Sociedade Portuguesa lança campanha para aumentar literacia sobre miomas
A Sociedade Portuguesa de Ginecologia lança hoje uma campanha para aumentar a literacia em saúde da mulher, designadamente sobre os miomas uterinos, que se estima afetem cerca de dois milhões de mulheres em Portugal.
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A campanha "Silêncio", focada no facto de as mulheres se manifestarem pouco acerca do sofrimento diário e do impacto que a doença causa, pretende aumentar a literacia sobre os miomas uterinos, recorrendo a informação prestada por médicos e que pretende desmistificar o problema.
"Conhecendo, ou estando atentas a determinadas patologias, as mulheres também recorrem mais cedo às consultas", disse à Lusa Margarida Martinho, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, sublinhando a importância de se recorrer a informação credível, aumentando a literacia e tornando as mulheres "num parceiro atento e participante".
"Muitas vezes, para aconselharmos a mulher, é mais fácil quando ela já tem conhecimento do que é a patologia. É mais fácil até para o médico poder discutir as opções terapêuticas com a mulher", afirmou.
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"No fundo, consegue fazer-se uma abordagem mais preventiva do que terapêutica, o que em saúde é sempre uma vantagem", insistiu.
Explica que os sintomas dependem do tipo de mioma, da sua localização, e do tamanho, mas que, no geral, "podem dar perdas sanguíneas exageradas no período menstrual, ou perdas fora do período menstrual que se traduzam em hemorragias genitais anormais".
"Esta é uma das causas mais frequentes, não sendo causa exclusiva, é uma das mais frequentes", disse a especialista, explicando que também podem acontecer situações de dor ou questões relacionadas com o facto de os miomas (espécie de tumores) condicionarem a compressão nos órgãos vizinhos ao útero (bexiga ou reto).
Em algumas situações - acrescentou - "também podem estar relacionados com uma maior dificuldade em engravidar".
Margarida Martinho lembra que os miomas, "dependendo das suas características e se não motivarem grande preocupação ao médico", devem obedecer a uma vigilância clínica regular, que pode ser antecipada caso a mulher identifique alguma alteração de sintomas.
A vigilância é feita, em consulta, com exame clínico e também com base em exames de imagem, nomeadamente a ecografia vaginal ou a ecografia pélvica.
"É cada vez mais um instrumento que não substitui o exame clínico, mas é um complemento muito importante", considera Margarida Martinho, alertando que qualquer alteração de sintomas deve ser comunicada ao médico, pois pode estar relacionada com mudanças ou no tamanho do mioma ou nas suas características.
Lançada no Dia Internacional da Mulher, a campanha, que tem o apoio da farmacêutica Gedeon Richter, viverá na plataforma "Mulheres que falam de miomas", que reúne um conjunto de informações, testemunhos e conteúdos interativos.
Os miomas uterinos são os tumores pélvicos mais comuns nas mulheres. Entre 30% a 50% das mulheres com miomas têm sintomas que afetam significativamente a sua qualidade vida, provocando frequentemente hemorragias, dor e perturbação na vida sexual da mulher, levando muitas vezes ao absentismo laboral.
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