Viver em silêncio. Entenda como a solidão afeta e 'estraga' o cérebro
Perceber como a solidão se manifesta no cérebro pode ser uma via para prevenir doenças neurológicas degenerativas - tais como a demência - e criar tratamentos mais eficazes.
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Uma pesquisa publicada no Nature Communications, e divulgada na revista Galileu, revela que existe uma espécie de 'assinatura' no cérebro de indivíduos solitários, tornando-os diferentes de múltiplas formas.
Investigadores da Universidade McGill, no Canadá, estudaram os dados de ressonância magnética, genética e avaliação psicológica de aproximadamente 40 mil adultos de meia idade ou idosos.
Para efeitos daquela pesquisa, os investigadores compararam os dados de ressonância dos indivíduos que afirmaram sentir-se sós, comparativamente a outros que disseram não experienciar de todo essa sensação.
Surpreendentemente, os cientistas detetaram várias diferenças no cérebro de pessoas solitárias, que convergem na comummente chamada 'rede padrão', um grupo de zonas do cérebro concentradas em pensamentos internos, como memórias, planeamento do futuro, imaginação, criatividade e empatia. Sendo que nas pessoas solitárias, a 'rede padrão' está mais conectada e o volume de massa cinzenta é superior.
De acordo com a revista Galileu, a solidão foi ainda associada a alterações no fórnix - fibras nervosas que carregam sinais do hipocampo à rede padrão. Nomeadamente, nas pessoas solitárias, a formação dessas fibras é mais restrita. Os seres humanos utilizam esses mecanismos para se recordarem passado, imaginar o futuro ou cenários hipotéticos. Os cientistas creem que essas estruturas estão relacionadas com a solidão, visto que as pessoas solitárias apresentam uma maior predisposição para usar imaginação, memórias ou expetativas relativamente ao futuro, como forma de lidar com o isolamento.
A solidão é atualmente considerada um problema de saúde pública, presente sobretudo nos países desenvolvidos. Estudos anteriores já provaram que idosos que se sentem sós têm igualmente um risco mais elevado de sofrerem de declínio cognitivo e demência.
"Começamos recentemente a entender o impacto da solidão no cérebro", disse Danilo Bzdok, investigador no Quebec AI Institute e um dos autores do estudo, num comunicado emitido à imprensa.
“Aumentar o nosso conhecimento nessa área vai ajudar-nos a apreciar melhor a urgência de reduzir a solidão na sociedade atual", concluiu.
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