O lado perigoso das aplicações de encontros (sobretudo para elas)
Apesar das aplicações amorosas já serem populares há muito, a verdade é que a pandemia da Covid-19 e o consequente isolamento social provocaram um crescimento avassalador dessas apps.
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De acordo com uma reportagem elaborada pela BBC News, o Tinder, aquela que é a aplicação de encontros online com mais downloads em todo o mundo, atingiu a marca de 3 bilhões de swipes (quando o utilizador desliza a fotografia de um pretendente para a esquerda ou para a direita com o intuito de gostar ou não do perfil da pessoa) em apenas um dia, em março de 2020. Tendo desde daí, superado esse recorde mais de 100 vezes.
E a verdade, é que apesar desse tipo de aplicações ter sido útil para muitas pessoas ao longo dos anos, muitas também alertam sobre o ambiente tóxico que criaram.
Tal, reporta a BBC, é sem dúvida uma triste realidade para inúmeras mulheres, que sofrem uma quantidade desproporcional de assédio e abuso nesses sites, geralmente por parte de homens heterossexuais.
Para Shani Silver, escritora e apresentadora do podcast de relacionamentos 'A Single Serving', de Nova Iorque, nos Estados Unidos: "os aspetos mais difíceis para mim envolviam ser tratada como se estivesse a ser usada para trabalho sexual gratuito".
"Não é uma sensação boa. Magoa", acrescentou.
Silver usou as referidas plataformas de encontros durante uma década.
"Muitas vezes, pediam-me um favor sexual antes de dizer 'olá', antes de me dizerem seu nome verdadeiro. A maior parte do que estava a acontecer naquele mundo para mim era desdém — muito desdém, faziam-me sentir que tinha menos valor", partilhou a escritora.
Segundo múltiplas pesquisas, mensagens deste tipo proliferam nessas aplicações e afetam tanto homens quanto mulheres. Todavia, as mulheres estão a ser afetadas de forma desproporcional.
Um estudo do Pew Research Center de 2020 apurou que muitas mulheres sofrem de algum tipo de assédio em sites e aplicações de encontros.
De uma amostra de mulheres com idades entre os 18 e os 34 anos que utilizam essas aplicações, 57% afirmaram ter recebido mensagens ou imagens sexualmente explícitas que não haviam solicitado. A situação foi semelhante com raparigas adolescentes de 15 a 17 anos, que também reportaram ter recebido mensagens impróprias.
Entretanto, explica a BBC, uma outra pesquisa realizada na Austrália acerca de mensagens trocadas em apps de relacionamentos concluiu que o abuso e assédio de cariz sexista afetam desproporcionalmente as mulheres, que são alvo de homens heterossexuais.
Adicionalmente, inúmeros utilizadores relataram experienciar stress psicológico e experiências ainda mais graves. Em 2017, um estudo do Pew Research Center destacou que 36% consideravam as suas interações "extremamente ou bastante perturbadoras".
Regressando ao estudo do Pew de 2020, mulheres entre os 18 a 35 anos reportaram ainda múltiplas ocorrências de ameaças de lesões corporais, nomeadamente 19% comparativamente a 9% dos homens.
Em contrapartida, um estudo demonstrou que homens heterossexuais e bissexuais raramente manifestavam qualquer preocupação com a sua segurança pessoal ao usarem aplicações online de encontros, enquanto que essa era uma das principais preocupações entre as mulheres.
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