Que faço agora ao meu filho? "Neste campo não há perguntas estapafúrdias"
Rita Costa acaba de lançar o livro que responde a todas as grandes questões de 'Pais e Filhos' e que o pode ajudar na difícil missão de criar uma criança. No Dia Internacional da Família estivemos à conversa com a jornalista da TSF.
© DR
Lifestyle Pais e Filhos
As crianças não vêm com manuais de instruções e as dúvidas dos pais surgem a cada instante, mas agora há um livro que o pode ajudar na difícil missão que é a parentalidade: 'Pais e Filhos', de Rita Costa.
Desafiada pela editora Contraponto, a jornalista da TSF compilou em livro as grandes questões que durante cinco anos foram tema de debate no programa de rádio 'Pais e Filhos'.
Sempre que a pergunta: e agora, o que é que eu faço? pairar na sua cabeça, o livro 'Pais e Filhos' promete ajudar com respostas de especialistas das mais diversas áreas, que dão o seu parecer sobre questões tão complexas como: será que ouve bem?; precisará de óculos?; a postura é correta para a coluna?; porque faz tantas birras?; como faço para que deixe de estar sempre ao telemóvel?; devo dizer-lhe que o avô foi para o céu?; como concilio o teletrabalho com os miúdos em casa?
No âmbito do Dia Internacional da Família, que este sábado, 15 de maio, se assinala, o Notícias Ao Minuto entrevistou Rita Costa para que nos contasse tudo sobre este livro, lançado hoje, que tantas famílias pode ajudar.
Como nasce o gosto da Rita pelas questões relacionadas com a parentalidade?
Sempre gostei de crianças e depois quando tive uma filhota ainda me despertou mais interesse.
Passou depois do gosto à prática, neste caso para ao programa ‘Pais e Filhos’. De que forma nasceu a ideia de fazer este programa?
A ideia surge de uma parceria com a revista Pais e Filhos. Eu não comecei de início com o programa, colaborava com ele, mas ele não era coordenado por mim. Na altura, era coordenado pela Cristina Santos, que entretanto saiu e eu 'herdei o filho'.
E agora nasce o livro 'Pais e Filhos'.
O livro foi um desafio, neste caso do editor Rui Couceiro. O programa tem um formato diário, uma coisa curta, com respostas curtas também mas que deem logo ali matéria para os pais refletirem sobre diversos aspetos da parentalidade. O livro é a resposta a esse desafio, um livro de perguntas e respostas, em que as respostas fossem relativamente curtas, simples mas não simplistas. Mantendo sempre o rigor, é sempre a minha preocupação quando vou ouvir os especialistas das várias áreas do desenvolvimento das crianças.
Rita Costa, jornalista da TSF© DR
O programa já dura há cinco anos. Continuam a existir sempre dúvidas novas?
Continuam [risos]. Todos os dias os pais têm perguntas. Quando se tem um filho, coloca-se sempre muitas vezes a questão: e agora, o que é que eu faço? Seja porque está com uma dermatite de contacto por causa da fralda, ou porque chegou à adolescência e quer sair com os amigos. Há sempre perguntas e há sempre novos pais. O programa acaba por ter perguntas às vezes repetidas, porque vamos acompanhando também a chegada de novos pais que se passam a interessar por estes assuntos. E depois a própria vida, as circunstâncias, estou por exemplo a pensar na pandemia, vão levantando novas questões.
As dúvidas dos pais aumentaram neste período de pandemia?
Aumentaram as questões relacionadas com o vírus, sobretudo, e depois as que são novas e advêm das circunstâncias. Os pais estavam habituados a estar uma parte do dia com os filhos e passaram a estar 24 sobre 24 horas, e é um bocadinho diferente. A pandemia levantou a questão do teletrabalho, como é que eu faço para trabalhar em casa com um filho pequeno também em casa? E também as questões mais relacionadas com a saúde, por exemplo da vacinação dos miúdos.
A parentalidade é uma construção: são os filhos que estão a construir uma personalidade e são pais que se estão a construir enquanto paisMuitas destas questões colocadas pelos pais, e também as que partem dos filhos, são também questões da Rita enquanto mãe e da sua filha?
Sim, algumas. As dos filhos são mais surpreendentes e mais inesperadas, sem filtro e às vezes aquelas que os pais não fazem porque não lhes ocorre ou mesmo porque têm vergonha de fazê-las.
Não sendo a Rita especialista, mas estando por dentro da matéria, acha que as redes sociais podem nos temas da parentalidade ter um papel desinformador pela grande quantidade de informação que nelas é depositado?
Sim, há muita desinformação e por isso é que é tão importante procurar fontes fidedignas, é preciso ver quem é que está a dizer aquilo, com que bases e por que razão. É um desafio muito difícil, não é fácil, é mesmo preciso filtro e, às vezes, as redes sociais não ajudam nada.
O que é que mudou nos últimos anos na forma como os pais abordam a questão da parentalidade?
