"A televisão falou mais alto e hoje não estou nada arrependida"
A apresentadora Sónia Araújo é a entrevistada de hoje do Vozes ao Minuto. Uma conversa que passa pelos primeiros passos que deu em televisão, a maternidade e os sonhos que faltam concretizar. "A televisão não estava tanto nos meus planos, mas sim a dança"
© Global Imagens
Fama Sónia Araújo
Há cerca de duas décadas que Sónia Araújo apresenta o programa das manhãs da RTP. Inicialmente começou com ‘A Praça da Alegria’, ao lado de Manuel Luís Goucha, e hoje é na companhia de Jorge Gabriel que apresenta ‘A Praça’.
Antes disso, já tinha tido outras experiências no mundo televisivo, como no programa de Luís de Matos, ‘Isto é Magia’, onde era assistente. E fora do pequeno ecrã, Sónia Araújo mantém um projeto dedicado aos mais novos com músicas infantis.
Aos 47 anos está casada com Vítor Martins, com quem tem três filhos em comum, Carolina e os gémeos Tomás e Francisco.
Em conversa com o Vozes ao Minuto, Sónia Araújo recorda os primeiros passos que deu em televisão com um rasgado sorriso no rosto e a simpatia que a caracteriza, sem esquecer os sonhos que faltam concretizar.
Estudou Direito mas o que sempre a cativou foi o mundo das artes. Licenciar-se foi uma decisão sua ou dos seus pais?
Foi uma opção minha e entrar para a dança também foi uma opção minha. É certo que os meus pais na altura tentaram encaminhar-me para aquilo que achavam que eu tinha mais aptidão e, sobretudo, dar-me a liberdade de escolher. Quando fazemos o que gostamos, normalmente somos melhores no que fazemos. A dança foi uma opção mais cedo porque eu ainda era criança quando entrei, aos nove anos. Tinha mesmo esse gosto embora não tivesse ninguém na família ligada à dança. Foi uma opção mesmo minha e que os meus pais aceitaram tendo em consideração os estudos. Enquanto os estudos corressem bem eles deixavam-me continuar a dançar.
E era fácil conseguir conciliar a dança com os estudos?
Nem sempre. Ao início sim porque não tinha uma carga horária tão grande, mas a partir do momento em que a dança começou a ganhar mais peso na minha vida tinha muitas vezes fins de semana em que estava ocupada. Desde muito cedo aprendi a gerir bem o meu tempo. Tinha que estudar, arranjar tempo para sair com os meus amigos para me divertir, mas gostava muito de dança e tinha que cumprir horários. Era uma coisa que fazia com gosto. O curso de Direito foi uma opção minha. Queria ter uma formação superior, mas sem deixar a dança. Tinha consciência de que era muito complicado viver da dança em Portugal e sabia que tinha que ter um plano B. Depois tive a sorte de ainda durante o curso de Direito já estar a trabalhar em televisão, portanto, as coisas foram acontecendo um bocadinho assim. Quando acabei o curso já estava tão embrenhada na televisão que pude escolher. A televisão falou mais alto e hoje não estou nada arrependida.
A televisão não estava tanto nos meus planos. O que estava nos meus planos era a dançaEntão foi aí, quando teve contacto com a televisão, que sentiu o clique de que era aquilo que queria…
As coisas vão-se precipitando, um trabalho vai levando a outro… A televisão não estava tanto nos meus planos. O que estava nos meus planos era a dança, o plano B, sabia que tinha que ter outro ‘emprego’, mas depois surgiu a oportunidade de ir fazer um casting e de seguida uma audição para bailarinos… E a partir do momento em que pude dançar, que era a minha paixão, na televisão… Aí juntaram-se duas artes em que eu me apaixonei. Depois a apresentação surgiu mais tarde. Fui apresentando coisas pontualmente até apresentar programas. Evoluí de uma forma sustentável.
Em 1996 começou a apresentar o programa ‘A Praça da Alegria’ ao lado de Manuel Luís Goucha. Hoje continua nas manhãs da RTP. O que retira de todos estes anos neste formato?
Olhando para trás não parece tanto tempo… Acho que não há assim tantas profissionais com tantos anos no mesmo programa. Sou antiga na casa, mas não sinto esse peso. Continuo a fazer coisas novas, continuam a apostar em mim para novos formatos, como o ‘Cosido à Mão'. Continuo a ter a oportunidade de, de vez em quando, entrar em programas de dança e isso é maravilho porque permite-me crescer enquanto profissional e não estagnar. Isso só nos revitaliza como profissionais.
Em 2013 o programa ‘Praça da Alegria’ deixou de ser gravado nos estúdios do Porto e foi transferido para Lisboa, como um novo nome, ‘A Praça’. Uma mudança que suscitou muitas reações negativas. Esperava essa reação por parte do público?
Sinceramente esperava. Achava que o público da ‘Praça da Alegria’, como se viu, era muito fiel e ficou muito triste. Depois também coincidiu com a união do centro de produção do Norte, de também se unir porque achavam que era uma injustiça ter que fechar portas e ter que desperdiçar todo aquele potencial humano riquíssimo que temos ali, não só as instalações em si. Não deixaram literalmente que isso acontecesse. Durante dois anos a ‘Praça’ esteve aqui com os profissionais que nós conhecemos e que adoramos também. Isso nunca esteve em causa, a nossa relação de amizade. O programa esteve muito bem entregue, de facto, mas depois regressou a onde nunca deveria ter saído. Foi lá que ele nasceu.
