A oposição conta ainda com o "Para a Geórgia", partido liderado por Giorgi Gakharia, que foi primeiro-ministro do governo do "Sonho Georgiano" entre 2019 e 2021, mas que, entretanto, se desligou do partido.
Embora os quatro manifestem algumas diferenças nas suas promessas pré-eleitorais, todos consideram que a prioridade é derrubar o "Sonho Georgiano" e todos assinaram um documento a que chamaram Carta da Geórgia.
Proposta pela Presidente, Salome Zurabishvili, os partidos concordam que, em caso de vitória da oposição, será formado um Governo tecnocrata que irá restaurar as boas relações com o Ocidente e revogar as leis mais autoritárias que o "Sonho Georgiano" aprovou durante a campanha eleitoral.
A Presidente, cujo mandato termina este ano, foi eleita como independente em 2018, mas apoiada pelo "Sonho Georgiano", de quem, entretanto, se distanciou.
No entanto, o "Sonho Georgiano", enquanto partido no poder, tem a vantagem de poder persuadir os funcionários públicos e as suas famílias a votarem na sua manutenção, embora a viragem para uma versão autoritária e o facto de ter classificado grupos de observadores das eleições como 'agentes estrangeiros' tenham suscitado bastantes receios.
A poucos dias das eleições, o partido no poder realizou uma manifestação na qual afirmou que o seu objetivo não é apenas conquistar uma maioria, mas sim uma maioria constitucional (113 dos 150 assentos parlamentares) e garantiu que, assim que conseguir o seu objetivo, irá não só reforçar as leis anti-LGBT (movimento da comunidade lésbica, gay, bissexual e transgénero), como banir todos os principais partidos da oposição, que considera responsáveis por provocar a guerra de 2008 contra a Rússia e por tentar arrastar o país novamente para a guerra.
Dados os elevados riscos e a incerteza em torno dos resultados, as preocupações têm aumentado relativamente à agitação social que se seguirá à votação.
A eleição será acompanhada por uma equipa de mais de 60 membros do Gabinete para as Instituições Democráticas e os Direitos Humanos e da Assembleia Parlamentar da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), além de delegações da NATO e do Parlamento Europeu.
"Estas eleições serão as primeiras realizadas sob um sistema totalmente proporcional, num clima político altamente polarizado e com tensões contínuas, o que as torna particularmente significativas", admitiu o coordenador da equipa de observadores, Pascal Allizard.
"A grande delegação que enviamos é um sinal claro do grande interesse da comunidade internacional nas eleições da Geórgia", acrescentou a presidente da assembleia parlamentar da OSCE, Pia Kauma.
Também pela primeira vez, a Geórgia vai utilizar um novo sistema eletrónico de contagem de votos e os resultados são esperados uma a duas horas após o fecho das urnas, às 20h00 de Tbilisi (17h00 em Lisboa).
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