O que eu sinto é que há maior interesse, maior preocupação, até por parte dos pais homens, resultado também da evolução da sociedade. Os pais participam mais e estão mais presentes neste exercício de parentalidade, isso é uma das coisas que eu acho que tem mudado um bocadinho. Eles estão mais presentes e mais preocupados em perceber como é que podem fazer melhor, porque a parentalidade é uma construção: são os filhos que estão a construir uma personalidade e são pais que se estão a construir enquanto pais. Depois há as questões relacionadas com novas preocupações, as tecnologias, que já começam a não ser tão novas quanto isso, e a própria vida em sociedade que também vai mudando.
Pais perfeitos não existem, vamos errar muitas vezesSei que a saúde mental é um dos seus grandes interesses e um tema que está muito presente no livro.
É um assunto que me é querido, é quase um interesse pessoal. A saúde mental é um tema que me preocupa e que está muito presente no livro. Oiço muitos psicólogos, pedopsiquiatras, porque de facto são muitos os desafios em relação a isso. Temos aqui uma série de fatores que podem influenciar a saúde mental das nossas crianças e é bom pensar neles e tentar minimizar impactos negativos, quer seja das tecnologias, da crise pandémica que vivemos ou de situações traumáticas. A ideia do livro é tentar ajudar o mais possível os pais a saber lidar com as situações.
Além da saúde mental dos filhos, existem também as questões relacionadas com a saúde mental dos pais, e neste sentido pode não ajudar a enorme pressão que existe para que sejamos os pais perfeitos.
Isso é impossível. Pais perfeitos não existem, vamos errar muitas vezes. Estamos em construção, vamos cair, vamos levantar-nos. Agora, podemos sempre procurar equilíbrios de forma a tentar fazer o melhor que conseguirmos. Não é preciso ambicionar a perfeição, porque ela não existe.
Forçar crianças a dar beijinhos é estar a violentá-lasNa sua opinião, quais são os maiores desafios hoje em dia que um pai e uma mãe podem enfrentar?
Um dos desafios é o tempo e as condições de vida, e isto vem muito da política laboral, que no caso dos pais, que é o que nos é mais próximo, as pessoas muitas vezes chegam extenuadas a casa e têm ainda a função de educar os filhos. Isso não é fácil e, às vezes, têm ainda problemas financeiros, quando existe este quadro todo e ainda se quer ser o mais perfeito possível enquanto pai é uma tarefa mesmo difícil. Não é impossível, mas acho que era importante que os políticos também pensassem mais na família, que houvesse um investimento maior nas políticas pensando nas famílias.
Como são escolhidos os especialistas que fazem parte do programa e agora também do livro?
Normalmente vou ver sempre ao curriculum, vejo tudo o que já fizeram e tento escolher aqueles que estarão mais habilitados a falar sobre os assuntos. As pessoas que se dedicam a estudar, por exemplo, o impacto das tecnologias nas crianças, ou os pediatras que estão mais habilitados a falar sobre determinado tema, tenho sempre esse cuidado. E este livro é muito deles, são eles que dão as respostas.
Uma das perguntas e respostas que encontramos neste livro está relacionada com o facto de não devermos obrigar crianças a dar beijinhos se elas entenderem que não o devem fazer. Há uns anos esta questão foi muito polémica, hoje em dia acaba já por ser vista de outra forma. Foi existindo uma maior abertura ao longo dos anos para que questões como esta sejam abordadas?
Sim, sim, e por isso é que é importante que se falem nas coisas várias vezes. A história de obrigar as crianças a dar beijinhos quando aquilo não lhes é agradável e quando elas rejeitam... elas lá terão as suas razões para rejeitar. Pode ser uma barba que pica, uma sensação desagradável ou não terem empatia com a pessoa, e estar a forçá-las é estar a violentá-las dessa forma. Agora acho que isto está pacificado, já há mais unanimidade nessa opinião.
Há outras questões como esta para as quais ainda faz falta existir essa abertura?
As questões de género. Ainda há muito preconceito, ainda há muita intolerância. A questão da sexualidade em geral também não é ainda muito pacífica, ainda há pessoas que têm mentalidades mais retrógradas, há pouca abertura ainda para discutir alguns temas.
Por fim, de que forma é que este livro pode ajudar os pais e porque é que é importante que ele faça parte das rotinas da famílias?
Pode ajudar os pais a encontrarem respostas simples a questões do dia a dia e pode sobretudo provocar a reflexão sobre uma série de questões relacionadas com a educação, porque é preciso que se vá pensando na educação. Os pais não são perfeitos, mesmo, e vão cometendo erros que são inevitáveis, às vezes, porque é preciso dar resposta imediata a uma questão para a qual não estávamos preparados, e é bom que seja sempre refletido. O livro é muito isso também. A resposta absoluta não é esta, isto pode não ser a resposta definitiva, mas isto deve motivar a reflexão. Há muita informação sobre a educação, e eu não acho que seja mau, desde que não seja falsa, desde que se saiba procurar a boa informação. É bom porque é assim que se constrói o espírito critico e se fazem escolhas mais conscientes.
Livro 'Pais e Filhos' à venda a partir de 15 de maio; PVP: 15,50€© DR
A Rita já foi confrontada com alguma pergunta assim mais estapafúrdia, ou neste campo nenhuma pergunta é descabida?
Eu sou dessa opinião, acho mesmo que neste campo não há perguntas estapafúrdias. Deve-se perguntar tudo e o que pode parecer estapafúrdio para uma pessoa não é para aquela.
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