"Sabemos o que quer extrema-direita: fazer de polícias carne para canhão"
A coordenadora do BE acusou hoje a extrema-direita de querer fazer dos polícias "carne para canhão" e "montar-lhes uma armadilha para seu proveito eleitoral", num discurso no qual afirmou que o partido "não vai descansar" enquanto não houver justiça.
© Getty Images/ Horacio Villalobos
Política Mariana Mortágua
"Sabemos o que quer a extrema-direita: quer fazer dos polícias carne para canhão, quer montar-lhes uma armadilha para seu proveito eleitoral", acusou Mariana Mortágua.
A líder bloquista falava na abertura da 5.ª Conferência Nacional do partido, que arrancou hoje, no Porto, numa parte da sua intervenção dedicada à morte de Odair Moniz, no dia em que se realizam duas manifestações em Lisboa: uma para reclamar justiça pela morte do homem baleado por um agente da PSP e um protesto do Chega "em defesa da polícia".
"Os políticos da extrema-direita incitam a polícia a disparar para matar, querem transformar agentes em criminosos enquanto se sentam confortavelmente no parlamento e nos estúdios de televisão a criar a sua farsa. Não serão ouvidos, essa ameaça mortal não é a segurança em democracia", defendeu.
A coordenadora bloquista afirmou que "Odair Moniz foi morto e não mereceu ainda o respeito da verdade": "era um carro roubado, mentira; tinha uma faca na mão, mentira".
"Passou um traço contínuo, foi morto, aconteceu o que nunca podia ter acontecido. Não descansamos enquanto não houver justiça", sublinhou.
Mariana Mortágua justificou a posição do partido face aos recentes acontecimentos na Grande Lisboa, afirmando que "o antirracismo está inscrito no código genético" do BE.
"Querem saber porque reagimos sem hesitações às provocações da direita? Querem saber porque é que não encontrarão aqui o cálculo político de quem se acobarda nos momentos definidores da nossa democracia? Porque essa é a nossa identidade. O antirracismo está inscrito no nosso código genético. Ninguém pode ser tratado como mercadoria porque somos todos a mesma gente, somos todos a nossa gente, e todos queremos liberdade", assinalou, num dos momentos mais aplaudidos da sua intervenção.
Mariana Mortágua considerou ainda que "ninguém em Portugal deve viver com medo" e que "o povo merece ser unido pelo respeito e viver em paz".
Numa intervenção marcadamente ideológica, na qual começou por abordar vários conflitos militares mundiais e criticar o que definiu como a política do "capitalismo-guerra", Mariana Mortágua afirmou que "o capitalismo que oprime é económico, é social e é cultural, e a luta pelo socialismo é liberdade e enfrenta-o em todas as suas dimensões".
"É uma luta inteira, é uma forma de estar na vida. Foi isso que nos ergueu quando Odair Moniz foi assassinado", afirmou.
Grande parte da intervenção da coordenadora bloquista foi dedicada à guerra, com Mortágua a lembrar que "desde 1948" está em curso "uma ofensiva permanente no Médio Oriente" e que "vai para três anos que Putin invadiu a Ucrânia e ajudou a NATO, um zombie político depois do desastre no Afeganistão, a recuperar a sua capacidade política", fazendo ainda referência ao conflito no Sudão.
Entre críticas às políticas neoliberais de Javier Milei, presidente da Argentina, à forma como o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem conduzido o conflito na Faixa de Gaza, ou ao empresário Elon Musk, que apela ao voto em Donald Trump, Mortágua considerou que "esta extrema-direita é genocida, corrupta e corruptora".
Contra todos os que militam no "partido da guerra", a bloquista avisou que "quando os verdes alemães aceitam que se dispare sobre crianças, liberais holandeses se submetem à extrema-direita, e os trabalhistas ingleses pedem a Meloni conselhos para combater a imigração, fazem parte da mesma política sinistra", independentemente dos seus quadrantes políticos.
Também à esquerda, a coordenadora bloquista avisou que "é tão imperialista o tirano que ocupa a Palestina como aquele que invade a Ucrânia" e que "quem quer ver Putin como chefe da resistência ao mau imperialismo comete um erro".
A coordenadora advogou para a esquerda "o desejo de futuro e progresso" e a defesa "da maioria", contra a direita, que acusou de manipulação, mentira e criação de ódios.
"São farsantes, produtores de fantasias ignóbeis, dos imigrantes que se alimentam de animais de estimação até à ameaça ideológica da educação sexual nas escolas. Se o poder da direita é o medo, a liberdade é o nosso poder. E por isso não abdicamos dela", defendeu.
[Notícia atualizada às 12h56]
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