O facto de ser gravado no Porto dá outro ‘destaque’ ao programa em relação a outros?
Não sei, acho que não é por ser gravado aqui ou ali que o programa pode ter destaque. Acho é que pode haver oportunidade para que ele continue onde [nasceu] e para outros profissionais. Temos ali gente que é capaz de continuar a fazê-lo, e que já o tinha provado, porquê mudar isso numa equipa que era vencedora... Como costuma dizer-se: 'numa equipa que ganha não se mexe'. Foi esse o sentimento na altura. Uma experiência que acabou por não resultar, a direção de programas acabou por voltar atrás. Isso é normal, as coisas vão e voltam. É o ciclo natural da vida e eu já vi tantas coisas acontecer… Aceito isso com alguma tranquilidade, agora na altura custou-nos muito.
Foi um momento chave porque se eu não agarrasse a oportunidade na altura provavelmente não estaria aqui hoje. O meu rumo poderia ter mudado se na altura não tivesse aceitado. Nunca tinha feito um programa sozinhaSendo uma figura conhecida do público, com vários anos de carreira, qual foi o momento que mais a marcou?
São vários, mas na ‘Praça’ em especial e esse momento de união marcou-me bastante. Antes disso, o momento em que pego no programa sozinha, quando há a passagem de testemunho de um apresentador para outro, do Manuel Luís Goucha para o Jorge Gabriel. Tive que assumir as rédeas e o comando do programa durante uma semana sozinha. Foi um momento chave porque se eu não agarrasse a oportunidade na altura provavelmente não estaria aqui hoje. O meu rumo poderia ter mudado se na altura não tivesse aceitado. Nunca tinha feito um programa sozinha com aquelas características de assumir três horas em direto. Na altura era uma figura mais secundária do programa e esse momento foi marcante. Ter a produção toda e os meus colegas a apoiar-me… Momentos altos, o ‘Dança Comigo’ é um programa que me deixa muitas saudades. As vitórias que conquistei no programa, as coisas que aprendi. O ‘Danças do Mundo’, ‘Cosido à Mão’, já são tantos projetos… Depois a minha casa mãe que é ‘A Praça’, que se mantém inalterável durante estes anos todos. É muito bom poder navegar por outros projetos e depois ter sempre o programa diário que continua a preencher-me imenso. Mas gosto disto, de ter a possibilidade de fazer coisas novas.
Recentemente foi publicada uma nova lei que visa promover a igualdade salarial entre homens e mulheres. Um assunto que também tem vindo a ser falado noutros países. Sentiu-se alguma vez injustiçada na televisão?
Não posso apontar casos, mas obviamente sabemos que isso é uma questão também em Portugal. Sempre me debati para que houvesse igualdade de, primeiro, oportunidades e de condições de trabalho onde está incluído o salário. Não é apenas essa a questão de igualdade, o salário é um item, mas obviamente que se um homem e uma mulher trabalham, têm a mesma função e trabalham as mesmas horas, devem ganhar o mesmo. Agora não discuto é que possa haver dentro da mesma [empresa], obviamente que há diferenças de [cargos] ou de salários. Não tem que haver uma diferença de género. As pessoas têm que ser premiadas pelo seu mérito, independentemente de serem homens ou mulheres.
Em paralelo com a televisão mantém um projeto direcionado aos mais jovens com canções e vídeos infantis. Como tem sido este projeto e o que tem aprendido com os mais novos?
Tem sido fantástico porque me permite continuar em palco, antes de mais tenho que me manter em forma… Estar uma hora no palco a cantar e dançar não é fácil. Tenho que ter estaleca para isso e é um momento onde volto a ser criança com eles. Transmitem-me tanta energia que se não fosse assim, provavelmente não aguentava aquela estaleca toda.
Os seus filhos vêm os vídeos da mãe? Qual é o feedback que lhe dão?
Já viram mais porque eles entretanto crescem. O target é mais pequenino do que os meus filhos, mas eles no início claro que viam e continuam a achar piada à mãe cantar para os mais pequeninos.
A educação. Isso é um desafio diário, seja em que idade forQuais os maiores desafios da maternidade?
A educação. Isso é um desafio diário, seja em que idade for. Quando são pequeninos são as questões de se ele dorme, se come, se está doente, se está feliz e quando crescem é se estão felizes na escola, obviamente se comem, crescem e estão saudáveis… É um desafio permanente e é muito bom ter rapazes e menina. É diferente.
Como é que define a Sónia Araújo fora do pequeno ecrã?
Uma pessoa perfeitamente normal, só que trabalho em televisão. Sou uma pessoa como as outras.
O que mais gosta em si e o que menos gosta?
Gosto da minha espontaneidade, espero não perdê-la. Não gosto de ser às vezes um bocadinho reservada. Devia ser menos em determinadas circunstâncias.
Aos 47 anos, é uma das figuras públicas que mantém a boa forma física…
Faço por isso…
Quais são as rotinas ou os ‘truques’ para se manter em boa forma?
Ginásio, faço endermologia, massagens de drenagens linfáticas… Depois tenho alguma regra na alimentação.
Quais os sonhos que gostava de ver concretizado?
Gostava de ter mais tempo para viajar para conhecer o mundo, esse é um deles.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com