Por que razão seguimos a opinião dos outros para evitar conflitos?
Estudo explica que a anuência com o grupo no qual o indivíduo está inserido ativa zonas cerebrais responsáveis pela sensação de prazer. Em contrapartida, em situações de desentendimento, são enviados sinais de 'erro'.
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Sente-se frequentemente pressionado a concordar com a maioria? Ora, não está só. Segundo uma nova pesquisa divulgada no jornal científico Scientific Reports, neurologicamente, estamos de certo modo predestinados à manipulação pelo coletivo. E a razão é muito simples - evitar conflitos no futuro, explica um artigo publicado na revista Galileu.
O estudo levado a cabo por uma equipa de neurocientistas da Universidade HSE, na Rússia, detetou que o ato de se opor à opinião geral emite um sinal de alerta no cérebro, deixando resquícios que permanecem por um longo período de tempo. Por outras palavras, os vestígios preservados na atividade cerebral levam a que, posteriormente, o cérebro ajuste a opinião de acordo com a ideia predominante.
Os investigadores consideram que, a curto prazo, a anuência com o grupo no qual a pessoa está integrada desperta zonas do cérebro responsáveis pela sensação de prazer. Ao invés, em casos de discordância, são emitidos sinais de 'erro'.
"O cérebro absorve a opinião dos outros como uma esponja e ajusta suas funções à opinião de seu grupo social", conta Aleksei Gorin, co-autor do estudo e estudante de doutoramento na Universidade HSE.
Para efeitos daquela pesquisa, explica a Galileu, os investigadores recorreram a um método denominado magnetoencefalografia (MEG), que possibilita analisar pormenores na atividade do cérebro humano durante o processamento de informações.
No começo da experiência, 20 voluntários analisaram fotografias de rostos desconhecidos e classificaram o grau de confiança que cada um lhes transmitia. De seguida, estes participantes foram informados acerca da opinião de um grupo de colegas relativamente aos indivíduos retratados. Consequentemente, metade acabou por mudar de opinião devido à influência dos seus pares. Mais ainda, os cientistas identificaram alterações na atividade cerebral, isto é, foram retidos 'traços' referentes às discordâncias prévias.
Conforme explicaram os investigadores, uma fração de segundo após reverem os rostos estranhos, o cérebro dos voluntários em discordância transmitia um sinal recordando-os da disputa precedente. Os especialistas creem que a retenção desse alerta permite assim ao cérebro prever potenciais novos conflitos que advenham daquele desentendimento.
A professora Vasily Klucharev, outra co-autora da pesquisa, disse: "vivemos em grupos sociais e ajustamos automaticamente as nossas opiniões às da maioria, e a opinião dos nossos colegas pode mudar a maneira como o nosso cérebro processa informações por um tempo relativamente longo".
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