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"Questão dos abusos na Igreja não pode, não deve e não terá volta atrás"

José Ornelas destacou a questão dos abusos sexuais no seio da Igreja durante o seu discurso de abertura da 210.ª Assembleia Plenária da CEP, bem como outros assuntos, incluindo a política nacional e as guerras.

"Questão dos abusos na Igreja não pode, não deve e não terá volta atrás"

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e bispo de Leiria, José Ornelas, frisou, esta segunda-feira, que "a questão dos abusos sexuais cometidos no seio da Igreja não pode, não deve e não terá uma volta atrás".

 

No seu discurso na abertura da 210.ª Assembleia Plenária da CEP, Ornelas destacou que "uma especial realidade que tem marcado os últimos tempos da Igreja em Portugal continua a ser a Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis", tendo consciência "de que a realidade dos abusos sexuais e os dramas das vítimas que causaram não deixou indiferente nem a Igreja nem a sociedade".

O responsável enalteceu o "caminho percorrido" na Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis e que o "processo de atribuições financeiras" é, também, "uma parte" desse caminho. 

"Sabendo que ninguém pode pagar ou anular os dramas do passado, queremos que este seja um passo importante para o reconhecimento do mal que lhes foi infligido e de pedido de perdão, que contribuam para sarar feridas e afirmar a dignidade, contra a qual nunca alguém devia ter atentado", afirmou.

E frisou: "A questão dos abusos sexuais cometidos no seio da Igreja não pode, não deve e não terá uma volta atrás. Precisamos de manter a atenção constante ao sofrimento das vítimas e a firmeza na formação e na prevenção, bem como na clareza e determinação no tratamento de eventuais casos futuros". 

"Os últimos meses acentuaram a polarização política, imprópria para regimes democráticos"

No seu discurso, Ornelas abordou ainda as guerras no mundo e a situação política em Portugal, destacando que "os últimos meses acentuaram a polarização política".

"Em Portugal, os últimos meses acentuaram a polarização política, imprópria para regimes democráticos e que parece esquecer as conquistas que mudaram o rumo da História de Portugal, há 50 anos", afirmou.

Nas palavras do bispo de Leiria, "o equilíbrio parlamentar só tem sentido se for agente da dignificação da política e as mulheres e homens que ocupam cadeiras de poder não podem defraudar as cidadãs e os cidadãos que os elegeram para contribuir para o bem de todos, a dignidade de cada vida e a afirmação de projetos que são garantia de um futuro melhor para toda a sociedade". 

Ornelas lamentou, ainda, as guerras que assolam a Ucrânia, Gaza e Líbano, bem como "tantas outras geografias do mundo". 

"Na Ucrânia, em Gaza e no Líbano, bem como em tantas outras geografias do mundo, como o Iémen, o Sudão e muitos outros, sucedem-se conflitos que nos comovem com o seu séquito de miséria, fome, doença e destruição, que conduzem à perda dramática de vidas humanas, especialmente anciãos, mulheres e crianças indefesas e inocentes, que constituem a maioria das vítimas deste desvario", disse.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa deu destaque à "situação desastrosa que se vive em Gaza", frisando que "merece especial atenção e solidariedade". Neste sentido, apelou à "libertação de todos os reféns" e ao "respeito pelas populações que estão a ser tratadas em transgressão de todos os princípios e acordos internacionais".

"Pode-se ser um ser humano e esquecer esta brutalidade?", questionou.

Sublinhe-se que a Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa realiza-se em Fátima e decorre até quinta-feira.

Leia Também: Bispos reúnem-se em Fátima sobre compensações a vítimas de abusos

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