Portugal e Brasil têm "oportunidade gigante" de aprofundar relações
O primeiro-ministro defendeu hoje que Portugal e Brasil têm "uma oportunidade gigante" de aprofundar relações, no domínio da língua, do ensino ou da economia devido ao elevado número de emigrantes portugueses no Brasil e vice-versa.
© Lusa
País Luís Montenegro
Na sua primeira visita ao Brasil, Luís Montenegro terminou a sua agenda oficial no Rio de Janeiro - depois de participar na reunião do G20 como observador a convite da Presidência brasileira - com uma receção à comunidade portuguesa e uma passagem pelo Real Gabinete Português de Leitura, ponto habitual das visitas de chefes de Governo e de Estado portugueses.
"Nesta ocasião em que temos tantos brasileiros em Portugal e tantos portugueses no Brasil, temos como pano de fundo uma oportunidade que é uma oportunidade gigante: uma oportunidade de aproveitarmos a nossa língua, que é uma língua comum, de a preservarmos, de a ensinarmos, de podermos trocar experiências, de podermos conviver uns com os outros", afirmou.
O primeiro-ministro pediu aos emigrantes presentes que "continuam a acreditar em Portugal" e ajudem a abrir portas aos empresários lusos num mercado que reconheceu nem sempre ser fácil.
"Eu estou aqui há três dias e tenho sido abordado na rua por muita gente, tem sido para mim uma alegria ver turistas portugueses aqui, empresários a fazer negócios, representantes de instituições, até estudantes", disse.
Montenegro fez depois uma revelação pessoal, dizendo que o seu filho mais novo deverá também vir estudar em breve para o Brasil, ao abrigo do programa Erasmus.
"Associações, empresas, famílias, universidades, estudantes, artistas, homens da cultura, das várias expressões, nós temos de facto uma relação que não pode ser desaproveitada, nós temos neste imenso Brasil um mar de oportunidades, e o Brasil também tem, no grande Portugal e na porta de entrada que Portugal é para a Europa, as oportunidades que podem fazer crescer muita da economia de cada um dos lados", apelou.
O primeiro-ministro assegurou que o Governo tem vindo a "tentar modernizar a rede consular, dar-lhe mais equipamentos, dar-lhe mais meios humanos", bem como apoiar o movimento associativo, que considerou "fundamental para estimular o ensino do português".
"Eu sei que todos carregam nos vossos corações aquele sentimento que não é que é possível de ser descrito com exatidão (...) que é ser português. Ser português é uma coisa única, é uma coisa que em si mesma nos dá alegria, nos dá alento, nos dá força, nos dá motivação para levarmos os nossos projetos para a frente, projetos individuais, coletivos e os nossos projetos de governação", defendeu.
No Real Gabinete Português de Leitura, Montenegro já tinha destacado esse sentimento, agradecendo ao presidente desta instituição, Francisco Gomes da Costa, o trabalho que desenvolve.
"É muito raro e valioso encontrar tantos traços da nossa identidade e tantas referências da nossa caminhada e presença no mundo. Uma nação inovadora, corajosa e talentosa. Muitos parabéns, caro Francisco, em homenagem a todos que preservam aqui o ser português", agradeceu.
O Real Gabinete Português de Leitura é uma instituição fundada em 1837 por emigrantes e refugiados portugueses e que guarda cerca de 500 mil livros.
Em 2022, quando Portugal fez parte das comemorações do 10 de Junho no Brasil, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o então primeiro-ministro António Costa assistiram à cerimónia de transferência para esta biblioteca do espólio do último chefe de Governo do Estado Novo, Marcello Caetano.
Durante a visita de Luís Montenegro, foi-lhe mostrada esta coleção, bem como uma das cinco primeiras edições de 'Os Lusíadas' de 1572, que também foi apresentado ao chefe de Estado, quando por ali passou.
Montenegro quis saber se Marcelo Rebelo de Sousa tentou ler a obra de Luís de Camões e foi-lhe dito que "ficou uns cinco minutos" com o livro.
"Sabe que ele lê na diagonal", comentou o primeiro-ministro, em tom bem-disposto.
No final, o primeiro-ministro recebeu uma medalha comemorativa dos 500 anos do nascimento de Camões e retribuiu com as obras completas do ensaísta Eduardo Lourenço, uma edição da Fundação Gulbenkian.
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